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Edição #153
abril de 2012
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Operador de vídeo: OPERADOR DE VÍDEO X OPERADOR DE CÂMERA
por Glauco Paganotti 16/04/2012
foto: Glauco Paganotti
O operador de vídeo equilibrando as imagens de cinco câmeras ao mesmo tempo durante uma transmissão ao vivo de vôlei
Sempre que começo a escrever um novo artigo, me faço a seguinte pergunta: como escrever sobre um assunto que tem poucas fontes de consulta? Encontrar conteúdo didático para confirmar ou negar as atitudes tomadas por um operador de video no seu dia a dia é uma missão quase impossível, pois essas atitudes são resultado somente da experiência vivida. Não existe uma fórmula exata para uma conclusão imediata. O que existe são as hipóteses que podem nos levar a uma conclusão parcial, através do conhecimento empírico. Por isso, ter sensibilidade e bom senso é fundamental para o desenvolvimento técnico e artístico de um operador de vídeo.

Antes de começar a escrever, quero deixar claro aos leitores que não desejo explicar fenômenos científicos nestes artigos, nem afirmar que existe uma verdade absoluta. Minha intenção sempre será descrever as situações vividas pelo operador de vídeo, identificando possíveis problemas que os profissionais podem encontrar durante a captação da imagem.

Quem faz o quê?

Nas produções com mais de uma câmera de vídeo, recomenda-se um operador de vídeo para ajustá-las, compensando as variações de luz do ambiente captado. O operador de vídeo vai equilibrar as imagens de todas as câmeras mantendo as cores, e outras características, iguais entre si, ou da maneira desejada.

Já o operador de câmera é o responsável pela captação de imagens, utilizando os recursos de aproximação através da lente (zoom) e ajuste de foco na área de interesse. Para captar boas imagens, ele cria ou simplesmente executa vários enquadramentos diferentes, tendo, com isso, que movimentar a câmera para diversas posições no set.

Agora que já definimos quem faz o que, podemos perceber que uma função completa a outra, visto que, ao corrigir a imagem das câmeras, o operador de vídeo viabiliza a possibilidade de o operador de câmera criar ou executar seus enquadramentos com mais liberdade e, portanto, sem maiores possibilidades. Com as câmeras bem ajustadas e seus ângulos exatos, o resultado do produto será uma narrativa com unidade de imagem homogênea, devido ao sincronismo desses profissionais.

Aos operadores de video

Entender as dificuldades de um operador de câmera no set é o primeiro - e, para mim, o mais importante - passo para uma boa comunicação durante uma gravação. Lembro-me de uma situação em que o operador de câmera não respondia na comunicação aos pedidos feitos, e o diretor de imagem, percebendo o problema, tentou uma comunicação, também sem sucesso.

Quando entrou o intervalo, ouvimos a voz do operador de câmera dizendo que não podia se mexer para abrir a comunicação, pois a câmera estava muito alta, e, com isso, não era fácil alcançar o botão da comunicação. Para conseguir bater a chave para "on", ele precisava fazer movimentos que refletiriam a sua imagem na janela de vidro que fazia parte do cenário.  Com essa situação, o operador de câmera se tornou imóvel durante toda a gravação ao vivo, só se comunicando no momento em que ele, sabiamente, julgou ser o ideal.

Os operadores de vídeo também devem compreender que, em muitas situações, os operadores de câmera "colam a lente", (ou seja, diminuem o ângulo de visão fechando toda a teleobjetiva) para conseguir capturar uma reação bem íntima de um personagem, por exemplo.

Os enquadramentos mais fechados, geralmente, são os preferidos da maioria dos operadores de câmera, pois, quando bem feitos, resultam em ótimas composições. Portanto, os operadores de vídeo precisam ter a sensibilidade, ajudando o operador de câmera, corrigindo o diafragma, desligando a função shutter, verificando se há algum filtro ND, por exemplo, ou, até mesmo, dando somente um step de ganho nas câmeras. Melhorando a imagem o máximo que puderem, os operadores de vídeo também são os responsáveis para o sucesso do take que o operador de câmera deseja executar.

Aos operadores de Câmera

A intenção do operador de vídeo é sempre tornar a imagem melhor. Para isso, ele lança mão de vários recursos. Muitos desses recursos são conhecidos pelos operadores de câmeras, que, portanto, podem sugerir ideias para algumas situações, mas, em muitos casos, o que vemos é a resistência aos comandos da operação de vídeo.

Alguns operadores de câmera precisam entender que o operador de vídeo estará sempre em condições melhores para avaliar a imagem, pois, em seu ambiente de trabalho, ele possui instrumentos de medição bem mais eficientes. Dentre eles, o vector, que monitora as cores da cena, enquanto o waveform indica as intensidades dos níveis de luz.

Trabalhando em um ambiente escuro, onde os monitores são devidamente alinhados, é possível gerar imagens com uma resposta muito mais precisa que o view finder das câmeras, e, portanto, com maior fidelidade nas cores, entre outras características.

Outro ponto importante é que o operador de vídeo geralmente monitora várias câmeras ao mesmo tempo, tendo, assim, uma possibilidade muito maior de comparação entre elas. Portanto, se a operação de vídeo solicitar uma correção de foco, por exemplo, suspeite de que seu foco possa realmente estar "doce" (ligeiramente fora), pois, comparando com todas as outras câmeras, o operador de vídeo vai perceber mais facilmente essa diferença.



Nessa situação em que se percebe a imagem fora de foco, deve se acionar, por diversas vezes, no remote da câmera o botão chamado call. Esse botão acende o tally na câmera, e, quando ele pisca várias vezes, a maioria dos operadores de câmera entende o sinal, corrigindo rapidamente o foco sem que o operador de vídeo precise anunciar o problema na comunicação.

Outra dica muito importante é o cuidado com o ajuste do botão peaking do viewfinder das câmeras. Essa função está disponível geralmente no canto inferior esquerdo, abaixo do monitor do viewfinder da maioria das câmeras de vídeo. Se ele estiver muito aberto (virado para a direita), vai detalhar demais os contornos da imagem gerada pelo viewfinder, alterando a percepção real da correção do foco, confundindo muito a comunicação entre o operador de câmera e o operador de vídeo.

O problema se torna ainda mais crítico quando este botão está em seu ajuste máximo, causando uma falsa aparência do foco, pois a imagem vai parecer estar em foco, mesmo estando totalmente fora, tornando equivocada a opinião do operador de câmera.




A captação da luz com a nova tecnologia

A tecnologia de alta definição (HDTV) leva ao telespectador uma imagem com muito mais detalhe, porém, para a imagem ser reproduzida com alta definição, é necessário que as pessoas ou os objetos estejam bem iluminados, pois é possível perceber que, nas regiões onde a luz não está tão presente, a definição da imagem fica um pouco comprometida, causando alguns problemas como a percepção do foco.

As regiões brancas da cena rebatem muito mais luz do que qualquer outra cor, e, portanto, estas também estarão mais bem definidas. Mas elas não são as únicas que ficam mais detalhadas no vídeo HD. Os brilhos de algumas superfícies, como metais, vidros e objetos envernizados, também ficam muito evidentes.

Um exemplo prático é a armação cromada ou dourada de um par de óculos, que fica incrivelmente detalhada, enquanto a região dos olhos, naturalmente sombreada, fica "ligeiramente doce", mesmo estando no mesmo plano. Alguns engenheiros acreditam que a culpa está nos sistemas ópticos de algumas câmeras de vídeo, enquanto outros discordam, dizendo ser culpa dos circuitos eletrônicos responsáveis pela formação da imagem nessa recente tecnologia implantada no Brasil.

O uso equivocado do duplicador

Outra solução difícil é a utilização inadequada do duplicador em situações em que a lente zoom não consegue a aproximação desejada. O duplicador só seria recomendado, na minha opinião, nas situações jornalísticas em que o tamanho de uma lente zoom é operacionalmente inviável e o furo da matéria é mais importante do que a qualidade da imagem, visto que, ao duplicar a lente, perde-se muita luz, definição, e até a fidelidade das cores, entre outros aspectos da imagem. Isso, sem falar que, ao colocar o duplicador na câmera sem o operador de vídeo ser avisado, a imagem pode ser utilizada pelo diretor de imagens ou gravada sem as devidas correções. Portanto, o ideal, nessas situações, seria optar por uma teleobjetiva (zoom) com maior aproximação, e custos financeiros equivalentes à qualidade da imagem captada por ela.


  
Vamos imaginar a seguinte situação: ao desenvolver uma teleobjetiva, o fabricante combina diferentes lentes de cristal, que permitem que a luz atravesse-as sem perder tanto as suas características. Com isso, as distâncias entre esses cristais são medidas com precisão para que a imagem formada pela lente não seja distorcida e se aproxime da real.

O duplicador, no entanto, seria uma única lente (que costumo comparar grosseiramente como um fundo de garrafa), que amplia a imagem sem nenhum compromisso com a qualidade. Como podemos perceber, então, duplicar a lente não é a situação ideal em eventos como transmissões de jogos de futebol ou gravações de DVDs, entre outros, nos quais a qualidade da imagem é fator primordial.

O melhor resultado: a união

Como vimos, então, existem grandes diferenças entre um operador de vídeo e um operador de câmera, e essas diferenças, quando somadas, resultam na mesma intenção: captar as imagens da melhor maneira possível, ou seja, de forma clara, conforme a orientação do roteiro proposto. Para isso, se comunicar de forma eficaz, entendendo as dificuldades específicas de cada profissional, é fundamental para o resultado final de uma boa imagem.

Agradecimentos: Laís Piubel e José Cláudio Campos

Com quatro registros profissionais (DRT), Glauco Paganotti atua como operador de câmera, iluminador, operador de vídeo e fotógrafo em diversos programas ao vivo, como transmissões de futebol, vôlei e natação, além de gravações de DVD, entre outros eventos. Dúvidas ou sugestões, mande um e-mail para glaucop@globosat.com.br
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