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Edição #150
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Teatro: Respeitável produção
Cirque du Soleil traz ao Brasil o ousado espetáculo Varekai
por Rodrigo Sabatinelli 27/01/2012
A Time For Fun, considerada a maior empresa de entretenimento ao vivo da América do Sul especialmente por trazer ao Brasil shows como os de AC/DC, Oasis, Kiss, Radiohead, Rush, Madonna, U2, Roger Waters e Eric Clapton, além de espetáculos como Blue Man Group, Disney On Ice, Stomp e Circo da China, também esteve por trás da recente passagem do Cirque du Soleil por nossas terras.

Dessa vez, a companhia, fundada em 1984 por um grupo de 20 artistas de rua, chegou ao país com Varekai, espetáculo criado e dirigido por Dominic Champagne - aclamado por também escrever e dirigir The Beatles Love e Zumanity -, com cenografia de Stéphane Roy, figurino de Eiko Ishioka, desenho de luz de Nol Van Genuchten, operação de luz de Jon Vivash e projeções de Francis Laporte.

Varekai significa, na linguagem cigana, "onde quer que seja". Trata-se de uma verdadeira homenagem à alma nômade, ao espírito e arte da tradição circense e a todos aqueles que desafiam com infinita paixão os longos caminhos. O espetáculo estreou em Montreal em 2002 e, desde então, já visitou mais de 60 cidades em mais de 15 países. Sua milésima apresentação se deu em Dallas, no Texas, em 2004, mas foi em 2011 que a companhia ultrapassou a marca das 3 mil exibições, que contemplaram cerca de seis milhões de pessoas em todo o mundo.

A convite da assessoria da Time For Fun, a Luz & Cena teve acesso aos bastidores do megashow e pôde conferir de perto a grandiosa estrutura que o Cirque du Soleil mantém. Números, ao que notamos, nunca são econômicos, mas a quantidade de elementos que fazem parte da produção é ainda mais valorizada pelo esmero que parece ser uma verdadeira regra interna.

Por isso, para vocês, e por trás da cochia, Varekai - mas uma audaciosa produção dessa companhia que, por onde passa, deixa, no bom sentido, marcas profundas nas mentes de seus espectadores.

GUARDA-ROUPAS ESPECIAL PARA ACROBACIAS

Conhecida por elaborar figurinos para cinema, teatro e até mesmo óperas, Eiko Ishioka estreou no mundo circense justamente em Varekai. E mesmo sabendo que a segurança, o conforto e a liberdade dos movimentos são fatores essenciais na produção de peças de figurino para números acrobáticos, a figurinista não abriu mão de elaborar modelitos exuberantes, de formas únicas e cores vibrantes.

Ao todo, foram criadas mais de 600 peças - entre roupas, sapatos, perucas, chapéus e acessórios -, algo que consumiu mais de 30 mil horas de trabalho de apenas seis profissionais que compõem a equipe de figurino. A lycra, por ser um tecido bastante flexível e de longa vida útil, foi um dos mais utilizados pela produção. No entanto, outros materiais, tais como titânio flexível, esponja de nylon e alguns tipos resistentes ao fogo, também foram usados em larga escala.

Para assegurar a qualidade das peças, que, naturalmente, sofrem desgaste a cada apresentação, são necessárias 250 horas semanais de manutenção, nas quais limpeza, restauração, retoque e engomo são as palavras fortes, especialmente porque todas as peças são feitas manualmente por cerca de 400 artesãos, que trabalham na sede da companhia, em Montreal, no Canadá.

Todos os sapatos são desenhados e fabricados na oficina do grupo, onde as peças de couro são tingidas, cortadas e montadas, assim como os chapéus, que são fabricados a partir de moldes plásticos com os diâmetros das cabeças de cada um dos artistas.

CENÁRIOS REPRESENTAM FLORESTAS, PÁSSAROS E UM MUNDO EXTERIOR

Foi harmonizando todos os elementos cênicos que Stéphane Roy conseguiu criar o ambiente de Varekai. "A Floresta", um fabuloso e misterioso refúgio que os habitantes de Varekai tomaram como lar, é composta por mais de 300 "árvores", com alturas entre 4,5 e 10,5 metros. O ambiente reserva ainda 20 diferentes "árvores-acrobáticas", escaladas pelos habitantes da mata para que possam avistar o que os rodeia.

Estendendo-se para lá da floresta dourada, "O Palco" é a zona na qual os personagens se movem. Especialmente concebido para responder às necessidades estéticas e artísticas do espetáculo, o ambiente corresponde a uma clareira dourada, com diâmetro de 12,8 metros, cinco alçapões, duas plataformas giratórias e uma plataforma elevatória.

Lembrando a espinha de um imenso pássaro, "The Catwalk" é uma criação dos habitantes da floresta. A passagem, como é chamada pelos próprios, permite-lhes sair, recolher objetos e subir bem alto, na tentativa de tocarem o céu. Utilizado pelos artistas para que possam atravessar o palco, a longa escada de 30 metros é a chave da sobrevivência dos personagens.

No final da passagem, bem por cima da plateia, está o "Lookout", o coração do cenário. Trata-se da porta para o universo exterior, de onde se pode ver o que está além daquele mundo. Esta plataforma de sete metros quadrados serve também de refúgio para um dos habitantes da floresta.

Curiosidades sobre a "Cidade Du Soleil"

A "cidade sobre rodas" do Cirque du Soleil inclui o Grand Chapiteau (Big Top - Grande Tenda), uma tenda de entrada, a tenda dos artistas, a bilheteria, a cozinha, uma escola para as crianças, escritórios e armazéns. Totalmente auto-suficiente em termos de eletricidade, a estrutura apenas depende do fornecimento local de água e de canais de comunicação. Além da "cidade" que veio ao Brasil com Varekai, o Cirque du Soleil conta com outras três "cidades volantes" em excursão: Corteo, OVO e Totem.

Para a montagem das estruturas, são necessários oito dias de trabalho. A "desprodução", no entanto, é feita em menos tempo: apenas três dias. Para transportar as mil toneladas de equipamento de Varekai são utilizados 68 caminhões. Durante a estadia em cada cidade, alguns destes caminhões são utilizados como armazéns, cozinha e zona de workshops.

Quatro geradores de 500 kVA garantem a eletricidade necessária à grande tenda e ao restante da estrutura. Já o Grand Chapiteau - a tenda principal, que tem capacidade para aproximadamente 2612 pessoas -, a tenda dos artistas e a tenda Tapis Rouge são controladas climaticamente.

Desenhada por uma equipe canadense de engenheiros, a lona foi produzida pela Les Voileries du Sud-Ouest, uma companhia francesa especializada na produção de velas para barcos e tendas.

A lona da tenda e os seus 11 túneis de acesso pesam aproximadamente 5217 kg. O Grand Chapiteau tem 17 metros de altura e 50 metros de diâmetro. Os quatro mastros elevam-se à altura de 24 metros. Os oito funiculares são levantados manualmente com o auxílio do tirfor - que em francês significa "puxar com esforço" -, uma espécie de guincho.

São necessárias mais de mil estacas (pregos de 1,5 metros) para fixar as diferentes tendas que compõem o conjunto da "cidade". Somente no Grand Chapiteau são utilizadas 500 delas.

A Tenda Tapis Rouge tem capacidade para 500 convidados e está disponível para eventos privados, enquanto a Tenda dos Artistas inclui uma área para o guarda-roupa, camarins, área de treino e gabinete de fisioterapia. Por fim, a cozinha, ou melhor, o "coração" da cidade, não só prepara e serve entre 200 a 250 refeições durante seis dias por semana, como é o ponto de encontro de todos os artistas e membros da equipe técnica.

ENTREVISTA COM JON VIVASH

Em conversa exclusiva com a Luz & Cena, responsável pelo departamento de iluminação de Varekai fala um pouco sobre a tecnologia e o conceito empregados no espetáculo

Há quanto tempo você trabalha no departamento de iluminação do Cirque du Soleil?

Entrei para a companhia em janeiro de 2009, justamente na equipe de iluminação de Varekai. Durante esses três anos trabalhei como técnico de iluminação, assistente e chefe de iluminação e, finalmente, me tornei diretor de iluminação do espetáculo.

Durante o espetáculo, como a luz interage com os atores e as cenas?

A iluminação de Varekai cria muitos modos ao longo do show. Afinal de contas, os cenários vão de uma floresta escura e uma localização subaquática a uma espécie de vulcão em erupção. O uso de cores transmite diferentes sensações para cada um dos atos e destaca os diversos atos aéreos, que levam o público para longe dos limites do palco.

Além isso, a luz tem importante papel no espetáculo, que é permitir que os artistas executem seus números com total segurança. Como os focos de nossa iluminação são muito bem definidos, de modo que nenhum artista fique escondido durante seu ato, antes de cada performance eles são verificados um a um.

Que equipamentos são usados em Varekai?

Nesta montagem, contamos com mais de 400 itens. Nossa plataforma de controle é uma grandMA2 e mantemos uma segunda unidade em execução como standby. No rider estão, entre outros equipamentos, cerca de 200 Source4, da ETC; 80 lâmpadas PAR Source4, também da ETC; cinco fresnéis de 2K, da Robert Juliat; três spots Manon Siga, também da Robert Juliat; seis moving lights Martin Mac 2000 ProfileII; 44 paineis Chroma Q CQ1; cinco ChromaQ M1 Scrollers; dois estrobos Diversitronic; uma máquina de gelo Jem e diversas máquinas de fumaça.

E quem é responsável pelos vídeos do espetáculo?

Eu, além de ser responsável pela iluminação, também cuido do conteúdo de vídeo, que é controlado via ArtNet pela grandMA2. Em Varekai, somos frequentemente solicitados a introduzir novas cenas no show, o que, de fato, nos motiva a criar coisas além do que já é determinado originalmente para o show.

Varekai é um espetáculo que se passa em uma floresta à beira de um vulcão e a iluminação é usada para atingir a atmosfera dentro deste lugar mítico. A cada ato, a luz realiza um papel diferente e determinante. A iluminação, na verdade, dá uma maior dimensão ao palco, mas, por outro lado, nos permite manter o show muito íntimo. Claro, nos momentos certos.
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