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Edição #150
janeiro de 2012
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Televisão: Uma nova luz
Benefícios dos LEDs fazem com que tecnologia esteja cada vez mais próxima de se tornar padrão tanto em grandes emissoras de TV quanto em pequenas prod
por Fernando Barros 27/01/2012
Conhecidos há muitos anos, os LEDs aos poucos vêm tomando o lugar das tecnologias de emissão de luz tradicionais. Isto se deve principalmente ao seu alto brilho, baixo consumo de energia, longa vida útil, menor geração de calor e não emissão de radiação ultravioleta, vantagens que fazem seu custo inicial mais alto se dissipar rapidamente.

Os diodos emissores de luz - em tradução da sigla LED para o português - representam não só uma economia imediata de consumo energético, mas também são ecologicamente menos agressivos ao meio ambiente. Por todos os motivos acima e ainda por muito outros, os LEDs têm sido a menina dos olhos dos fotógrafos e iluminadores. A Luz & Cena conversou com alguns profissionais da área para ajudar a esclarecer as principais dúvidas que aparecem na hora de substituir os equipamentos tradicionais.

NO LIMITE

Entre os principais equipamentos de iluminação usados em um set de TV estão refletores fresnel, abertos, softlights, elipsoidais e setlights. Praticamente todos eles já possuem equivalentes fabricados com LEDs, embora ainda não existam refletores capazes de substituir os de maior potência, acima de 2 kW.

O fotógrafo Henrique Leiner, com 38 anos de carreira e a maior parte desse tempo dentro da TV Globo, vem se dedicando à consultoria e à pesquisa de novas fontes de iluminação, em especial o LED. Para ele ainda existem algumas diferenças em relação à reprodução de cor, tanto pela emissão incompleta do espectro quanto pela forma como a amostragem de imagem é codificada pelo sensor. "No aspecto sensibilidade, os sensores não precisam mais de enormes quantidades de luz para percepção ou para uma maior latitude", explica.

Segundo ele, ainda podem haver pequenos problemas no que diz respeito a flicker e frequência, entretanto, o desenvolvimento desta tecnologia vem preenchendo estas lacunas cada vez mais. "Flicker e frequência estão mais ligados a questões elétricas de controle do que ao LED em si, uma vez que o LED utiliza corrente contínua", tranquiliza Leiner.

Já em relação à temperatura de cor, Henrique afirma se tratar de um problema gerado pela economia feita por alguns fabricantes em uma determinada etapa do processo. Para um resultado ideal é preciso produzir e relacionar LEDs com respostas de cor iguais. Não se pode encurtar ou eliminar este passo da fabricação. "Quanto mais rígida e consistente for a seleção, chamada de binning, melhores ficam os refletores, que já têm alcançado uma boa resposta."

O diretor de fotografia Tuca Moraes, ABC, que divide o tempo entre as telonas e as produções da TV Globo, afirma que existem alguns refletores LED mais antigos que puxavam um pouco para o verde. No entanto, o profissional destaca que sempre encontrou maneiras de contornar este problema. "Podemos mudar a temperatura de cor, eventualmente usar uma gelatina ou corrigir facilmente na pós-produção."

Tuca também recorda de outro problema que enfrentou quando começou a utilizar esta tecnologia. "Existem alguns refletores ribalta que flickam, pois vêm sem o canal de dimmer. Para prevenir isto é necessário checar se eles possuem o quarto canal DMX, o canal de dimmer. São refletores mais utilizados em shows. Isso é difícil de ser corrigido após a captação e você pode perder o material", alerta.

Mesmo considerando que a tecnologia ainda se encontra em estágio inicial, Henrique Leiner nota um crescimento da indústria de LEDs e espera se surpreender bastante com as inovações que estão por vir. Um exemplo disso é a aplicação dos Prolite Fresnel e Prolite Panel fabricados pela Energia. "Eles estão em uso na série Tapas & Beijos, sendo que os Panel são praticamente indispensáveis para os planos mais fechados. O elenco adora", afirma.

Em uma parceria de Leiner com a Energia, foi desenvolvido um protótipo para substituir os HMI usados hoje em dia. "Eles consomem no máximo um terço da energia usada pelos HMI, e sem ballats, o que o tornam mais leves e práticos. Ainda estamos chegando a um modelo mais enxuto", declara Henrique.

"Concluímos que boa parte da luz gerada pelos HMI era perdida nos difusores, e criamos uma fonte que produz uma luz difusa utilizando os tubos LED. Ou seja, a energia luminosa é usada integralmente, praticamente não sendo necessária a filtragem com difusor", conta.

Tuca Moraes prefere não citar marcas, mas afirma que os equipamentos brasileiros são de ótima qualidade. "Todo esse material é testado antes de ser usado na prática. Os nacionais que eu tive oportunidade de usar, por exemplo, são melhores do que os americanos", comemora.

Outra vantagem apontada por Tuca é justamente a possibilidade de interação com quem produz as luminárias. "Costumamos fazer sugestões para os fabricantes brasileiros. Eles nos ouvem e nos atendem. Assim, os refletores ficam cada vez melhores. A fotografia tem esse lado um pouco artesanal e essa interação é muito saudável e positiva para os dois lados."

Tuca também não encontra limitações nos LEDs quando seu uso é comparado ao emprego de lâmpadas comuns. "A rigor, isto não é problema. Você pode misturar tipos de luz diferentes por uma questão de textura. Cada um dos diversos refletores tem texturas diversas também."

Para ele, ainda é interessante utilizar, por exemplo, refletores HMI em situações de daylight. "Em situações de contraste muito pesado, o HDMI é uma ferramenta que ajuda muito. Acredito que já existam LEDs muito potentes que possam ser uma alternativa, mas eu ainda não experimentei. Os PAR LED já são impressionantes, muito potentes. De qualquer forma, o LED atinge uma gama enorme de aplicações e me atende muito bem. Os LEDs pequenos também fazem um trabalho cosmético muito bom", avalia.

A interação do LED com câmeras de alta definição é muito tranquila, inclusive sendo a primeira opção de muitos atores. "Nos Estados Unidos já existem atores que exigem iluminação LED em seus contratos. LED nos dá uma iluminação muito cosmética, limpa muito a pele. Há atores com quem trabalhado que gostam muito", revela o fotógrafo.

Do ponto de vista estético, Tuca acredita que o tipo de iluminação, seja ela tradicional ou LED, deve ser definido sempre ao gosto do fotógrafo. "Eu uso uma grande variedade de refletores e fontes. Não se pode fazer uma afirmação de que o LED é melhor ou não, esteticamente falando, mas não vejo uma estética que não possa ser alcançada com o LED."

Ele lembra que existem diversas fontes que podem ser exploradas dependendo da situação, não excluindo dessa lista até mesmo o fogo e a luz do sol rebatida. "Muitas vezes misturo os refletores. No filme Tempos de Paz, do Daniel Filho, eu usei misturado. Usei LED, tungstênio, HMI e fiquei bastante feliz com o resultado. Atendeu o olhar que eu queria dar, o de um filme de época. No filme Os Normais também usei LED. No meu caso, gosto de misturar fontes, mas LED ocupa um espaço grande no meu parque de luz."

LEDs também costumam ser frequentemente aplicados em show e musicais. "Eu usei no DVD Partimpim, da Adriana Calcanhotto. Os LEDs têm algo bem legal, que é permitir que eu consiga chegar mais perto dos artistas sem incomodar. Como eles não esquentam, faz uma diferença danada. Em publicidade tenho usado LED para fazer as luzes mais próximas. Luzes que cercam o elenco", explica Tuca.

VIRANDO O JOGO

Quando uma produtora ou emissora decide substituir seus equipamentos por LED, o principal cuidado é testar extensivamente todos os parâmetros de resistência mecânica e consistência de respostas, tanto de cor como de intensidade. Questões de suporte, logísticas e comerciais também devem ser observadas. O erro mais comum, segundo Leiner, é comprar simplesmente pelo fato de estar na moda ou por marketing.

Tuca Moraes afirma que o barato sai caro. "Isso vale para outros equipamentos e tecnologias também, não só iluminação", afirma ele, sublinhando que uma filmagem, gravação, comercial ou qualquer tipo de captação é um processo caro e complexo. "Exige ter profissionais gabaritados e bons equipamentos. Achar que resolve tudo com equipamento barato, que é a filosofia de alguns produtores e de alguns lugares, costuma gerar um resultado ruim".

Segundo Tuca, o público de hoje não aceita imagens ruins. "Eles têm acesso a muita imagem. Acabou de chegar ao país, por exemplo, a Apple TV, que é uma transmissão em HD em altíssima qualidade. Mesmo as pessoas que assistem à TV aberta estão recebendo uma TV de qualidade cada vez maior, em aparelhos de TV de maior qualidade e mais baratos. Acho que um bom produto não tem preço. E dura. Produto ruim não dura e, inclusive, some do mercado."

Para Leiner, estamos nesse momento colhendo os frutos de pesquisas realizadas sobre conceitos elaborados durante a Segunda Guerra Mundial, e com a extensa aplicação do poder de cálculo e multiplicação da informática, diversas tecnologias estão se aprimorando com uma velocidade espantosa. "Os LED e os LEP (Light Emitting Plasma) são duas dessas tecnologias, que juntamente com os novos sensores e câmeras estão revolucionando a maneira de captar imagens", aponta.

"Chega a ser assustadora a velocidade de obsolescência de inúmeros produtos e sistemas inteiros, que mal apareceram e já estão sendo esquecidos", afirma o profissional, que completa dizendo que se por um lado todos querem testar os LED, por outro se hesita muito em nome da segurança e da confiança.

Nos programas de televisão menos expostos, pode-se correr esses riscos com mais frequência. "Tive a oportunidade de utilizar esses equipamentos, e as opiniões sobre os resultados sempre foram controversas, com 'ame-o ou odeie-o' e justificativas mil para ambos os lados", relembra Leiner.

Henrique tem a opinião de que, nos estúdios, as mudanças serão menos drásticas. "Já nas externas, teremos muito mais possibilidades, já que poderemos ter sets sem fio, movidos a bateria, e reduzindo brutalmente o tamanho dos geradores. Além disso, as diferentes formas têm permitido que sejam posicionados refletores e luminárias em locais nunca antes imaginados, e o mesmo se pode dizer das câmeras. Essa combinação tem possibilitado ângulos jamais vistos, e parece que é apenas o começo."

Tuca Moraes toca em outro ponto importante: a sustentabilidade de toda essa tecnologia. "Existe a questão ecológica. O LED demanda muito menos energia, dura muito mais. Não exige a presença de geradores que gastam combustíveis fósseis. Eu acho que é uma tendência irreversível e saudável. Está em nosso cotidiano. Os sinais de trânsito são de LED, os carros utilizam LED. Até as televisões estão sendo feitas com LEDs agora", recorda.

As novas tecnologias podem ser acompanhadas não só em feiras internacionais, mas também em tempo real pela internet. "As mudanças são muito rápidas e essas tecnologias estão sendo testadas, estudadas e discutidas ao mesmo tempo no mundo todo. Isso vale também para os refletores. Existe uma dinâmica hoje em dia que permite ficar sempre atualizado. Por isso o Brasil não deve nada a ninguém em lugar nenhum do mundo. Temos profissionais e produtos de primeira classe."

MERCADO DE LEDS

Ricardo Kauffmann, CEO da Energia, empresa especializada em LEDs, vê estas mudanças com entusiasmo, pois afirma que a empresa está preparada para atender ao novo cenário. "Em 2002, a Energia iniciou suas pesquisas com iluminação de LED, logo já são quase dez anos de dianteira. Algo que se traduz no oferecimento de uma vasta gama de produtos ao mercado. Temos quase 20 modelos diferentes de luminárias de LED, para externa e para estúdio. A Energia está pronta", afirma Kauffmann, que separa o mercado de iluminação LED em dois: o de iluminação portátil e o de iluminação de estúdio. "No caso da iluminação portátil, temos uma adesão ao LED de quase 100%. São luminárias para jornalismo e eventos sociais", destaca.

Já em estúdio, a situação é bastante diferente. "Basta visitar as emissoras e produtoras para perceber que há um esgotamento do parque de iluminação de muitas delas. As soluções que hoje estão em uso já não são mais sustentáveis, tanto pelas novas tecnologias e resoluções das câmeras, que requerem uma quantidade e qualidade especifica de luz, quanto pelo fato dessas soluções estarem se tornando obsoletas e sendo abandonadas por seus fabricantes, tornando sua manutenção inviável", afirma Kauffmann.

Ele acredita que exista uma forte tendência de que essas produtoras e emissoras renovem seus equipamentos aderindo quase que totalmente ao LED nos próximos anos. O único entrave para que isso flua de forma mais concreta é a falta de informação.

"Acredito que não existam mais dúvidas sobre a validade da iluminação de LED. O que persiste é a dúvida sobre que marca e modelo comprar. Essa dúvida, que já se transformou numa ansiedade, é comum a todos os profissionais responsáveis por decidir qual LED comprar", analisa Kauffmann, que completa afirmando acreditar que a pouca experiência existente no mercado e a pouca divulgação do tema colaboram para este panorama.

Além da economia de recursos, Kauffmann reforça que há um esgotamento do parque de iluminação das empresas. "Os fabricantes dessas luminárias que ainda estão em uso já não possuem mais peças de reposição para sua manutenção. Em alguns casos, ou nem há como substituir a própria lâmpada, ou o seu custo é absurdo, vide as lâmpadas PL. Eles estão tendo que improvisar soluções para manter vivo seu parque atual."

Neste processo, três fatores são primordiais na compra: qualidade, garantia e suporte. "Qualidade e garantia podem ser verificadas perguntando a quem usa. A Energia, por exemplo, tem história, são mais de dez anos de garantia incondicional. Quanto ao suporte, ele deve ir desde o projeto à manutenção. Dimensionar corretamente as luminárias, baseado-se no tipo de uso, na área a ser iluminada e na sensibilidade das câmeras, pode garantir sucesso e economia", afirma o CEO.

Para escolher uma luminária, dois quesitos devem ser levados em conta: a intensidade luminosa e a geometria da luz. A intensidade luminosa deve ser especificada em lux@1m, ou seja, a intensidade deve ser medida em lux à uma distância de um metro da luminária.

A geometria da luz tem a ver com a área de iluminamento, ou o facho de luz. A largura desse facho é a medida do ângulo de meia potência, ou seja, o ângulo no qual a intensidade é a metade da máxima, Half Power Angle, ou simplesmente HPA.

Segundo Kauffmann, a Energia faz questão de sempre apresentar claramente as especificações de seus produtos. "Nem sempre acontece com todos os fabricantes do mercado, o que pode induzir o profissional a uma escolha errada."

Outros parâmetros também devem ser levados em consideração, tais como consumo de energia elétrica, peso, alimentação AC e bateria, ajuste de foco (HPA), ajuste de intensidade (dimmer), controle local e remoto (DMX) etc. "O que acontece é que a desinformação e a omissão de algumas empresas acabam levando o cliente à insatisfação pessoal e econômica. E nesse momento de transição isso acaba prejudicando a aceitação do LED por criar uma repercussão negativa", aponta o CEO.

"Acho que falta o primeiro passo. Esse mercado tem como característica ser demasiadamente conservador, e, como já disse, ainda falta clareza sobre as informações que passam a respeito do LED. A Energia está fazendo sua parte e já conta com o apoio de diversos e importantes diretores de fotografia, que chegam a exigir nossas luminárias no set, como é o caso de Tuca Moraes, ABC", afirma. "Esta é a melhor resposta que poderíamos ter. Nos enche de orgulho, pois fazer parte desse primeiro passo através de um profissional do gabarito do Tuca é a melhor retribuição que poderíamos ter. Agora é esperar. Toda transição evolutiva que gera uma mudança significativa é feita de forma lenta."
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