Luz & Cena
LOGIN e-mail
senha
esqueceu sua senha? Clique aqui para se
cadastrar na M&T As novidades da L&C em seu computador
gravar senha

Edição #160
novembro de 2012
Índice da Edição 160
Destaque
Direção de Fotografia
Editorial
Galeria
Holofote
Iluminando
Em Foco
Produtos

Cadastre seu e-mail e
receba nossa Newsletter
As novidades da L&C em seu computador
Direção de Fotografia: Direção de Fotografia para Vídeo
Interpretando o roteiro fotograficamente
por Léo Miranda 19/11/2012
A visão de como enxergamos o mundo e as coisas que nos rodeiam é o que nos torna diferentes e únicos. A partir deste entendimento, temos que perceber o sentimento, as lembranças e os detalhes dos locais que nos remetem todas as sensações. É mais fácil do que parece, porém, por muitas vezes o hábito de ler é deixado de lado nos dias de hoje, sendo que a leitura é uma de nossas armas para melhor ver o mundo.

Quando lemos um livro, entramos na história através do que está escrito e imaginamos o ambiente utilizando o que temos em nosso subconsciente. Imaginamos todos os locais que o escritor colocou para cada situação ali exposta, e é assim que devemos interpretar o roteiro.

O QUE É O ROTEIRO?

É uma forma escrita descritiva de uma obra audiovisual que serve para guiar seus realizadores. Nele são indicados forma, tempo e lugar, podendo ainda conter elementos e indicação de como o personagem deve reagir, bem como a maneira que deverá ser captada uma cena. Também indica se a cena se passa no interior ou exterior, dia ou noite.


 
O ROTEIRO TÉCNICO

O roteiro técnico é composto após a reunião com os líderes da equipe. Nele há indicações de utilização de gruas, travellings, lentes, iluminação etc.



Esteja preparado, ou seja, decupe o roteiro antes desta reunião, para que a sua maneira de enxergar seja exposta sem interferências. Assim, no momento da reunião você poderá vender melhor a sua ideia e ainda agregá-la às demais que poderão surgir.
 
O QUE É DECUPAGEM?

O ato de decupar vem do francês découper, que significa recortar ou fatiar. Para nós, do mundo audiovisual, significa "ir por partes", ou seja, dividir o roteiro de maneira organizada, de modo que possamos otimizar tempo de produção e realizar uma melhor captação das sequências.

As formas de decupagem são:

- Decupagem como forma de roteiro - O texto literal, livro, ideia, produto, show, é transformado em indicações das cenas e sequências, para que se tenha a forma já pré-definida para a montagem.

- Decupagem do roteiro técnico - Realizado com o roteiro definido e aprovado, tem como finalidade reunir a equipe para que sejam definidas todas as possibilidades técnicas de captação e ambientação do que será filmado.

- Decupagem dos planos de filmagem/gravação - Tem por finalidade pegar o roteiro e organizá-lo para filmar todas as cenas de uma locação ou cenário sem que seja necessário voltar repetidas vezes ao mesmo lugar. É realizado pela produção, mas devemos estar a postos para indicar a melhor hora para se filmar e a logística de equipe e equipamentos, pois são informações necessárias para que se cumpra o plano de gravação do dia.

Trocando em miúdos, decupar é pegar as letras, frases e o texto em si do roteiro e transformá-los em uma obra audiovisual. Para tanto, cada profissional deve estar com a sua individualidade integrada aos demais membros da equipe. No caso da fotografia, isso significa passar o máximo de sentimento através da imagem do conteúdo contido no roteiro (as formas de decupagem aqui apresentadas são as mais importantes para a direção de fotografia, porém existem outras, que não foram mencionadas aqui).


A FOTOGRAFIA INTERPRETADA

Quando nos deparamos com um roteiro, primeiramente devemos ler como se fosse um livro e entender o que o autor desejou passar de sentimento como um todo. O nosso entendimento é único, sendo isso um ponto importante, que diferencia a escolha do diretor de fotografia pelo autor e diretor. Tendo em mente qual é a mensagem que a história escrita pelo autor passa para nós, começamos a listar alguns pontos principais que nos marcaram e que são primordiais para que o espectador tenha o mesmo sentimento que o autor deseja para aquele roteiro.

A reunião com o autor, diretor, diretor de arte e produtor é importante para que seja exposto tudo o que é necessário e essencial para que a história seja contada no audiovisual de acordo com o que o autor nos passa de entendimento e sentimento no roteiro. Pegamos como exemplo o livro Os Maias, com alguns trechos que estão escritos no resumo extraído da Wikipedia:

"Tudo começa com a descrição da casa - 'O Ramalhete' - Lisboa, mas que nada tem de fresco ou de campestre. O nome vem-lhe de um painel de azulejos com um ramo de girassóis, colocado onde deveria estar a pedra de armas."
Mesmo aqui apresentado em forma de livro, entenderemos o que pode ser aplicado, roteirizado e como podemos decupar o trecho. Na reunião de apresentação do roteiro, mesmo que não saibamos onde fica localizada a "pedra de armas", devemos perguntar para o roteirista e o diretor de arte onde normalmente elas são colocadas. O principal é enquadrar a parte de fora da casa e o painel de azulejo, que fica na parte central e no topo da casa, logo abaixo do telhado.



DECUPANDO FOTOGRAFICAMENTE


- Passeio da grua em movimento lento e rasteiro no jardim, depois subindo e aproximando do painel de girassóis.
- Lente 10mm ou grande angular para ver a casa por inteiro.
- Travelling com trilhos de 10 m de montagem para o interior da casa, movimentos lentos para a narração em off.
- Melhor horário de gravação: sol da tarde lateral à fachada para ter nuances de luz e sombra que o posicionamento da locação proporciona.
- Iluminação do interior da casa feita com refletores que projetem cor dourada do sol da tarde entrando pelas janelas e portas.

Algumas indicações de planos já vêm no roteiro e a nossa função é cumpri-los, melhorá-los, apresentar uma solução ou até mesmo criar uma maneira única e individual de "enxergar" que contaria a história fotograficamente da melhor forma possível.

DECUPANDO FOTOGRAFICAMENTE O ROTEIRO

Confira o material a seguir, levando em conta que as indicações de onde devem ser aplicados os recursos fotográficos são as frases apresentadas após os marcadores (bolinhas pretas).

CENA 1 / EXT. / DIA / SET AULA POLO / EXERCÍCIO DIRFOTO

STOCK-SHOT POLO

 Plano de localização do Polorio com helicóptero vem da praia em direção ao prédio onde são realizados os cursos (câmera HD no sistema FLIR "bolha")

CENA 2 / INT. / DIA / SET AULA POLO / EXERCÍCIO DIRFOTO

TRAVELLING IN - câmera revela o set aula e uma mesa com duas cadeiras ocupadas por uma dupla de alunos.

 Movimento: "pee-wee" com trilho montado antes da porta até o centro da sala (câmera na altura do olhar de uma pessoa)
 Câmera: RED Epic (lente 10mm)
 Iluminação: aérea (painéis de LED em 5600 K acompanhando a iluminação local; reforço de contraluz)

ALUNO 1: (EM TOM BAIXO) Aquele professor de Direção de fotografia é meio maluco, né?

ALUNO 2: (CONCORDANDO E ASSUSTADO) Eiii! Ei!!! Vc tá maluco?

ALUNO 1: Que foi?

 Movimento: nenhum
 Enquadramento: contraplano ajustado entre alunos
 Câmera: RED Epic (lente 80mm)
 Iluminação: rosto limpo e contraluz leve (painéis de LED em 5600 K)

CONTRAPLANO ALUNOS VENDO O PROFESSOR NA ENTRADA DO SET AULA.

PROFESSOR: (TOM FORTE E BRAVO) Acho que é por isso que o Sr. Aluno 1 gosta de tirar 0!!!

 Movimento: "pee-wee" travelling in com trilho montado atrás e no meio dos alunos (câmera baixa)
 Enquadramento: plano médio composto com as costas dos alunos e com o centro livre para o professor.
 Câmera: RED Epic (lente 20mm)
 Iluminação: contraluz de fora da sala (HMI 575W), rosto limpo (painel de LED 60X30, 5600 K), as costas dos alunos sem iluminação

CLIMA DE TENSÃO - ALUNOS TROCAM OLHAR (REAÇÃO DE MEDO)

 Movimento: nenhum
 Enquadramento: big-close
 Câmera: RED Epic (lente 80mm)
 Iluminação: rosto limpo e contraluz leve (painéis de LED em 5600 K)

PROFESSOR SEGUE EM DIREÇÃO À MESA E DÁ BOM DIA A TODOS/CORTA PARA...

 Movimento: nenhum
 Enquadramento: plano geral do alto (praticável 1,5 x 1,5 m)
 Câmera: RED Epic (lente 10mm)
 Iluminação: aérea (painéis de LED em 5600 K, HMI 575W desenho de luz entrando pela porta principal)

CONCLUSÃO

Uma produção audiovisual é dada e comandada pelo tempo e dinheiro, e no processo de pré-produção é que devemos estudar as mais diversas possibilidades de realização do projeto. Deste modo, podemos escolher melhor como iremos utilizar todos os recursos disponíveis e otimizar o nosso tempo no momento da produção. A decupagem do roteiro (roteiro técnico) tem esta função, nos guiando no processo da captação das imagens e podendo ser levemente alterado diante das adversidades da filmagem/gravação em si.

Não percam, no mês que vem, "Um dia de gravação", e confira, passo a passo, o processo que eu utilizo para gravar com tranquilidade.

Abraços,

Leo Miranda

Léo Miranda é diretor de fotografia e lighting designer.
Há 19 anos atuando na área de iluminação, é especializado
em gravações externas e eventos, já dirigiu a fotografia de comerciais e programas de TV e também ministra treinamento técnico e operacional a grandes empresas
.

Versão para impressão de
“ Edição #160:  Direção de Fotografia” Envie este artigo
para um amigo

 ARTIGOS RELACIONADOS - DIREÇÃO DE FOTOGRAFIA
Cameras Profissionais - 3ª Parte (Edição #153 - 17/04/2012)
Pontos de Iluminação e Direção da Luz (Edição #150 - 27/01/2012)
A Evolução dos Equipamentos (1ª parte) (Edição #162 - 19/01/2013)
Câmeras Profissionais (Parte 2) (Edição #152 - 11/03/2012)
Planos (Edição #148 - 20/11/2011)
Luz & Cena © Copyright 2000 / 2024 - Todos os direitos reservados | Política de Privacidade
Est. Jacarepaguá, 7655 salas 704/705 - Rio de Janeiro - RJ CEP: 22753-900 - Telefone: 21 2436-1825