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Edição #162
janeiro de 2013
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Capa: Monstros do Rock
Em nova turnê, Monster, Kiss mostra projeto cênico moderno e, ao mesmo tempo, clássico
por Rodrigo Sabatinelli 20/01/2013

Às vésperas de comemorar 40 anos de estrada, o grupo norte-americano Kiss, um dos maiores nomes do hard rock mundial, fundado em 1973, desembarcou no Brasil, em novembro passado, para realizar alguns shows de sua nova turnê, Monster, que dá nome ao disco lançado recentemente por Paul Stanley, Gene Simmons (fundadores do grupo), Tommy Thayer e Eric Singer.

Em todas as apresentações - Porto Alegre, no Estádio do Zequinha; São Paulo, na Arena Anhembi, e Rio de Janeiro, na HSBC Arena -, a iluminação ficou a cargo da LPL. E esta não foi a primeira vez em que a empresa dirigida pelo lighting desinger e diretor de fotografia Cesio Lima e seus sobrinhos Caio Bertti e Erich Bertti deu suporte à banda. Em junho de 1983, em sua primeira passagem pelo país, o Kiss contou com suporte da locadora paulista, que cedeu ao grupo equipamentos como lâmpadas PAR.

"Essas apresentações do Kiss foram os primeiros grandes shows que fizemos. Na real, foram apresentações muito maiores do que poderíamos fazer, mas fizemos. Lembro de estar com o Auro cortando gelatina no quarto do hotel e dizendo 'caramba, vamos fazer a luz do Kiss!'. Os shows foram inesquecíveis. Até hoje, lembro com carinho deles", lembra Cesio, em entrevista exclusiva à Luz & Cena.

Sobre a atual turnê, quem nos revelou detalhes foi Caio, na ocasião, coordenador das operações técnicas da LPL. "Eles fizeram um show clássico de hard rock, do ponto de vista da iluminação, e agradaram bastante. A luz, feita basicamente por moving lights, correspondeu ao espetáculo e à pirotecnia que o cerca. Tudo perfeito!"

MONTAGEM RÁPIDA E PRECISA GARANTE INTEGRIDADE DOS SHOWS

A logística que cerca a montagem de um show internacional de grande porte, como o do Kiss, por exemplo, agita o dia a dia de uma locadora. A necessidade de atender com excelência às equipes técnicas dos artistas e o compromisso com as inúmeras exigências delas são duas questões que, na opinião de Caio Bertti, determinam quem é capaz ou não de realizar espetáculos do gênero.

"Geralmente, temos pouco tempo para montar as coisas, pois as turnês não param no nosso país. Elas passam por aqui. É importante ter organização e direcionamento, pois a responsabilidade é sempre muito grande. Nem todo mundo está preparado para tanta correria", diz ele, lembrando que, em São Paulo e no Rio de Janeiro, tudo ocorreu normalmente, como fora planejado.

"Tivemos um dia para montagem e exploramos muito bem essa 'folga'. Foi importante, também, ter dois kits de equipamentos cedidos para a turnê. Um deles foi destinado a Porto Alegre e Rio de Janeiro, enquanto o outro atendeu somente a São Paulo. De um grande montante, somente as mesas e alguns moving lights foram destinados às três praças", conta.





A exceção da tranquilidade ficou mesmo por conta do show realizado na capital gaúcha. Para surpresa da produção, quatro carretas lotadas de equipamentos como moving lights e painéis de LED, além de elementos cênicos como tirolesas, elevadores e plataformas construídas especialmente para a turnê, e todo o backline da banda - bateria, baixos, guitarras, violões, amplificadores etc. - foram retidas na Alfândega, entre o Paraguai e o Brasil, por muito mais tempo que o normal, atrasando bastante a montagem.

"O material chegou à Alfândega por volta das seis da manhã e deveria começar a ser montado ao meio-dia. Porém, só foi liberado às duas da tarde, chegando a Porto Alegre às nove da noite, limitando muito nosso tempo de trabalho. Tivemos que correr com tudo, afinal de contas, o show era naquela noite e precisava estar 'pronto' em tempo recorde: somente duas horas. Fizemos, então, um esforço sobre-humano, mas conseguimos nosso objetivo", lembra.

"Como medida de segurança para os próprios músicos, a produção do Kiss optou por não montar algumas das 'atrações' do espetáculo, como a já citada tirolesa -geralmente usada pelo vocalista e guitarrista Paul Stanley, que, nos shows, costuma voar sobre a plateia até chegar a um pequeno palco, que fica em meio a ela - e o elevador, usado pelo vocalista e baixista Gene Simmons no número em que aparece cuspindo sangue e solando em seu instrumento", completa.

Problemas à parte, Caio se orgulha de a LPL ter conseguido superar as dificuldades impostas pelo atraso na liberação das carretas. De acordo com ele, ficou claro que a locadora está mais do que preparada para esse tipo de situação.

"Nos organizamos e não tivemos que nos desesperar. Achei coerente eles terem aberto mão do uso desses itens [tirolesa, elevador], que, por mais que fossem importantes para o show, não o condenariam se não tivessem em uso, o que, de fato, aconteceu", comemora. "Da nossa parte, fizemos tudo como planejado. Nossos motores funcionaram perfeitamente, de forma alinhada, bem marcada, e dedicamos uma atenção especial a todo o cabeamento, na minha opinião, impecável", conclui.

RIDER TEM ELATION, CLAY PAKY, DTS E ROBE

Para os shows realizados no Brasil, o lighting designer do Kiss, Sean "Motley" Hackett, que costuma viajar com 18 strobos Atomic, 18 moving lights Clay Paky Sharpy, 16 ACLs e um letreiro com a logo da banda feito em bruttes, contou com diversos equipamentos cedidos pela LPL. Dentre eles, estiveram oito mini bruttes, 52 moving lights Robe ColorWash 2500, 52 DTS XR1200 do tipo wash, 18 VariLite VL3000 do tipo spot, 30 astrobos Atomic, 42 PAR LED e 30 moving lights Elation Platinum 5R do tipo beam. Estes e outros equipamentos foram distribuídos em uma série de estruturas, que podem ser conferidas no mapa, ao fim da matéria.





Sobre os Elation, adquiridos pela locadora há alguns meses, Caio não economizou elogios. De acordo com o lighting designer, a aquisição do equipamento foi a mais inteligente já feita pela empresa nos últimos cinco anos. De acordo com ele, trata-se de equipamentos chineses de muita qualidade. Tanto que foram utilizados em distintos projetos, de diferentes portes, tais como a inauguração da Arena do Grêmio, o Réveillon 2013 na Praia de Copacabana e shows como os de Stevie Wonder e, claro, do próprio Kiss.

"Eles [os Elation] têm características bastante interessantes. Possuem a potência e a velocidade de um Clay Paky, por exemplo, muito embora não sejam tão precisos quanto. O legal foi que, ao ligarmos todos os aparelhos juntos, os Elation e os Clay Paky, não sentimos diferença alguma no que diz respeito ao visual. Quando Sean conferiu o resultado, soltou um "I love Elation!", frase que, na mesma hora, se transformou em bordão na nossa equipe", lembra, divertindo-se.



OPERAÇÃO "CLÁSSICA" É DESTAQUE

Para Caio, Sean "Motley", quando esteve no controle das luzes, não inventou moda. "Ele é o tipo de profissional que programa bastante coisa, mas, ao vivo, gosta de ter tudo à mão, para poder tocar juto com a banda. Como, por exemplo, fez o iluminador do Maroon 5 na última passagem do grupo pelo Brasil", completa.

Sean trabalhou com a mesa grandMA Full Size I. Sua luz foi marcada pela grande variedade de cores usadas em cena e, curiosamente, com poucos movimentos das luzes, o que agradou a Caio. "Gosto muito dessa concepção, dessa pegada. Acho que deixa o show mais dinâmico. Foi bonito ver ele usando diversos tons, como azul, amarelo, vermelho, ou seja, tons primários, e, claro, trabalhando com os bruttes a cada refrão, acendendo a plateia", explica, lembrando que a frente de palco foi feita, basicamente, com canhões seguidores. "Outros pontos fortes do show foram o contraluz e o uso dos paineis de LED da LED Com, que receberam imagens pré-produzidas e captadas ao vivo", acrescenta.





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TÚNEL DO TEMPO

Em depoimento exclusivo, Cesio Lima relembra dificuldades enfrentadas na primeira vinda do Kiss ao Brasil


Era 1983. A LPL ainda se chama Lúcifer. Nada mais apropriado, não é? Certo dia recebo um telefonema do Maurice Hughes, que queria se reunir comigo para saber da possibilidade de entrar, com minha empresa, em um grande projeto. Ele não revelou, naquele momento, que seria um show do Kiss. Só disse que se tratava, realmente, de um espetáculo de grande porte. Quando soube exatamente, quase caí para trás, mas fiquei feliz em ter a possibilidade de encarar tamanho desafio.

Em encontros futuros, Maurice me apresentou Tom Mazzullo, na época, produtor do Kiss. O cara não queria muito papo e foi direto ao ponto: pediu para conhecer nosso equipamento. Quando chegou lá, encontrou cerca de 100 lâmpadas PAR, um número bem abaixo daquele que a banda precisava: 480. Além das PAR, ele queria utilizar oito canhões seguidores Super Trouper para fazer a frente de palco, o que acabei conseguindo com o pessoal do Holliday On Ice, e quatro para os contraluzes, que foram feitos com os Ultra-Arc do amigo Paulo Valadares.



Na planta que nos apresentou, constavam trusses e treliças, algo que não utilizávamos. Usávamos, na verdade, torres, e pendurávamos vara por vara, usando cordas e outras ferramentas limitadas. Liguei para o Auro [Soderi Jr.], da Aurolights, e falei: "vamos encarar essa juntos?". Ele topou na hora! Naquela época, não era fácil trabalhar. Não existia, para você entender, nem gelatina Rosco no Brasil. Lee Filters, também não. Era tudo muito precário, e só se dava bem quem se virava. Quem trouxe as gelatinas para os shows foi o próprio iluminador da banda, Jeff Durling.

Jeff trouxe uma mesa dele, de 90 canais, que trabalhava com um sistema chamado Matrix, com o qual você podia montar as memórias. Cerca de 24 delas, por exemplo, o que representava, para nós, um sonho, em se tratando de iluminação cênica. Jeff era um cara muito bacana, compreensivo, sabia que estava chegando numa verdadeira "selva", mas teve uma boa vontade extrema. Ele ainda solicitou oito máquinas de gelo seco, que tivemos de construir, na ocasião. Aliás, tenho até hoje algumas delas funcionando sabe Deus como! São toscas, mas fazem bastante fumaça. Diria, sem medo, que são as minhas máquinas que mais fazem fumaça. Também foi preciso construir tambores resistências e mangueiras.

Essas apresentações do Kiss foram os primeiros grandes shows que fizemos. Na real, foram apresentações muito maiores do que poderíamos fazer, mas fizemos. Lembro de estar com o Auro cortando gelatina no quarto do hotel e dizendo "caramba, vamos fazer a luz do Kiss!". Os shows foram inesquecíveis. Até hoje lembro com carinho deles. E o Jeff é, na minha opinião, um dos melhores lighting designers do mundo. Tem muito iluminador que, hoje, não consegue fazer com dezenas de moving lights o que ele fez com 480 lâmpadas PAR.
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