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Edição #162
janeiro de 2013
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Iluminando: Doze tempos de luz
PASSADO E FUTURO
por Farlley Derze 20/01/2013

Antes de qualquer coisa, um feliz 2013 a todos os estimados leitores da Luz & Cena! Que seja um ano iluminado.
A passagem do tempo me trouxe a inspiração para escrever este artigo. Vejamos: em outra época eu estaria diante de uma máquina de escrever em vez de em frente a um computador. Ou... com uma caneta tinteiro à luz de velas! O tempo deixa marcas na memória de quem viu ou ouviu a vida material de determinados objetos. Se eu estivesse diante de uma máquina de escrever, eu estaria ouvido os sons do mecanismo da máquina - os sons da datilografia -, sons que não ouço há algum tempo. Não ouvi em 2012, 2011, 2010... Enfim, durante nossa vida somos testemunhas de um mundo sonoro disponível no cotidiano de nosso tempo, sons que nossos netos talvez não escutem quando novas tecnologias estiverem em uso.

Até 1920 era possível ouvir o som das lâmpadas a arco voltaico que iluminavam as vias públicas do centro do Rio de Janeiro e São Paulo. Faça uma brincadeira: crie uma lista de sons que eram comuns no seu tempo de criança ou juventude e que hoje estão extintos no cotidiano. Eu me lembro de uma sirene que indicava o início e o final do expediente de uma fábrica de telhas no bairro de Guadalupe, onde eu morava no Rio de Janeiro nos anos 70. Eu me lembro também do sino da igreja, do ronco do motor do Maverick, do som da ficha dos orelhões (telefones públicos) quando a ligação se completava e a ficha caía, das primeiras conexões de internet discada... Meus bisavós morreram sem ouvir as guitarras elétricas, não ouviram os diversos sons dos toques de celulares... Enfim, sons nascem e morrem.



LUZ E SOCIEDADE

Foi assim também com a luz. A luz de um poste de uma época não é a mesma de outra. Muita gente não viveu para conhecer a luz que sai de uma tela de LED num celular ou iPad ou televisão. Enfim, agora eu me pergunto que sons e que luzes vão entrar em falência e estarão extintos do nosso cotidiano daqui a 30 anos?

Foi assim também com as ideias. A ideia de que a Terra era plana, a ideia de que a luz viaja em linha reta, a ideia de que a cor da pele de alguém funcionava como critério para uma posição social... Ideias que que carregamos hoje, no futuro podem desaparecer de nossa mente.

Mas se alguns sons nascem e morrem, assim como a iluminação ou a forma urbana das cidades, há sons que estavam lá no tempo de nossos ancestrais paleolíticos, sons que eles ouviram e nós ainda ouvimos, como o choro de um bebê ao nascer, um trovão, o mar, o vento, bem como algumas imagens, como o movimento das nuvens, a luz do sol e da lua, a chama do fogo.



A CIDADE NOTURNA

É assim também com nossas emoções: medo, coragem, alegria, tristeza... que existem em cada um de nós ou em nossos tataravós. Então, o tempo pode ser medido pelos sons que existiram e não existem mais, pela luz que iluminava uma rua e hoje tem outra iluminação, pelas ideias que construímos quando vemos e ouvimos, quando pensamos ou nos emocionamos. São outros relógios, que não garantem a previsibilidade ou a repetição daquele tempo medido simplesmente pelo tic-tac de um relógio. Quando penso que sons, luz, pessoas, ideias, emoções, cidades e fenômenos da natureza convivem numa fração do tempo de uma sociedade, quantas voltas os ponteiros de um relógio dariam para medir uma jornada como o nascimento e morte dos sons que tipificaram a máquina de datilografar? Ou o nascimento e morte da luz da lâmpada incandescente no meio urbano?



Bem, a passagem do tempo foi minha inspiração para pensar nas formas de medi-lo não apenas com as 24h que são nossa referencia mais usual, mas também pelos sons que um dia povoavam as ruas, as casas, nossos ouvidos e que hoje não estão mais entre nós. Assim, dentre os vários tempos que cada um pode adotar como forma de medir a passagem, ou nascimento e morte de uma situação, eu decidi observar uma fração do tempo que desde criança exerce um fascínio sobre mim: a noite. Lá na infância e juventude, havia músicas e programas de rádio que só eram ouvidos à noite. Eu também achava que a lua só existia à noite. Me lembro bem de quando, pela primeira vez, vi a lua no céu à luz do dia. Achei que alguma coisa estava errada na natureza. Eu era criança. Para mim, a luz pertencia apenas à noite, como a sanfona de minha mãe que ela só tocava à noite dentro de casa. Hoje, quando observo a noite como uma forma de medir o tempo, é porque nas letras das músicas, nos romances da literatura e nos livros dos historiadores ela se mostra como um acúmulo de tempos que podemos separar pelo modo como cada sociedade a viveu.

Assim, me aventurei a observar a cidade noturna sob o ponto de vista de sua iluminação. Eu gostaria de apresentar nos próximos números da Luz & Cena o modo como medi o tempo com base na relação entre o homem e a cidade noturna, que resultou em 12 atos, ou 12 momentos, 12 tempos noturnos, 12 tempos de luz.

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PAUSA PARA UMA XÍCARA DE CHÁ

Gostaria de recomendar as seguintes músicas, cujos títulos falam de luz:

Clair de Lune (Claude Debussy)
Sonata ao Luar (Ludwig van Beethoven)
Luar do Sertão (Catulo da Paixão Cearense e João Pernambuco)
Luz do Sol (Caetano Veloso)
A Lua (MPB4)
Noites com Sol (Flávio Venturini)
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