Luz & Cena
LOGIN e-mail
senha
esqueceu sua senha? Clique aqui para se
cadastrar na M&T As novidades da L&C em seu computador
gravar senha

Edição #160
novembro de 2012
Índice da Edição 160
Destaque
Direção de Fotografia
Editorial
Galeria
Holofote
Iluminando
Em Foco
Produtos

Cadastre seu e-mail e
receba nossa Newsletter
As novidades da L&C em seu computador
Capa: Bolshoi no Brasil
Toda a beleza do terceiro ato de Raymonda, encenado no Festival de Dança de Joinville
por Rodrigo Sabatinelli 19/11/2012

Em julho passado, a 30ª edição do Festival de Dança de Joinville - que há alguns anos entrou no Guinness Book na condição de "maior festival anual de dança do mundo" - foi marcada pela encenação de um verdadeiro clássico do balé de repertório: o terceiro ato de Raymonda. Interpretado por 85 alunos da Escola do Teatro Bolshoi no Brasil e contando, ainda, com as participacões da primeira bailarina do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, Cecília Kerche, e de Denis Vieira, jovem bailarino do mesmo teatro e ex-aluno da Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, o espetáculo foi iluminado, na ocasião, pelo lighting designer Diego Hernández, que em 2010 já havia trabalhado na estreia do Ballet Giselle, também da Escola Bolshoi, na comemoração dos 10 anos do Bolshoi no Brasil.

Em entrevista à Luz & Cena, Diego revelou detalhes sobre a produção, dirigida por Pavel Kazarian, cenografada por Carlos Kur e Adriana Schrott e com figurinos de Tatiana Artamonova. Segundo ele, que adaptou a luz criada por Mikhail Sokolov, o ato encenado no festival é considerado o destaque da obra, pois leva aos palcos majestosos figurinos e fortes interpretações coreográficas de dança a caráter.

"Este ato, o terceiro de Raymonda, retrata uma grande festa, que acontece no parque do castelo de Jean de Brienne e celebra o casamento de Jean e a protagonista Raymonda, abençoados pelo rei Andrei II", disse Diego ele sobre o balé, que se passa na Idade Média, na época das cruzadas, e conta a história de Raymonda, uma mulher fascinante que tem seu amor disputado por dois homens: um príncipe cristão e um cavaleiro sarraceno ("sarraceno" era uma das formas genéricas utilizadas por cristãos da Idade Média para se referirem a árabes e muçulmanos).

O iluminador conta ainda que, por ser a representação cênica de um salão de festas de um palácio húngaro, não foi difícil recriar a iluminação do espetáculo. "A luz do balé [Raymonda], na verdade, tem o papel simples e fundamental de iluminar o espaço de forma brilhante, homogênea e pura, preenchendo-o todo sem roubar a atenção do espectador", completou.

RIDER RICO PARA ILUMINAR TODO O PALCO

O rider de luz que serviu a Raymonda foi composto por cerca de 50 refletores elipsoidais Source Four, da ETC, entre eles 19, 26, 36 e 50 graus; 12 lâmpadas PAR multilentes Source Four, também da ETC; 16 fresneis de 2.000 W Arena, da DTS; 264 lâmpadas PAR 64 foco 5; 32 lâmpadas PAR 64 foco 2; 60 PAR64 LED RGBW, da MGN; 12 minibruttes - sendo seis deles com quatro lâmpadas e os seis demais com seis lâmpadas -; cinco ribaltas de LED Fourtech, da American Pro; 18 moving heads Idea LED 300, da SGM, e 24 moving heads spot 1200 AT, da Robe, entre outros. Com um total de 156 canais de dimmers MKII, da C.I. Tronics, o mapa teve ainda oito buffers DMX, da HPL, com oito saídas.



O palco do Centreventos Cau Hansen, onde foi realizada a apresentação, tem medidas confortáveis para grandes balés: 18 por nove metros de boca de cena e 20 metros de urdimento. Por conta disso, se fez necessário calcular tudo em grandes quantidades e pensar em ergonomia. Foram passadas mais de 500 vias de AC e sinal DMX. A fim de que nenhum cabo passasse pelo chão, foram montadas duas estações de dimmer, suspensas por estrutura Q50 e talhas presas ao urdimento, uma acima do backstage e outra um uma passarela frontal.

Na iluminação de frente, feita principalmente com spots de 1.200 W e canhões seguidores, os refletores ficaram em duas passarelas, a aproximadamente 20 metros de distância do palco. Ainda no setor, as PAR receberam Full CTB, Sky Blue e Golden Amber - para brilho e uma leve nuance de cor - e os elipsoidais serviram para não deixar nenhuma região pouco iluminada e não incidir diretamente em reguladores, pernas e bambolinas.

Para as luzes cruzadas dentro da caixa, distribuídas em sete varas, as PAR, com gelatinas Full CTB, Sky Blue, Golden Ambar e Medium Pink, foram distribuídas em nove áreas. Além das cruzadas, Diego não abriu mão da luz de pino, "feita com os fortes fresnéis de 2.000 W e os spots de 1.200 W desfocados, para tirar qualquer sombra que pudesse ser vista no linóleo", explicou.

Os contras foram feitos com as PAR distribuídas em outras quatro varas, resolvendo, com isso, um problema típico de recortes pelas bambolinas. "Para iluminar a sacada do castelo usamos as ribaltas, que têm um estreito ângulo de abertura e boa intensidade, apesar de não contar com o canal branco", diz.

As luzes laterais foram feitas com os elipsoidais, distribuídos em 14 torres, sendo sete por lado. A escolha por estes refletores se deu em função da necessidade de ter brilho e recorte preciso sobre os bailarinos, além, claro, de uma boa abertura na distância pequena dos bastidores.

Para iluminar os elementos cenográficos, tais como lustres, colunas, brasões e o castelo pintado, Diego usou moving heads wash LED. De acordo com ele, os equipamentos, que têm uma enorme gama de cores, facilitaram a afinação. "Havia dúvidas por parte do cenógrafo quanto ao uso da tecnologia LED em suas telas pintadas à mão, mas, no final, ele acabou gostando do destaque e da possibilidade de escolha dos tons exatos", destacou.

Por fim, para o agradecimento final e reverência ao público, o iluminador lançou mão dos bruttes, distribuídos nas passarelas e nichos do teatro, que teve cerca de nove mil pessoas na plateia. "Gosto de mostrar aos jovens bailarinos a energia passada pelos aplausos e pelos sorrisos de satisfação do público", afirmou, justificando o uso do equipamento.

TIGER TOUCH NO CONTROLE DE TUDO

Na edição passada do festival, a mesa utilizada foi a tradicional Avolites Pearl 2010. No entanto, neste ano, o controle dos equipamentos ficou a cargo de um console modelo Tiger Touch, da mesma marca. "Queríamos garantir os backups de cenas, então optamos por trabalhar com duas Tiger Touch, mesas que permitem a gravação dos grupos na tela externa e que têm todos os efeitos convencionais prontos para qualquer tipo de improviso por parte dos iluminadores, algo que foi sentido pelos coreógrafos já nas primeiras noites. O equipamento se mostrou eficiente e prático", destaca Diego.

Hernández acrescenta que, para 2013, a Doremix está propondo um sistema de gravação em um estúdio 3D por meio do software Wysiwyg Perform, projetado por Josiano Prado, light designer da empresa, que será, possivelmente, controlado pelo sistema Grand MA. A Doremix deve investir, ainda, em refletores elipsoidais de LED e canhões seguidores da Robert Juliat, além de moving heads wash de 1.200 W.



Mesmo com tantos equipamentos à disposição, Diego conta que optou por fazer uma luz simples nas duas cenas que fazem parte do espetáculo - a inicial e a que é regida pela trilha sonora assinada por Alexander Glazunov. "Na cena de abertura, por sugestão do cenógrafo Kur, eu destaco o belíssimo castelo pintado a mão por ele, com luzes night blue dos moving SGM", diz, acrescentando que, durante o espetáculo, os canhoneiros tiveram de estar atentos às entradas e saídas de cenas.

"Eles, que deviam entrar nos momentos e posições certas, se comunicavam com os operadores a todo instante. No entanto, as incontáveis horas que passaram dentro de salas de ensaio serviram para organizar esses momentos do espetáculo", explica.



O iluminador também lembra que a escolha das cores das luzes foi feita sob análise dos tecidos usados na confecção dos figurinos dos bailarinos - verdadeiros clones dos utilizados no Teatro Bolshoi. "Como havia uma predominância do tom branco, optei por usar, em todos os refletores, inclusive nos elipsoidais ETC e fresnéis Arena DTS, gelatinas Lee 201 Full CTB.

CENÁRIOS E FIGURINOS TAMBÉM SÃO DESTAQUE

Para reproduzir no Brasil o cenário original de Raymonda, foram convidados o cenógrafo uruguaio Carlos Kur e a artista argentina Adriana Schrott. Juntos, na ocasião, eles utilizaram uma pequena maquete e a técnica de desenho em escalas. Com isso, projetaram, a partir de pequenas imagens, as grandes telas, com mais de dez metros de altura por 20 de largura, que abrilhantaram o ambiente cênico do balé.


"A Escola optou por produzir o cenário em Joinville, sob os olhares críticos de sua direção e equipe de funcionários. Foi o primeiro cenário produzido internamente pela instituição, seguindo o exemplo do Teatro Bolshoi, que produz os seus", conta Diego.

"A primeira base de tinta foi feita em tecido de algodão cru. Em seguida, entraram cores e sombreados, que deram dimensão e volume aos desenhos e proporcionaram um efeito em três dimensões", explica Carlos Kur, sobre a produção das pinturas.

Estilista e funcionária do Teatro Bolshoi de Moscou, a russa Tatiana Artamonova também produziu, para as apresentações nacionais, peças semelhantes às originais do espetáculo. Auxiliada pela equipe brasileira do Bolshoi, ela precisou de muito esmero com todos os itens, ricos em detalhes, como tudo feito pela companhia de seu país de origem.

"A ideia era produzir tudo o mais semelhante possível dos figurinos originais, que tinham muitos bordados. Para que ficassem impecáveis na hora da estreia, tivemos que nos dedicar integralmente a eles", lembra ela, que durante a pré-produção do espetáculo viajou a Moscou, de onde voltou munida de referências visuais, tais como fotos, vídeos e mostras de tecido, fundamentais para a reprodução fiel dos itens usados em cena.



Além de Tatiana, Diego foi outro que teve que ir à Rússia para uma espécie de "imersão" no universo da companhia. Sua viagem fez parte do projeto Intercâmbio de Capacitação de Artistas e Técnicos no Teatro Bolshoi de Moscou, contemplado, por meio de edital público, pelo Fundo Nacional de Cultura do Ministério da Cultura.

"Em 188 anos de Teatro Bolshoi, fui um dos pouquíssimos iluminadores estrangeiros a adentrar as dependências deste verdadeiro 'patrimônio da humanidade'. Lá, pude observar as técnicas aplicadas na escola russa de iluminação cênica e cenográfica de grandes balés, óperas e orquestras. Oportunidade que considero, sem dúvida, inesquecível", conta ele, que durante a viagem reuniu informações sobre a iluminação original do balé, executada, até então, por Mikhail Sokolov.



DOREMIX ILUMINA FESTIVAL



A encenação de Raymonda, bem como cerca de outras 240 apresentações realizadas durante oito noites de festival, foi iluminada pela empresa Doremix. A programação e a operação das cenas ficou a cargo de três lighting designers da empresa.

No Teatro Juarez Machado, onde ocorreu a Mostra de Dança Contemporânea, a Doremix esteve presente com cerca de 96 canais de dimmer C.I. Tronics MKII, além de levar um vasto arsenal de mais de 150 refletores, divididos entre elipsoidais S4 e Junior ETC, S4 PAR multilentes, set lights, loco lights, fresnéis 1KW Telem, PAR 64LED RGBW MGN e minibruttes, controlados por um console ETC Express 48/96, sob coordenação do paulistano Flavio de Andrade.

A Doremix iluminou, ainda, palcos como o da Feira da Sapatilha e o do Shopping Miller. Estes ambientes contaram com equipamentos como refletores PAR64, PCs e minibruttes, além de máquinas de fumaça, tudo controlado por 24 canais de dimmer C.I. Tronics MKII, um console Avolites Pearl 2008 e um ETC Express 48/96.
Versão para impressão de
“ Edição #160:  Capa” Envie este artigo
para um amigo

 ARTIGOS RELACIONADOS - CAPA
MADE FOR TV (Edição #137 - 10/12/2010)
Luz sem fronteiras (Edição #81 - 01/04/2006)
Amores e perdas (Edição #129 - 12/04/2010)
José Dias (Edição #115 - 11/02/2009)
Show de horrores (Edição #135 - 22/10/2010)
Luz & Cena © Copyright 2000 / 2024 - Todos os direitos reservados | Política de Privacidade
Est. Jacarepaguá, 7655 salas 704/705 - Rio de Janeiro - RJ CEP: 22753-900 - Telefone: 21 2436-1825