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sexta-feira, 11 de agosto de 2006
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No seu home studio |
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Comprando equipamentos
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por João Filho
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Diferentemente dos temas de artigos passados, neste mês a minha preocupação é dar, mais que uma sugestão, um alerta para o pessoal que está começando. A maioria das pessoas que tem home studio hoje está preocupada em como investir o pouco dinheiro que tem. No geral, pude notar que, na maioria, as questões têm sido bem diretas, como 'qual microfone devo comprar, o X ou o Y?' e 'você conhece a placa Beta da PowerblasticsX? Devo comprá-la?'. Ou até algumas do tipo: 'como faço para o meu mix soar igual ao do Michael Jackson?'.
Deixando de lado as brincadeiras, a música, como todos sabemos, é subjetiva. O bom e o ruim são relativos. Em relação aos equipamentos de áudio, acredito que exista o certo e o errado, dependendo da situação, e não o bom ou ruim. Raramente diante de uma pergunta direta sobre equipamento eu respondo: compre o X porque é melhor.
Sempre devolvo as perguntas com outras: para que finalidade você quer esse equipamento? Quais as características que ele possui que serão interessantes para o seu caso? Esse software tem as opções de compatibilidade e expansão de que você precisa? Você tem ambições comerciais? Depois de decididas as suas necessidades, veja se existe a possibilidade de testar o equipamento. Conhece alguém que tem? E por aí vai...
Realmente, se você quer começar no ramo, ou já está trabalhando, mas está cheio de dúvidas, acredito que existem alguns tópicos que são imprescindíveis e que facilitarão a sua vida, na hora de decidir sobre um equipamento. A partir daí você vai poder pensar se o que vai comprar realmente será útil ou não. A quantidade de informação é enorme e engenheiros já renomados continuam estudando para se aperfeiçoar ainda mais, porém um básico específico vai ajudar muito. Seguem alguns tópicos importantes:
1. Conhecimento básico de microfones;
2. Conhecimento básico sobre sistemas digitais (sample rate, bit resolution);
3. Conexões digitais, S-PDIF, ADAT-optical, AES/EBU;
4. Conhecimento básico de informática (hard drive e manuseio de arquivos);
5. Sinais analógicos (line level ou sinal de linha, mic level e instrument level).
A internet é a biblioteca moderna em que se acha de tudo, basta ter disposição. Um detalhe importante é que se você souber ler em inglês sua vida se facilitará muito.
Aqui vai um simples exemplo prático da importância desses conhecimentos. Já sabemos que os dois tipos de microfones mais usados são o dinâmico e o condensador, e as configurações mais usadas são, cardióide, omnidirecional e bidirecional. Você está na dúvida entre comprar um Neumann TLM 103, um AKG C414 ou um Shure KSM 32. São microfones diferentes, com timbres totalmente diferentes (todos muito bons) e você poderá utilizá-los para as mais variadas funções dentro do estúdio.
Neste caso, eu optaria pelo AKG C414, já que nas duas outras opções vou ficar restrito ao padrão cardióide. O C414 seria mais versátil, pois ele tem as opções omni, cardióide, bidirecional e hipercardióide. Com a opção omnidirecional, gravaria um ensaio captando todos os instrumentos da sala, ou um coral ao redor do microfone. Com o bidirecional e um segundo microfone, conseguiria testar diferentes técnicas de microfonação estéreo (como M-S ou Blumlein, por exemplo), e por aí vai. São variadas as situações.
O C414 é um mic melhor? Não necessariamente. Neste caso, suas características foram de maior utilidade para esta situação. Mas para se tomar essa decisão foi preciso ter o conhecimento básico de mics.
Esse tipo de situação se aplica à escolha de qualquer outro equipamento. Para escolher um processador digital, por exemplo, ter conhecimento básico de sample rate e bit resolution seria ótimo, porque normalmente são essas as especificações que você vai achar nesse tipo de equipamento. Basta utilizar o bom senso. Ter conhecimento técnico nunca é demais. Ele, somado ao ouvido afiado e a conselhos de amigos mais experientes, vão lhe trazer bons resultados.
Um abraço e bom trabalho a todos!
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SOBRE O AUTOR |
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Confira nesta coluna exclusiva do site M&T dicas sobre como tirar o melhor som no seu estúdio. João Filho é engenheiro de som, com formação pela Berklee (EUA), e sócio do estúdio Lontra Music, no Rio
Para entrar em contato, escreva para joaoferraz@lontramusic.com.
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