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EDITORIAL: CAMINHOS ALTERNATIVOS
por Sandro Carneiro
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21/03/2011
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A adaptação de livros para o cinema, volta e meia, provoca debates sobre o produto final e sua fidelidade à obra original. Infindáveis, como todas do gênero, as discussões sobre o assunto acabam girando em torno de dois argumentos principais. Num, o respeito ao texto literário é tido como fundamental. No outro, bradado por quem enxerga incompatibilidades entre a linguagem literária e a cinematográfica, a história é melhor contada quando se adéqua ao meio no qual será narrada.
Esse segundo caminho foi o adotado pelo diretor Marcus Baldini em Bruna Surfistinha, filme sobre a (ex-) garota de programa mais famosa do país. Ao contar a vida de Raquel Pacheco, a jovem paulistana que deixou a casa dos pais adotivos, virou prostituta e fez fama compartilhando suas experiências num blog e, mais tarde, num livro, o cineasta, que veio da publicidade, se eximiu do compromisso de ser fiel aos acontecimentos descritos nas duas publicações.
Mais interessado nas emoções da personagem, o diretor e sua equipe, composta por profissionais como Marcelo Corpanni (fotografia), Luiz Roque (direção de arte) e Letícia Barbieri (figurino), entenderam que uma linguagem mais distante do realismo atenderia melhor aos anseios estéticos da produção. Por dois motivos: evitaria os clichês do mundo da prostituição e tornaria os dramas de Bruna visualmente mais interessantes.
Este mês, a matéria de capa da Luz & Cena trata exatamente disso: de como as memórias de Raquel foram transpostas e recodificadas do livro para o cinema, onde, até o fechamento desta edição, se mantinha com a segunda melhor estreia do ano no Brasil. Outro destaque na revista é a fotografia do programa Conexão Direta, assinada por Brenno Castro. Inovadora para os padrões da TV (mesmo a fechada, na qual a atração é exibida), ela se destaca pela câmera solta, a luz estourada e o fundo desfocado, que guia o telespectador. O mais interessante, porém, é que foi construída com câmeras fotográficas e sem o auxílio de equipamentos de luz, dispositivos que, por sua presença ou ausência, foram determinantes para a "cara" do programa, o primeiro do canal GNT com 15 minutos de duração.
Indo para o campo da dramaturgia, a peça A Lua vem da Ásia é mais um espetáculo cuja cenografia faz uso de projeções. Baseado no romance surrealista do autor mineiro Campos de Carvalho, o monólogo utiliza "paredes" de tecido para ambientar as ações do seu protagonista, o ator Chico Diaz. Os detalhes da solução aplicada ao espetáculo, assim como as mudanças na iluminação do Festival de Verão de Salvador, que trocou o fornecedor dos equipamentos do palco principal, você encontra nas próximas páginas. Aproveite!
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