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agosto de 2010
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galeria: Ensolarada Sucupira
Planejamento suaviza obstáculos da luz natural nas locações de O bem amado
por Dudu Miranda 12/08/2010
foto: Divulgação
Quando recebi o convite para fazer o longa O bem amado, fiquei realmente nervoso. Transpor para o cinema um clássico da televisão que todos conhecem, e com Guel Arraes na direção geral, era um desafio e, ao mesmo tempo, uma oportunidade para mostrar meu trabalho. Tinha consciência de que eu e o Paulo Souza, meu companheiro na direção de fotografia do filme, teríamos muitos problemas para resolver.

As locações foram selecionadas com base em sua semelhança com Sucupira, a fictícia cidade litorânea do interior baiano em que se passa a história de O bem amado. O município de Marechal Deodoro, em Alagoas, foi a escolha perfeita (para ambientar a trama que se desenrola na "pérola do norte", como o personagem Odorico Paraguaçu se refere à cidade que governa). Mas a luz inclemente do sol parecia uma "roubada". Às 9h, tinha-se a impressão de que era meio-dia, e assim continuava ate às 16h. Como resolver essa situação de forma rápida?

Com os personagens com roupa de época num calor infernal, pedir um minuto para ajeitar algo (do esquema da luz) era quase o mesmo que lançar uma ofensa pessoal. Ou seja, tudo teria que acontecer como mágica, o que não combina muito com a estrutura de cinema - arte na qual a câmera e a luz se movem mais lentamente devido ao tamanho e ao peso dos equipamentos. Como contornar essa situação? Afinal, qual luz ou butterfly gigantescos ficariam prontos num estalar de dedos?

Mas, nesse projeto, diferente do que aconteceu em outros do qual participei, houve um planejamento de dois meses antes das filmagens. Foi com a diretora assistente, Olívia Guimarães.  Só assim foi possível prever o que aconteceria no set, saber cada passo. Para se ter uma ideia, os atores sempre chegavam (para filmar) debaixo de guardassóis. Com o olho na câmera, e com a exposição do filme já preparada para a cena que seria rodada sob a luz natural do sol, eu não conseguia vê-los na sombra formada pela proteção. Só quase no "Ação!" o elenco envolvido saía correndo de baixo do guardassol, finalmente aparecendo no visor (do equipamento). Com o nível dos atores, é claro que eles acertavam de primeira. Então, o pepino de fazer tudo sair perfeito sobrava para gente (da fotografia). Confesso que muitos cabelos brancos nasceram durante essa fase de produção.

Em relação às cenas em ambientes fechados, as que eram para se passar à noite não poderiam ser feitas neste período do dia. O Guel não queria trabalhar a madrugada toda. Como era locação e não havia um estúdio, construímos uma imensa bolha negra ao redor do prédio usado como cenário da Prefeitura, deixando prontos o "dia" e a "noite". E aí, em no máximo cinco minutos, mudávamos a luz conforme as necessidades do plano de filmagem. De fato, a quantidade de equipamento era duas vezes maior. Mas o prazer de ver a noite virar dia era inigualável.

Quanto ao ritmo, era intenso. Mesmo com toda a preparação, tínhamos a sensação de estarmos sempre atrasados. No entanto, o esforço recompensou. Dá para ver cuidado e zelo no que foi impresso no negativo. Agradeço demais à minha equipe e espero que todos apreciem essa recriação, já nas salas de cinema.

Dudu Miranda começou no cinema em 1989, como assistente de câmera do cineasta Walter Carvalho. Seu primeiro trabalho como diretor de fotografia foi no curta-metragem Numa beira de estrada (1990), de Marcos Gutman. Depois, fez documentários (Grupo Corpo), filmes publicitários e clipes (MV Bill e Caetano Veloso, entre outros).
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