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Galeria: A riqueza do tear de Villela
por Rosane Muniz e Fausto Viana
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18/12/2007
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Há muitas formas de se contar uma história no teatro. Uma delas é pelo aparente silêncio das vestes escolhidas para cada personagem: nelas, nos pequenos detalhes, estão as histórias, as "tramas" e impressões de vida e construção de uma narrativa. As cores, os tecidos e o corte revelam o que muitas vezes nem precisa ser dito.
É da brejeirice das Minas Gerais que vêm os figurinos elaborados para Romeu e Julieta, na montagem do Grupo Galpão, de Belo Horizonte, que estreou em 1992. O original figurino, assinado por Luciana Buarque, nos salta aos olhos nessa peça que marca o início do ciclo Gabriel Villela com o grupo mineiro.
Villela conduz a universal tragédia de Romeu e Julieta para o coração da cultura popular brasileira, quebrando os padrões nas formas até então existentes de se criar um Shakespeare. A liberdade imposta nesta indumentária de traços fanfarrões, na rua, sobre pernas de pau, absolutamente teatral, mas criada nos corpos dos atores, com trajes garimpados no acervo do grupo e transformados, nos confere a verdade do diretor, que disse acreditar que a roupa tem imagens que chegam antes da palavra.
A linguagem é inspirada em Guimarães Rosa e no sertão mineiro. Mas a impressão que se tem é quem vem das pequenas rodas nas portas das casinhas coloniais, da conversa boa ao pé do fogão de lenha e da afetividade daqueles brasileiros.
"Flor, linda flor..." é a modinha que embalou o amor dos dois jovens e que os dois autores destas poucas linhas se emocionam só de lembrar. O que deve acontecer com os povos de mais nove países pelos quais o espetáculo passou.
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Fausto Viana é professor de cenografia e indumentária da ECA USP
Rosane Muniz é jornalista e pesquisadora
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