De maio a agosto deste ano esteve em exibição a exposição do artista inglês Antony Gormley, na galeria do Southbank Centre, em Londres. Ocupando toda a galeria, a mostra era na verdade uma retrospectiva desse importante artista contemporâneo.
Entre vários trabalhos com enfoque no corpo humano se destacava a instalação denominada Blind Light (mesmo título da exposição).
Particularmente interessante para nós iluminadores, a obra era na verdade um grande aquário de mais ou menos 400 metros quadrados com paredes de vidro e umidificadores que criavam uma forte névoa. Lâmpadas fluorescentes (que o público não via) criavam uma blind light, ou seja, luz cega. Nas palavras do artista: "aqui a luz faz exatamente o contrário de iluminar. A luz cegante faz parte de uma experiência de desorientação."
Na entrada desse aquário era possível ler em uma placa que a obra era propositadamente desorientadora, com muito pouca visibilidade e que pessoas claustrofóbicas ou com problemas nos nervos deveriam tomar cuidado.
Foi realmente uma experiência incrível. Era possível ouvir pessoas correndo e falando perto de mim, mas era impossível ver a um palmo do nariz. Eventualmente as pessoas se chocavam ou davam de encontro com a parede. Isso tudo a despeito da forte luz que em vez de iluminar, cegava.
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Tomás Ribas é iluminador e editor técnico desta revista.