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galeria: Ao natural
Sem flashes, fotógrafa registra a vulnerabilidade de criações humanas à ação da natureza e do tempo
por Bárbara Porto
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22/10/2010
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foto: Arquivo Pessoal Bárbara Porto |
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Porta de madeira 'redecorada' por fungos: semelhança com jardim, para uns, e com media player, para outros |
Dei meus primeiros passos na fotografia, lá se vão uns quatro anos, imaginando que me tornaria uma fotógrafa especializada em retratos de pessoas e fotojornalismo. Comecei a trilhar esse caminho, mas não foi nele que segui. Cheguei a participar e a organizar diversos passeios fotográficos. Neles, fazia cliques sem me pautar por um tema específico. Em casa, ao me preparar para a edição das imagens, notava que, mais do que retratos ou fotos de cunho social, meu cartão de memória estava sempre cheio de muros, paredes, portas e janelas com cores fortes e texturas bem marcadas, e quase sempre em recortes, brincando com linhas e formas. Outra coisa que percebi foi que a maior parte dessas fotografias era de objetos e construções desgastados pelo tempo. Portanto, revelavam texturas, cores e padrões inusitados. Acabei por abraçar esse tema e me dedicar mais a ele. Até hoje diria que, esteticamente falando, esse é um dos tipos de fotografia que acho mais interessante - uma mistura do que no meio fotográfico denomina-se urban decay (algo como "decadência urbana") com geometria e cores fortes.
Ainda dentro dessa temática, percebi que me interessava, sobretudo, pela interferência da natureza nos objetos e construções feitos pelo homem. Lembro-me de uma frase que ouvi ainda criança, assistindo a Parque dos dinossauros. Em uma cena, quando são encontrados indícios de que os dinossauros-fêmea do filme não precisam mais de machos para a reprodução, um cientista diz: "A natureza sempre encontra um meio". Essa frase nunca me abandonou. E a natureza também se infiltrou na minha fotografia. Comecei, então, a procurar os meios que a natureza encontra para se impor nesse mundo que o homem, em vão, supõe dominar. É o caso da porta que aos poucos vai sendo 'redecorada' por fungos, ganhando novas cores e um padrão semelhante a um jardim, para uns, e à tela de um media player, para outros.
Para fotografar esse tema, sempre prefiro a luz natural. Gosto que a foto se pareça ao máximo com o que vi ao fotografar. Isso significa preservar as condições de luz do momento do clique. Particularmente, no dia em que o registro publicado aqui foi feito, o tempo estava muito nublado. Com isso, a luz da tarde estava mais difusa, o que resultou numa iluminação excelente, sem necessidade de flash ou de grandes ajustes no Photoshop. Para ser sincera, pouquíssimas vezes fotografei com flash. Realmente sou fã da luz natural. Talvez esta seja mais uma maneira de deixar a natureza interferir no meu trabalho. Ela é mais que um assunto, é parceira na composição da foto.
Bárbara Porto, que faz questão de se intitular uma fotógrafa amadora - "palavra, aliás, que amo" -, participa da primeira galeria virtual de fotos e ilustrações no Brasil: a Foto na Parede (www.fotonaparede.com.br).
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