Luz & Cena
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Edição #154
maio de 2012
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Capa: Futurismo registrado
Cenografia e iluminação dão show à parte em gravação de DVD de Thiaguinho
por Rodrigo Sabatinelli 18/06/2012
foto: Lucas Motta
Em junho de 2011, os integrantes do Exaltasamba, um dos maiores expoentes do atual samba brasileiro, anunciaram o fim do grupo. De lá para cá, com o intuito de dar um "até breve" ao público - uma reunião futura não foi totalmente descartada -, eles se apresentaram em diversas cidades do país. Paralelamente aos shows que marcaram a despedida do "Exalta", Thiaguinho, seu principal vocalista, planejou uma glamourosa estreia solo. E sabendo da importância de voltar aos palcos com uma superprodução, o empresário do artista, Fábio Francisco, não mediu esforços: investiu pesado na escolha dos profissionais que estariam ao seu lado na produção de um DVD, que acabou sendo gravado ao vivo nos dias 5, 6 e 7 de abril de 2012, no Credicard Hall, em São Paulo.

"O Fábio sabia que podia contar com a gente. Havíamos trabalhado juntos em outros DVDs, como, por exemplo, o último do Exalta, e viramos parceiros. Ele entendeu o tamanho desse projeto e convidou a Joana [Mazzucchelli] para dirigir. Ela, por sua vez, nos chamou para cuidar da iluminação e da direção de fotografia", disse Marcos Olivio, lighting designer e diretor da Spectrum Iluminação, locadora paulistana especializada na gravação de DVDs e na transmissão ao vivo de programas musicais de emissoras como MTV, Nickelodeon e Multishow.

Mas Olivio, que assinou a iluminação e a fotografia do DVD, fez questão de destacar que, além de ter reunido uma equipe competente para o projeto, Fábio acertou na forma como o planejou. De acordo com o próprio, o executivo começou a falar disso [do DVD] no início do segundo semestre de 2011, ou seja, muito antes da gravação, o que, de fato, viabilizou muitas coisas, pois, com tempo de sobra, foi possível fazer um estudo financeiro do projeto e torná-lo real. "Se esse convite fosse feito há um mês, certamente não teria os mesmos custos. Seria muito mais dispendioso, financeiramente falando", contou.

Responsável pela cenografia e direção de arte do espetáculo, Ludmila Machado engrossou o coro e disse que, por conta do longo tempo que tiveram para planejar as coisas, tudo foi feito de maneira minuciosa e estruturada. Dessa maneira, o projeto, que havia sido apresentado logo nas primeiras reuniões, foi executado da forma como foi concebido, salvo uma ou outra adaptação estrutural, o que não foge à regra em casos de grandes produções como esta.

"Quando optei por usar uma estrutura cênica não-convencional, sabia que não poderia errar. Tudo dependia muito da exatidão da construção e, claro, de todo um planejamento para o transporte e a montagem do cenário. Ao concebê-lo, pensei até mesmo na forma como seria armazenado. Tanto é que, aqui no Credicard Hall, ele foi retirado da carreta de modo que cada uma de suas peças entrasse na casa pronta para ser montada. Ousar, às vezes, exige de nós um envolvimento maior", explicou ela.

Beirando o indescritível, o projeto, de formas inusitadas, mostrou-se um verdadeiro emissor de luzes. A opção por algo tão específico foi explicada pela própria Ludmila, que há tempos desejava trabalhar com painéis de LED flexíveis, de maior envergadura que o de costume, na construção de um ambiente cênico. "Quando Fábio [empresário de Thiaguinho] nos disse sobre seus objetivos, entendi que era a hora certa de lançar mão disso. Por coincidência, em maio do ano passado conheci alguns modelos de placas de LED da LED & Cia, empresa daqui de São Paulo, e finalmente pude utilizá-los", disse.



Por conta das grandiosas dimensões do cenário [são sete pistas de 13 metros de altura formadas por aproximadamente 800 placas de LED], Fábio teve de abrir mão da venda de um total de 1.500 ingressos [500 por dia de apresentação do pagodeiro], correspondentes aos camarotes localizados no nível mais alto da casa de shows. A "manobra", no entanto, foi "bancada" pelo empresário, que, de acordo com Ludmila, sempre se mostrou envolvido com as ideias propostas. "Ele sequer questionou [o fato de o projeto extrapolar a tradicional caixa cênica]. Muito pelo contrário. O que queria era que tudo saísse do jeito que saiu, grandioso, imponente, e, para isso, realmente, não mediu qualquer tipo de esforço", disse a cenógrafa.

LUZ EM PARCERIA COM DANNY NOLAN

Na gravação de DVDs como o de Thiaguinho, que esbanja complexidade, no bom sentido, dividir tarefas pode ser uma excelente solução. E foi pensando nisso que mais uma vez Olivio convidou o também lighting designer Danny Nolan. O trabalho, realizado a quatro mãos, é mais um no currículo da dupla, que há anos trabalha junta. "Danny esteve e está conosco em diversos trabalhos, como os DVDs de Parangolé, NX Zero e Victor & Leo, entre outros. É sempre bom trabalhar com ele, pois tenho a certeza de que tudo será bem feito", elogiou, referindo-se ao amigo, que é iluminador do cantor Sting e de muitos outros artistas internacionais.



Neste trabalho, Olivio e Nolan cuidaram, respectivamente, do desenvolvimento do rider e da programação das luzes. Basicamente, enquanto o primeiro desenhava a planta, o segundo criava as cenas. "Danny estava na Europa com o Sting e comecei a programar as músicas, mas ele voltou e acabou assumindo essa função. Ele me deu essa folga [risos] e, com isso, me permitiu cuidar de outras coisas relacionadas ao projeto, como o suporte no desenvolvimento do cenário", disse Olivio.

Mas a equipe que comandou as luzes do DVD de Thiaguinho não se resumiu à dupla. Ao lado dela estiveram outros profissionais de similar importância, tais como Menga Cruz, que cuidou dos vídeos do show, e Paulo Lebrão, que assumiu o operacional dos consoles MA. "Nós temos um envolvimento que vem de outros projetos. Fazemos praticamente tudo com a Ludmila e a Joana, que é nossa parceira há tempos, e o fato de nossa equipe se conhecer bem facilita toda a logística de trabalho. Sabemos do comprometimento de cada um e isso nos deixa tranquilos, certos de que tudo vai sair como planejamos", explicou Marcos.

FUTURISTA É APELIDO

Inspirado em shows de Madonna e Michael Jackson, entre outros, o cenário de Ludmila mostrou muita versatilidade ao vivo. Por conta de sua mobilidade, ao longo do show, alguns de seus elementos "revelavam" e "escondiam" a banda de apoio de Thiaguinho. Como se não bastasse, ele proporcionou à diretora DVD a captação de takes inusitados, bem diferentes dos tradicionais.

"Trabalhamos com 14 câmeras, posicionadas em pontos distintos do cenário e da plateia. Se o cenário fosse padrão, é bem provável que os takes também seguissem a simplicidade. No entanto, como ele foi concebido com formato e dimensões diferentes, a equipe teve de estudar novos planos de imagem", disse. "Aqui, no Brasil, passamos muito tempo pensando em utilizar somente o fundo do palco italiano. Mas, modestamente falando, cenários como este, que tem 360 graus, com fundo, piso, teto, laterais e contraplano integrados, mostram que há muito mais a ser explorado por iluminadores", completou.

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Mas nada disso foi pensado isoladamente. Segundo Ludmila, um bate bola com a diretora do DVD "amarrou" bem as ideias durante o período de concepção do cenário. "Ela participou. Sugeriu ideias. É sempre assim. Não dá para ser diferente. Não se pode pensar somente em criar - é preciso saber como as criações serão exploradas. E com a Joana a edição é sempre muito rica. A grua, por exemplo, é bastante editada. Tem um papel fundamental no dinamismo dos DVDs dirigidos por ela. Na verdade, os projetos dela são sempre cheios de eixos furtivos de câmera. Isso é uma característica", encerra.

MOVINGS CLAY PAKY FAZEM PARTE DA HISTÓRIA DO PROJETO

O projeto de luz do DVD teve, nitidamente, uma grande quantidade de equipamentos. No entanto, Olivio fez questão de destacar a importância do uso de elementos de indiscutível qualidade, como os moving lights Clay Paky, dentre outros. Mas essa é uma história que começa bem antes do acender das luzes do show de Thiaguinho, e que o próprio lighting designer contou em detalhes.

"Há alguns meses, eu e Ridano [Daniel, diretor da MA Lighting no Brasil] fomos até a fábrica da Clay Paky. Nosso objetivo era tentar trazer a empresa de volta para o Brasil, pois há tempos, sua distribuição havia sido suspensa e pouco se ouvia falar na marca por aqui", disse. "Chegando lá, com o projeto do DVD debaixo do braço, mostrei ao presidente da fabricante, que se encantou e 'abraçou' a causa. O único 'detalhe' era que eles tinham cerca de 1.500 aparelhos para fabricar e entregar antes de começarem a pensar nos nossos. Ou seja, tecnicamente, não teriam tempo hábil para nos atender", completou ele, referindo-se a encomendas feitas por nomes como Beyoncé e Paul McCartney, entre outras estrelas da música pop internacional que usam os equipamentos da marca.





Logo após a investida de Olivio, o alto escalão da Clay Paky se reuniu e, em conjunto, enxergou na "investida" do iluminador a possibilidade de voltar a atuar no país. Afinal de contas, além da intenção de Olivio em adquirir 60 aparelhos, havia, ainda, o interesse de Ridano em se tornar distribuidor da marca em nossa praça, o que acabou acontecendo. "Eles conversaram e decidiram 'mexer' na produção. Fizeram uma manobra no planejamento e nos incluíram na disputada lista de pedidos. Na verdade, ali já tínhamos um plano B, pois não poderíamos colocar em risco o projeto do Thiaguinho. Mas, por intermédio do Ridano, conseguimos deixar tudo 'amarrado' e o negócio foi fechado", lembra, acrescentando que, desde então, a Lighting Bits, de Ridano, passou a distribuir a marca no Brasil.

O tal equipamento ao qual Olivio se refere se chama Sharpy. Trata-se de um moving light de apenas 48 cm, com 16 kg e que, apesar de trabalhar com uma lâmpada de 189 W, tem um longo e potente alcance, capaz de fazer arregalar os olhos de muito iluminador. "A ótica dos equipamentos da Clay Paky é diferente. Foi desenvolvida pelo próprio dono da empresa e é ainda mais valorizada por conta do uso das lâmpadas Phillips, quase sempre presentes nas montagens de seus produtos", disse Olivio. "E o Sharpy tem grandes diferenciais, como a troca rápida de cores, que é uma das mais velozes que já vi, belos efeitos de bogo e um facho que se parece muito com o de um laser", prosseguiu.

Quem também se mostrou surpreso com a qualidade do equipamento foi Danny Nolan. Para o lighting designer, o que faz do Sharpy um bom aparelho é o fato de sua engenharia ter sido cuidadosamente pensada. Ele disse que "a grande potência de sua lâmpada está diretamente relacionada à sua construção, pois o aparelho é fabricado com uma única lente para foco". E o que isso significa, ele pergunta, para em seguida responder. "Que a luminosidade encontra menos 'barreiras' nele do que nos aparelhos que operam com duas lentes."

CORTINA E MANGUEIRA DE LED DÃO ACABAMENTO AO PALCO

Outros equipamentos usados no DVD foram a LED Ball e o Versatube. A LED Ball é uma cortina de vídeo LED da SGM, empresa que, conhecida por fabricar moving lights, recentemente foi comprada pela Martin e mudou seu foco. Já o Versatube é uma "mangueira" de LED bastante utilizada para delimitar os contornos dos palcos em grandes shows.

Assim como o Sharpy, da Clay Paky, a LED Ball também vem sendo utilizada por grandes artistas em suas turnês, como, por exemplo, o U2, que usou o produto em sua última turnê, Vertigo. O modelo usado por Olivio, no entanto, ainda não está disponível, pois trata-se de um protótipo. E, de acordo com o iluminador, já chega ao mercado com alguns diferenciais. "Dentre eles, o problema de superaquecimento, que foi sanado pela fabricante", adiantou.



Sobre o Versatube, o lighting designer disse que o equipamento é de grande utilidade. O grande diferencial do produto, na sua opinião, está no fato de os pontos de LED serem praticamente invisíveis. "Ao contrário dos demais produtos do gênero, em que vemos exatamente onde estão os LEDs, neste a luz não é pontual, é espalhada, o que gera perspectiva. O equipamento se parece com uma lâmpada fria. A diferença é que trabalha com cores", explicou.

MA LIGHTING NO CONTROLE DAS OPERAÇÕES

Olivio escolheu os consoles grandMA para "administrar" toda a parafernália de luz e vídeo. De acordo com o lighting designer, as mesas, distribuídas no Brasil pela Lighting Bits, oferecem segurança e permitem que ele e sua equipe trabalhem sem maiores preocupações. "Somos especializados na transmissão de shows ao vivo e na gravação de DVDs, duas situações em que não se permite, de forma alguma, uma falha técnica, pois isso pode condenar a qualidade dos produtos", disse. "Com as MA, esse tipo de receio nem passa pela nossa cabeça", completou.



Quem também elogiou os consoles foi Danny Nolan. Para ele, mesas inteligentes como a MA têm diferenciais fundamentais. "Com elas, é possível trocar os aparelhos do rider mantendo a programação de seus cues, por exemplo, dentro do mesmo timing. Sem contar que sua interface é uma das mais 'transparentes' que já vi", disse, lembrando que, como usuário, ele e Olivio, sempre que podem, trocam informações com a fábrica. "Damos a eles um feedback para que melhorem, a cada dia, a construção dos seus produtos", encerra.

 
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