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quinta-feira, 1 de outubro de 2009
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Lugar da verdade |
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Nível de prontice para gravar
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por Enrico de Paoli
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Sim, outro dia eu estava lendo um artigo na web, e este termo me chamou a atenção. Não me lembro ao certo, mas alguma banda comentava sobre o quão prontos estão os artistas independentes quando produzem suas gravações. As dificuldades são tantas - formação da banda, ensaios, repertório, instrumentos, arranjos, produtor (se é que existe um), engenheiro (idem), e por aí vai -, que no exato momento da gravação todos já estão estafados do projeto. Assim sendo, obviamente, o que é captado está longe de ser o melhor. Se já não bastasse a conhecida frieza do estúdio, bem diferente da troca de energia existente em uma performance ao vivo.
Cada vez mais percebo que as preocupações existentes durante a produção de um projeto estão com os valores invertidos. O que você vai gravar e para quê? Você "precisa ter um disco" ou não aguenta mais manter toda aquela obra contida aí dentro de si? Independente do motivo, o resultado tem que ser incrível. Aliás, eu não uso esse termo à toa. Que músicas vai gravar? Lembre-se, não é preciso gravar 12 músicas se só existem 11 que mereçam estar no projeto. Aliás, se você só tiver uma música, também não precisa deixar de gravála porque só tem ela.
Suas músicas não precisam ter metais ou solos de sax. Mas podem ter. Se uma música fica bem com percussão, pode ser que todas as outras não fiquem. O mesmo com os vocais. Qual é o problema de apenas duas ou três músicas terem vozes abertas? Para mim, se a personalidade musical do artista é forte, ele pode variar à vontade na sonoridade, que ainda vai continuar tendo um projeto coerente. Use instrumentos eletrônicos quando quiser sons eletrônicos, é simples assim. E não existe guitarrista melhor ou pior, existe um estilo que combina com aquilo que está fazendo. Um pouco vago, não? Sim, é bem difícil dizer como fazer para soar bem. Entretanto, é bem fácil ouvir algo e perceber que não está legal. Não está? Troca. Faz de novo. Ou, simplesmente, esquece esse instrumento, ou até mesmo a música.
É você quem vai arranjar e tocar? E gravar e mixar, também? Masterizar? Bom, não está escrito em nenhum lugar que é possível, ou não, fazer tudo isso, mas cuidado com o barato que sai caro. Afinal, o mais precioso de tudo é o seu tempo. Você não quer um CD. Você quer um CD bom, ou melhor do que isso!
Escolhido o repertório (gaste bastante tempo nessa etapa, pois, afinal, o repertório é a obra), e concebidos os arranjos e estilos no estúdio (finalmente), não corra. Preste atenção nas pegadas dos músicos. Combinam? Atenção no que vou dizer agora: uma música que soa muito bem, redonda, na hora da gravação, tem chances enormes de soar ótima mixada. Uma música que está estranha, ou engraçada, no dia da gravação, provavelmente não vai soar tão melhor do que isso quando pronta. Grave, regrave, mas não passe do ponto. Descanse e ouça com ouvidos frescos. Nem que sejam frescos depois de apenas cinco minutinhos ouvindo outra coisa. E, finalmente, vá ao banheiro do estúdio e olhe no espelho. Você sente orgulho de quem vê ali? O final desse artigo é a sua resposta (se a prontice ocorreu, ou não)!
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SOBRE O AUTOR |
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Enrico De Paoli é engenheiro de gravação e mixagem ou sound designer. Agora com seu INCRIVEL MUNDO das MIXAGENS, recebe projetos de todo o país para serem mixados, de forma que o cliente fica online
Para entrar em contato, escreva para cartas@enricodepaoli.com.
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