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Edição #148
novembro de 2011
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Perfil: As aventuras do quarteto fantástico
Sócios da Folguedo Produções contam detalhes de seus projetos de cenografia
por Rodrigo Sabatinelli 20/11/2011
foto: Arquivo Folguedo
Por 23 anos, a carioca Claudia Alencar foi peça do departamento de cenografia da Rede Globo, onde criou cenários para minisséries como Hilda Furação e O Quinto dos Infernos e especiais musicais como Pavarotti e Som Brasil, entre outros grandes projetos da emissora.

No entanto, em 2005 a profissional teve a oportunidade de abrir sua própria empresa, a Folguedo Produções, que hoje conta com mais três sócios: o também cenógrafo Jean Carneiro e os arquitetos Leo Bungarten e Juliana Câmara.


 
A Folguedo é, segundo a própria Claudia, uma empresa quase familiar com atividade multifacetada, afinal de contas, realiza, a oito mãos, trabalhos de planejamento, pré-produção, execução de cenografia para projetos culturais, corporativos e institucionais, além de projetos para dramaturgia (cinema, teatro e TV) e entretenimento (DVDs de shows ao vivo, entre outros) e conteúdos como vídeo, animação e textos para projetos especiais.

"O Leo foi meu assistente no teatro. Juntos, assinamos a cenografia da peça Eu e Meu Guarda-Chuva, uma ópera rock infantil escrita por Branco Mello, Ciro Pessoa e Hugo Possolo, com Andrea Beltrão no elenco", destaca Claudia. "O Jean, por sua vez, foi nosso parceiro em alguns trabalhos ao longo desses anos e, por causa disso, também tornou-se sócio, assim como a Juliana, que era nossa estagiária e agora também faz parte da sociedade", completa.

Logo no início, quando ainda pertencia a Claudia e a outro sócio, a Folguedo encarou seu primeiro grande desafio: a concorrência para cenografar a Semana do Rio em Paris, uma rodada de negócios entre empresários fluminenses e franceses que fazia parte do Ano do Brasil na França. Informados da licitação por Paulo Santos, fotógrafo do Casseta & Planeta, eles ganharam a disputa, que previa a criação de ambiências para diversas empresas e entidades - entre elas, Michelin, Firjan e Sebrae - em um edifício construído no século 17.

"Nosso projeto tinha a função de mostrar setores como Turismo, Audiovisual, Mobiliário e Construção Civil, Tecnologia da Informação e Indústria de Alimentos. Nele, utilizamos elementos gráficos correspondentes a cada um destes segmentos, além de fotos do Rio Antigo e imagens atuais da cidade", explica Leo.

Por ter sido executado em um prédio histórico, construído no século 17, o projeto teve de ser realizado sob uma série de cuidados. Segundo Claudia, "houve, por parte da empresa, uma grande preocupação com a execução de todas as etapas do trabalho. Mas toda cautela foi recompensadora, afinal de contas, este projeto foi o pontapé inicial da Folguedo. Antes dele, eu sequer havia participado de uma licitação", comenta, com bom humor.

DE VOLTA À TV

Em 2006, a Folguedo criou toda a cenografia da novela Paixões Proibidas, da Band. Dirigida por Ignácio Coqueiro, a produção de época, gravada em um estúdio carioca, exigiu que a empresa montasse uma grande equipe, que contou com a participação de Marcelo Lipiani como cenógrafo assistente. Também ficou a cargo da Folguedo a construção dos ambientes e a escolha de elementos como móveis e lustres, entre outros.

"O cenário era fixo, todo feito em madeira, porém com alguns elementos reais, como, por exemplo, as pedras São Tomé. Nas paredes, um revestimento com massa de cimento dava texturas diferentes a todas elas", conta Leo. "Uma das coisas importantes deste projeto foi a oportunidade que tivemos de trabalhar com a Bia Pessoa, que trouxe para nós uma técnica diferente de pintura-arte", acrescenta Claudia. "Ela chegou no trabalho com conceitos muito específicos. E a tal massa que usou criava texturas que eliminavam quase que por completo aquela expressão 'dura' do MDF, dando a ele um ar mais natural", avalia.

Para a novela, foram criados cerca de 25 ambientes, entre eles uma hospedaria, uma igreja, um convento, uma taberna, uma mansão, alguns escritórios e diversas casas, além de uma ruína onde morava uma personagem louca. Intervenções também foram feitas em fachadas de edifícios utilizados pela produção da emissora. "Mas, em alguns casos, tivemos que construir totalmente o cenário, como foi o caso da Câmara Municipal e da ruína. O resultado ficou mais cinematográfico do que de costume, dando mais possibilidades para as câmeras, no sentido positivo", lembra Jean.

ENTRANDO NO RAMO DE EXPOSIÇÕES

No ano seguinte, a Folguedo assumiu a criação e a execução da cenografia de três projetos relacionados à música: as exposições sobre Braguinha, Tom Jobim e Pixinguinha. A mostra a respeito de Braguinha ficou em cartaz no Rio de Janeiro por três meses. Depois, foi levada para o Palácio de Cristal, em Petrópolis, Região Serrana do estado, onde foi readaptada.

"Como a fachada do palácio é toda de vidro, decidimos que seria interessante mexer na estrutura cênica da exposição. As três exposições fizeram parte do Festival de Inverno, promovido pelo SESC", destaca Jean.

"Utilizamos elementos do músico no espaço para contar um pouco da história dele. É sempre mais legal utilizar esses elementos, que tornam as exposições mais atraentes e menos burocráticas", emenda Claudia. "Trabalhamos com o lúdico para lembrar as fases do artista. A vida em Copacabana, as trilhas para a Disney, a série Disquinhos, a Rádio Nacional...", reforça Juliana.

Em 2008, mais uma vez a empresa se voltou para a dramaturgia. Dessa vez, ficando responsável pela cenografia, no Brasil, da minissérie Equador, uma produção da Plural Portugal e TVI. No trabalho, realizado em três cidades diferentes - Cachoeira, cidade histórica do Recôncavo Baiano, Valença, no interior do Rio de Janeiro, e Bananal Paulista, no interior de São Paulo -, o maior desafio da equipe foi produzir um celeiro que sofreria um incêndio.

 "Ao contrário do que as pessoas pensam, uma cena de incêndio não se passa num único lugar, pois é muito arriscado para atores e equipe. Nesse caso, é preciso usar dois espaços distintos: o exterior, para tomadas gerais, e o interior, para tomadas com os atores falseando o exterior", explica Jean.

Pouco depois, as exposições voltaram a fazer parte da vida do quarteto. "Fizemos uma exposição de comemoração dos 50 anos do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular, numa galeria que fica nos jardins do Museu da República", recorda Leo. O projeto, que consistiu em intervenções na fachada e no interior do espaço, teve iluminação de Henrique Leiner.

"Costumamos trabalhar com alguns parceiros, como o Leiner. São pessoas que consideramos importantes para o enriquecimento dos nossos projetos", afirma Claudia. "Além dele, trabalhamos com outros iluminadores, como Tomás Ribas, Paulo Custódio, J.A. Protásio e Rubens Gonzaga", completa.


PORTUGUESES ENSINAM TÉCNICAS SUSTENTÁVEIS

Apesar de ter vasta experiência na criação de cenários para dramaturgia, Claudia conta que ter cenografado a novela Correntes, uma produção da Plural Portugal para ser exibida somente neste país, lhe trouxe novos conhecimentos. Um deles foi a forma como os portugueses pintam as madeiras usadas na construção dos espaços cênicos.

"Eles têm um método diferente, uma forma particular de forrar as madeiras com papel de parede para não ter de pintá-las diretamente. É uma opção que visa a questão da sustentabilidade, bem diferente da nossa maneira de trabalhar. Essa técnica eles aprenderam na BBC", diz ela.

A cenógrafa lembra ainda, que, apesar de o trabalho ter sido projetado no Brasil, antes teve de vivenciar um pouco do dia a dia dos portugueses. "Visitamos diversas casas, afinal de contas, precisávamos saber como é a vida dos portugueses. Seus costumes, a forma como se relacionam com os ambientes, enfim, todo tipo de informação que pudesse nos orientar nessa criação", destaca. "Em um dos ambientes, usamos pintura de arte em motivos florais, que foram escaneados, impressos em papéis de parede e posteriormente aplicados em pilastras e alguns cantos", completa Leo.


Ainda em 2009, na arquitetura, a Folguedo deixou sua marca em outro trabalho de grande importância, o evento de lançamento do Hotel Windsor Serrador, localizado no centro do Rio de Janeiro. Com iluminação de Leiner, o projeto teve de Sky Walkers na fachada a calhas de LED na cobertura e moving lights no térreo, além de uma decoração que remetia ao teatro de revista e ao rio antigo.

TECNOLOGIA EM EVENTOS CORPORATIVOS

Já no ano passado, a Folguedo assumiu a produção geral do evento que a Vale promoveu em comemoração à reabertura do Theatro Municipal e aos 68 anos da companhia. O cenário deste trabalho foi concebido em parceria com o fotógrafo André Horta, que tem no currículo trabalhos como o longa Dois Filhos de Francisco.

"Foi um projeto que reuniu um supertime de profissionais, dentre eles Jorginho de Carvalho, na iluminação; Mu Chebabi, na trilha-sonora; e Christiane Jatahy, na direção", destaca Claudia. "E, de fato, da abertura ao encerramento, foi um trabalho rico em detalhes, com direito a momentos emocionantes, como o número em que a bailarina Ana Botafogo dançou sem música, apenas com um microfone amplificando o som de sua respiração", diz Leo.


Falar sobre eventos corporativos, aliás, faz com que Claudia toque numa questão curiosa, que mostra muito do perfil da Folguedo. Para ela, de alguns anos para cá, a tendência é que este tipo de trabalho seja cada vez mais artístico e menos burocrático.

"Os clientes estão atentos a tudo. Gostam de misturar tecnologia com cenografia. Eles sabem da importância que a criação exerce sobre os seus projetos", diz. "Recentemente, fizemos um evento para a Unimed e utilizamos a técnica do video mapping como elemento cenográfico. O resultado ficou, na minha opinião, muito interessante", completa.

GRUPO CRIA 44 CENÁRIOS PARA NOVELA

Dentre os projetos realizados pela Folguedo nos últimos meses, sem dúvida alguma, um dos mais expressivos foi a cenografia de estúdio da novela Vidas em Jogo, produzida pela Rede Record e dirigida por Alexandre Avancini, com quem Claudia já havia trabalhado. O projeto, totalmente criado e produzido pela empresa, abrangeu o desenvolvimento de 44 ambientes, outra vez formando uma grande equipe, que contou com a participação das cenógrafas Carla Tavares e Regina Valentino.

"Todos os cenários eram mega, pois os personagens ficam ricos no decorrer da trama. Daí, você imagina a área construída deste projeto. Foi a primeira vez em que uma emissora terceirizou serviços de projeto de cenografia com uma empresa em vez de ela mesma realizar o trabalho", diz Jean.

A cenógrafa destaca ainda que, na era do HDTV, os cuidados com os acabamentos dos cenários são sempre grandes. Para ela, que afirma ser detalhista em tudo o que faz, dar conta de mais de 40 ambientes distintos foi, no mínimo, desafiador.

"Desenvolvemos uns papéis de parede para cobrir os MDFs e 'esconder' suas expressões, que, geralmente, são muito feias. Além disso, usamos massas e rolos nessas pinturas e acabamentos. Um bom cenário, na minha opinião, tem de parecer realista, tem de ser rico, do ponto de vista dos detalhes e texturas", afirma.

Claudia também faz questão de desatacar que a iluminação tem papel determinante na relação do cenário com as câmeras. "Num projeto de cenário de televisão, os pontos mais importantes são o posicionamento dos espaços em planos, que criam as profundidades e perspectivas; as entradas de luz, janelas, básculas etc.; e, ainda, o posicionamento de luminárias e abajures. Um universo está diretamente ligado ao outro, principalmente porque a luz é o que destaca as qualidades e, quando não é bem feita, revela suas imperfeições", acrescenta Juliana.

"Esse trabalho foi desenvolvido em conjunto pela equipe da Folguedo com os diretores e Ricardo Fujji, diretor de fotografia, através de reuniões semanais em que avaliávamos o projeto em 3D e alterávamos tudo em consenso. Tanto o resultado quanto o processo foram enriquecedores", conclui Claudia.


 
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