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Revista Luz & Cena
Análise
Sonar 2
Software de Seqüenciamento e Gravação de Áudio
Luciano Alves
Publicado em 01/02/2003 - 00h00
Divulgação
Janela Principal do Sonar 2.1 (Divulgação)
Janela Principal do Sonar 2.1
Introdução
O primeiro software conjugado de gravação de áudio com seqüenciamento MIDI lançado pela Cakewalk (Twelve Tones) foi o Cakewalk Pro Audio, também denominado Cakewalk 4.0. Os avanços da versão 3.0 para a 4.0 foram imensos, já que a primeira não permitia a tão esperada gravação para hard disk sincronizada com a parte seqüenciada, utilizando-se um único software. Na época, era necessário gravar em um software e seqüenciar em outro, e a sincronização entre ambos era uma verdadeira luta. A saída mais lógica era gravar todo o material de aúdio em gravadores analógicos de fita e sincronizar com a parte de MIDI
através do sinal de sincronização SMPTE. Este procedimento foi a salvação adotada durante muitos anos mas nem sempre funcionava perfeitamente: qualquer falha na fita, pouco nível do sinal ou uma variação na velocidade da máquina gravadora fazia com que as duas partes saíssem de sync. Quando o computador acompanhava o gravador analógico até o final da música sem nenhum problema, era motivo de festa.
Meu primeiro disco (Quartzo - 1989) e o segundo (Baobá - 1992) foram produzidos utilizando SMPTE massivamente. Produzi muitos discos, jingles e trilhas para TV utilizando esse sistema e as batalhas para sincronização deixaram traumas: atualmente, mesmo com os sofisticados sistemas de sincronização entre material gravado e seqüenciado, fico catando se algo não está fora de sync. Se, por exemplo, o baixista deu uma ligeira viajada no ritmo, ouço o mesmo trecho dez vezes para ter certeza de que foi proposital e não uma falha...
Hoje em dia, os sistemas de gravação e seqüenciamento informatizados proporcionam muita segurança. Músicos e produtores podem relaxar e trabalhar em suas funções sem se preocupar com questões técnicas. Os softwares conjugados (áudio/MIDI) proporcionam inúmeras possibilidades de edição do material registrado, engrandecendo a própria criação musical.
Já que a Cakewalk vem produzindo softwares musicais de qualidade desde os primórdios do Windows, passou a ser a opção predileta para registrar música na plataforma IBM-compatível. A empresa vem investindo no desenvolvimento e aprimoramento do Cakewalk desde o início dos anos 1990 até chegar na atual versão Sonar 2.1. Há, ainda, a versão 2 XL, a qual considero uma ótima opção de software a ser implementado como central de um sistema de DAW (Digital Audio Workstation) baseada em computador para produção de CD.

Descrição
Software seqüenciador MIDI e gravador de áudio multipista para hard disk. Pode ser utilizado para composição, registro, correções de execução, notação musical, edição de áudio, criação de loops e patterns, aplicação de efeitos DSP, acoplamento de música para clipes e filmes, e ainda para mixagem. Logicamente, a utilização massiva de todos estes recursos exigirá um computador potente e muito bem configurado.
Suporta os formatos WAV (áudio no Windows), AIFF (áudio no Apple) até 24bits/96kHz, MID (padrão MIDIFiles), ACID Wave (arquivo do ACID da Sonic Foundry), MP3 (MPEG3 - áudio comprimido), WMA (áudio comprimido da Microsoft) e os proprietários da Cakewalk: CWP (Cakewalk Project - para trabalhar no Sonar), CWB (Cakewalk Bundle - para agregar MIDI e áudio em um pacote transportável para computadores dotados de Sonar), WRK (proprietário até versão Cakewalk 9.0), BUN (agrega MIDI e áudio transportável, até versão Cakewalk 9.0).
A resolução de seqüenciamento alcança até 960 PPQ e o software ainda possibilita 16 mandadas de efeito, até 64 saídas virtuais, compatibilidade com drivers e placas que utilizem tecnologia WDM para gravação de vários canais de áudio e aplicação massiva de efeitos DSP, além de monitoração do sinal na entrada em real time com low-latency. Suporta acoplamento ilimitado de sintetizadores virtuais que utilizem a tecnologia DXi (DirectX instrument) e Rewire.
Sua versatilidade, profusão de recursos e interação com os plug-ins instalados no sistema fazem com que atue como uma poderosa Central de Processamento Musical na plataforma Windows. Além do suporte para os plug-ins de MIDI que vêm sendo desenvolvidos pela Cakewalk desde a versão Pro Audio, possui, ainda, total integração com os plug-ins DirectX do Windows e com MMC (MIDI Machine Control - para controle de todos os equipamentos de um estúdio).

Novidades
Suporte para instrumentos virtuais (software synths) das modalidades Rewire 2.0 e DXi. Foi criado um rack virtual (Synth Rack) onde podem ser inseridos os instrumentos virtuais desejados. Desta forma, é possível abandonar, gradativamente, o excesso de teclados e módulos do setup MIDI. As pistas que contêm as informações de MIDI e que tocam esses sintetizadores virtuais podem ser convertidas em áudio no campo puramente digital sem sair do Sonar.
Foi implementado o Cyclone DXi (tocador de até 16 pistas de grooves - em arquivo ACID e WAV- o qual trabalha acoplado com o material seqüenciado ou gravado). Além disso, esses arquivos podem ser disparados a partir de um transmissor de MIDI que esteja conectado na entrada de MIDI da placa.
O Groove Clip (take compatível com o ACID) é muito providencial e versátil para os que trabalham com bases loopeadas. Pode-se criar, importar, editar e exportar loops que permitem mudança de tempo e tonalidade sem perda de fidelidade.
Agora é possível salvar os arquivos de áudio pertinentes a cada projeto em diretórios distintos ao invés de somente no que fôra escolhido como local de arquivamento do áudio de todos os projetos.
O Drum Map permite mapear uma ou mais notas de uma ou de várias pistas de bateria para diferentes geradores de instrumentos MIDI (periféricos e placas) que foram conectados e reconhecidos pelo Sonar 2.
No Track View foi incluído um ícone de tesoura para fazer splits (quebras, divisões) dos clips de forma mais rápida.
O Piano Roll, agora, permite selecionar mais de um instrumento para edições de pistas simultâneas.
Permite o uso de dois monitores para visualizar diferentes janelas ao mesmo tempo (uma pode estar configurada para o Track View, enquanto a outra mostra o Console - mixer).

Instalação
O Sonar 2 roda nos sistemas operacionais 98SE, ME, 2000 e XP. A instalação a partir de CD-ROM oferece a possibilidade de instalar o Sonar 2 com seu tutorial e diversos aplicativos tais como: os DXis Cyclone, Dreamstation, Revalver, Virtual Sound Canvas (Roland) e Live Synth Pro (demo); diversos plug-ins DX (reverb, equalizer, chorus etc.); vários loops de áudio (em WAV) produzidos pela Cakewalk (Groove Clips com tempos e tonalidade ajustáveis), X-Mix e Smart Loops com riffs e patterns de bateria, guitarra e baixo. Além desses arquivos de som, automaticamente já são instalados diversos patterns de bateria em MIDI, os chamados Drum Styles e Pattern Brushes.
No upgrade de uma versão anterior para a atual, as preferências, opções globais, definição de instrumentos e local de arquivamento do áudio registradas anteriormente são transportadas se o usuário desejar. Desta forma, não são perdidas configurações importantes com as quais se está acostumado a trabalhar. A configuração de Key Bindings - que permite utilizar o teclado do micro para executar atalhos de diversas funções, por exemplo, pode ser totalmente aproveitada da versão anterior.
Logo após instalar o Sonar 2 é recomendável fazer o upgrade para 2.1 (disponível no site da Cakewalk). Além da atualização do software, está disponível o Plug-In Manager (gerenciador de plug-ins DirectX) que estava faltando no Sonar.

Rodando pela Primeira Vez
A primeira vez que o Sonar carrega, automaticamente roda a rotina do Wave Profiler que verifica as características dos componentes de música instalados no computador (com seus repectivos endereçamentos de IRQ e DMA) e determina a melhor regulagem de timing de MIDI e de áudio para os periféricos encontrados.
Logo após, é necessário escolher manualmente os dispositivos de MIDI que deverão operar para MIDI in e out, de acordo com os drivers dos periféricos de música que foram instalados no computador. No Menu/Options/MIDI Device encontram-se disponíveis todas as possibilidades detectadas na instalação.
É importante observar que o limite dos 16 canais de MIDI pode ser amplamente ultrapassado utilizando-se as saídas dos sintetizadores virtuais instalados no computador (DXis e Rewire, que podem ser inseridos em cada pista passando a suportar todos os efeitos DSP instalados), além dos instrumentos MIDI contidos na placa (do tipo multimídia) e da saída física MIDI out que terá vários teclados e módulos acoplados.
Para configurar a ordem em que os drivers aparecerão como saídas em cada pista, é necessário acessar o Menu/Options/Audio e habilitar os drivers que serão utilizados nos projetos. Por exemplo: se o periférico de áudio é um MOTU 2408 que possui suporte para ADAT Bridge que não será utilizado, é recomendável desabilitar os drivers de ADAT para que não sejam mostrados inutilmente como portas de saída em cada pista.
De qualquer forma, os periféricos mais recomendáveis são os que suportam e disponibilizam drivers para Windows da tecnologia WDM (Windows Driver Model) ao invés da antiga MME (Multimedia Extensions). A WDM proporciona menos atrasos, suporta comodamente maior número de canais de áudio estéreo e trabalha com o XP, 2000, ME e 98SE.
Em seguida, configura-se a janela principal. Similar às versões anteriores do Cakewalk para Windows, pode-se ajustar a disposição de cada ítem do Track View.

Componentes da Janela Principal
Track Pane - situa-se à esquerda e lista todas as pistas com suas respectivas propriedades: nome, canal de MIDI, status (solo, muted ou archived), Patch, Volume, Source (MIDI ou áudio), Key (transposição), Velocity (dinâmica), Time + (offset do track por inteiro), Port (qual a saída da placa que está sendo utilizada), Bank (banco de programa) e Pan. Quando a pista é de áudio aparece o VU para monitoração de gravação e de playback.
Clips Pane - situa-se à direita, no campo dos compassos, e mostra as informações registradas, que podem ser de MIDI ou de áudio.
Bus Pane - aparece na parte inferior do visor quando clica-se no ícone de Show/Hide Bus Pane. É onde se acoplam efeitos DSP dispostos na ordem Auxiliar 1, 2 etc. Nos auxiliares são inseridos efeitos virtuais que funcionam de forma global (reverb, compressor etc.) os quais podem ser acessados a partir do Send de cada pista (ao invés de inseridos em cada uma).
Transport Tool - pode ser acomodado em qualquer ponto da tela. Mostra controles similares aos dos gravadores de fita (play, stop, record etc.). No Sonar 2, foi inserido o botão de Audio Engine para solucionar situações onde ocorrem realimentação, atrasos exagerados (high-latency) e duplicação de áudio (echo, looping), causadas pela monitoração direta da entrada da placa (quando o Input Monitoring do Menu/Options/Audio está habilitado).
Além desses, são apresentados os mesmos ícones e contadores presentes nas versões anteriores: contador de tempo baseado em SMPTE, localizador em compasso/tempo/clicks, posicionador de localização de looping, tonalidade da música para o Staff View (visualizador de partitura) etc.

Sobre os Clips
A partir do Cakewalk Pro-Audio, os blocos de informações gravadas ou seqüenciadas passaram a receber a denominação de Clips. Estes podem ser quebrados (split) ou agrupados (bounced) quando for necessário. Quando é desejado, por exemplo, copiar um bloco inteiro de MIDI para uma nova pista (de forma a colar a execução de um instrumento para outro), basta clicar no Clip e arrastá-lo com o mouse para o local de destino.
Como, agora, os softwares seqüenciadores não apresentam mais pequenos retângulos simbolizando cada compasso, mas sim trechos de gravação (Clips ou Takes), para copiar um compasso é necessário, primeiramente, fazer um split do Clip, subdividindo-o em diversos pequenos que podem ser de um compasso.
Pode-se atribuir nomes e cores à vontade para os Clips de MIDI e de áudio, facilitando a distinção dos dois tipos. Clicando-se com o mouse sobre um Clip de MIDI, o mesmo pode ser visualizado de três formas: notação musical (Staff View), listagem de eventos em forma numérica (Event List) e barras representativas das características de cada nota entrada (Piano Roll). Já os Clips de áudio são mostrados pelo construtor de loopings (Loop Constructor) ou pelo software editor de áudio que havia sido instalado no sistema antes da instalação do Sonar 2. Os editores detectados passam a ficar acessíveis no Menu/Tools.
Por intermédio do zoom pode-se expandir a visualização do conteúdo de cada Clip. Assim, o mini display alcança amplitude suficiente para mostrar, nota por nota, informações seqüenciadas via MIDI, ou formas de onda da gravação de áudio.
Um recurso muito interessante é o Slip Editing, que muta uma porção de um Clip sem apagá-la. Ao esconder algumas notas ou um trecho inteiro, o material não é mais ouvido, mas seu conteúdo permanece presente. Essa propriedade promove uma nova forma de construção da música. Antes desse recurso, para esconder parte de um Clip sem apagá-la, era necessário quebrá-lo no ponto desejado, copiar o trecho para outra pista e ligar o mute. Agora, basta esconder a porção que se quer mutar. No trabalho final de limpeza do arranjo, é possível deletar as partes escondidas para economizar espaço de HD e de memória.


Tela demonstrando o Slip Clip

Seqüenciamento

Para seqüenciar, pode-se partir de um dos tamplates (padrões) de um novo projeto, ou mesmo de um arquivo previamente construído para as finalidades mais comuns.
Escolhe-se em qual pista e canal de MIDI deseja-se iniciar o seqüenciamento. No campo In, assinala-se a porta por onde entrarão as informações de MIDI (o driver de MIDI in da placa MIDI instalada). Direciona-se o campo Out para o instrumento MIDI que vai responder à execução em tempo real e às insformações seqüenciadas.
Para iniciar o seqüenciamento, clica-se no R do Track Pane para armar a gravação e, em seguida, no ícone R do transporte. Para parar, tecla-se a barra de espaço ou clica-se no Stop e para ouvir o material recém registrado clica-se no Play. As informações seqüenciadas podem ser visualizadas e editadas nas três formas seguintes:
Piano Roll - mostra as notas como em cartões de piano roll, por intermédio de pequenas barras horizontais representativas das notas e seus tempos em relação ao compasso. Com a ferramenta de audição (ícone de alto-falante), pode-se ouvir as notas gravadas, dragando-se com o mouse.
Event List - mostra a listagem numérica de todos os eventos seqüenciados. Dentro da Event List, dragando-se a linha horizontal inferior, aparece o Controller View, que é a representação dos controladores correspondentes ao que foi seqüenciado (modulation, volume, balance, pan etc.). Estes podem ser editados ou desenhados com o mouse.
Staff View - mostra as notas seqüenciadas, em forma de partitura musical. Também é possível editar notas e passagens, copiar, apagar, mudar durações etc. A partir do Staff View é possível imprimir a partitura de quantas pistas tiverem sido selecionadas.
Console - é o mixer do Sonar. Todos os eventos do tipo controller e efeitos de cada pista são mostrados com um display de um mixer similar ao analógico. Através do console é também possível adicionar diversos plug-ins de DSP, ajustar e regravar volumes, panorâmico etc.


Console - mixer do Sonar 2.1

Gravação de Áudio

Primeiramente, é necessário verificar se a fonte sonora está devidamente conectada ao mixer físico (para o caso de fontes que precisam de pré-amplificação) ou diretamente na entrada da placa de áudio. Muitas interfaces já possuem pré-amplificador antes do conversor de AD, dispensando um mixer físico.
A monitoração visual do nível de gravação pode ser feita olhando-se o VU da pista em questão ou do Controle de Monitoração instalado juntamente com o periférico digitalizador de áudio (mixer proprietário ou do próprio Windows).
Ajusta-se a resolução e a sample rate para 16bits/44,1kHz ou 24bits/96kHz e seleciona-se a pista onde se deseja gravar. Para começar a gravação de áudio, o procedimento é idêntico ao de MIDI, ou seja, arma-se a pista e tecla-se o R.
Os arquivos de áudio são guardados no diretório designado como local de arquivamento através do Menu/Options/Global/Folders sendo que, a partir do Sonar 2, foi implementada a possibilidade de separar os arquivos pertinentes a cada projeto em locais distintos. Após as gravações, diversos arquivos WAV são gerados. Para apagar arquivos que não serão mais usados em nenhuma música, utiliza-se o comando Menu/Tools/Clean Audio Folder. Jamais apague um arquivo de áudio de um projeto pelo File Manager do sistema operacional.
Além de gravar, é possível inserir arquivos de áudio (WAV, AIFF) em qualquer pista através do Menu/File/Import Audio. Já os Groove Clips podem ser inseridos de forma mais rápida: clica-se no ícone do Loop Explorer e draga-se o clip desejado com o mouse para o local exato da pista onde se deseja incluí-lo. A vantagem de inserir Groove Clips é que esses passam a seguir o andamento da seqüência. Mesmo os arquivos WAV podem ser convertidos para Groove Clips de forma que possam ser reutilizados em outras músicas. O único problema é que esta facilidade faz com que as músicas fiquem pasteurizadas, como podemos observar em alguns segmentos da música brasileira devido à facilidade de se montar bases a partir de material pré-gravado.

Compatibilidade com Rewire e DXi
O Sonar 2 suporta a inserção de instrumentos e tocadores de loops das categorias Rewire 2.0 e DXi. Essa última exige que a versão do DirectX 8.0 esteja instalada no computador. Os instrumentos ou tocadores dessas duas categorias devem ser inseridos na pista em que se deseja acoplá-los. É importante entender que esses instrumentos virtuais funcionam como plug-ins e não como geradores físicos que figuram no Menu/Options/MIDI Devices.
Ao se inserir um instrumento DXi em uma pista de MIDI, automaticamente é acrescentada uma nova pista contendo o DXi selecionado que passa a ser a via de passagem para a saída de áudio. Logo, o usuário deve se acostumar a trabalhar com pistas dobradas (uma com as mensagens de MIDI seqüenciadas e outra utilizando essas mensagens para disparar seus sons virtuais). Ao solar, mutar ou armar para gravar, as duas são afetadas. Inclusive, é possível adicionar-se efeitos DSP nessa nova pista contendo o instrumento DXi.
Após escolher definitivamente qual o instrumento DXi ou Rewire que se encaixa perfeitamente no arranjo, suas respectivas pistas de origem podem ser convertidas para áudio real por intermédio do Bounce to Tracks. Esta implementação representa um grande avanço já que os projetos passam a não depender de quaisquer instrumentos de teclados ou módulos, e até mesmo de geradores de instrumentos MIDI (geralmente, de baixa qualidade) disponíveis nas placas multimídia.

Conclusão
Desde as primeiras versões dos seqüenciadores para Windows, a Cakewalk tem sustentado o status de primeiro colocado no ranking dos produtores de softwares musicais para PC. Em todos os produtos lançados, a interface sempre foi extremamente simples, agradável e eficiente para o trabalho diário. Obviamente, a partir do Sonar 1, o software tornou-se mais complexo (sem chegar a ser complicado) devido à própria expansão do conceito de DAW. Todas as dúvidas que surjam podem ser esclarecidas no manual de 618 páginas, de programação visual excelente. Há, também, o folheto com instruções rápidas e descrição dos atalhos de teclado.
Os testes realizados com uma máquina modesta (Pentium III de 800 megahertz) proporcionaram resultados surpreendentes. Compus uma música de três minutos utilizando todos os recursos possíveis: gravando áudio direto da saída estéreo do meu teclado principal; seqüenciando com o mesmo e gravando o resultado via áudio; seqüenciando e redirecionando o resultado para o VSC DXi (Virtual Sound Canvas que vem no CD-ROM do Sonar 2) e, em seguida, convertendo essa execução em áudio pelo barramento interno; inserindo Groove Clips de bateria e de percussão; adicionado reverb na melodia via effect send e compressor na bateria em tempo real. Ao invés de fazer um Bounce (mixdow) para duas novas pistas e depois exportar o resultado, simplesmente marquei e exportei 10 pistas de áudio para um WAV estéreo (o que demandou somente 1 minuto).
Uma prova da constante evolução desse software é a implementação do recurso de Slip Editing. Há muitos anos venho aguardando algo parecido. É um avanço excepcional pois agiliza e altera radicalmente o processo de composição e de arranjo com o microcomputador. Também, a adição de efeitos via plug-in FX Pad foi providencial. Este permite amoldar a atuação dos efeitos por intermédio de movimentos rotativos do mouse.

 
O plug-in Fx Pad acoplado a uma pista no Sonar

Se o leitor estiver interessado em produção de partituras profissionais, a única saída ainda é o Finale (de preferência a versão 2003). Todos os softwares de seqüenciamento/gravação são péssimos produtores de partituras (mesmo a nível de simples registro). O que tenho observado é que o padrão de qualidade das partituras caiu consideravelmente a partir da implementação desse recurso nos softwares gravadores. Não adianta muito o software oferecer tablatura automática, grids de acordes de violão, letra de música sob melodia etc., se as possibilidades de formatação continuam sendo sofríveis.
Em alguns pontos, o Sonar parece ter sido demasiadamente orientado para os montadores de bases, o que, a princípio, causa uma certa estranheza. Por exemplo: um duplo clique de mouse sobre um clip de áudio abre automaticamente um editor de loops (o Loop Constructor) ao invés de um de áudio (como era de se esperar). Há, também, uma preocupação extra com a integração entre o Sonar e os plug-ins tocadores de loops. Isso demonstra uma tendência da Cakewalk em cativar e conquistar os DJs.
Além de ter se tornado o paraíso dos DJs, o Sonar 2 apresenta, também, ótimas inovações para músicos, compositores, arranjadores e orquestradores que pensam em música da forma tradicional: tocada do princípio ao fim, pista por pista, utilizando o velho instrumento musical. Lembram-se? O produtor avisava: "- gravando!" Aí rolava aquela adrenalina... O sistema nervoso central preparava-se para emitir milhões de mensagens para os nervos (com suas terminações conectadas aos músculos). O baterista armava o bote e atacava com a baqueta exatamente no meio da caixa, com o punch na medida. O guitarrista criava um riff diferente e o baixista passava da técnica fingered para slap... Os músicos se olhavam e rolava aquele diálogo sem palavras...
Fico aguardando para as próximas versões, algumas melhorias e correções:
O Menu/Insert/Audio Track deveria ser denominado Add Track pois a inserção é após a última pista existente. Já o Insert Audio Track com o clique do botão direito do mouse está correto pois insere acima da pista marcada.
Falta o recurso "atributos de áudio" no Clip Properties/Audio Files para mostrar os detalhes de resolução e tamanho do áudio gravado.
Deveria ser possível desarmar a gravação mesmo com o gravador rolando. Ainda é necessário parar a todo momento para desarmar.
Nas atuais versões 2.0 e 2.1 não há suporte para 24bits/192kHz e mixagem Surround 5.1, o que faz com que, na área de produção para DVD, o concorrente Cubase SX (Steinberg) leve vantagem.

Recomendo este produto para todos os usuários da plataforma IBM-compatível que trabalham com seqüenciamento e gravação digital para produção de CDs, jingles e multimídia.

Preço sugerido:
Sonar 2.0 - R$ 1.050,00
Sonar 2.0 XL - R$ 1.312,50
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13066-640 Campinas - SP
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Tel: (19) 3741-4646

Luciano Alves (www.lucal.locaweb.com.br) é especialista em teclados e Informática na Música. Em setembro, foi lançado o terceiro livro de sua autoria: Fazendo Música no Computador (Editora Campus).

 

 

 
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