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Revista Luz & Cena
Estúdio
Estúdio Reuel - 2ª parte
Entrevista com Renato Cipriano projetista do estúdio
Catalina Arica
Publicado em 01/04/2005 - 00h00
M&T conversou com o projetista Renato Cipriano, engenheiro civil, projetista e representante da WSDG (Walters-Storyk Design Group) do Brasil, que projetou o estúdio. Renato é também engenheiro de áudio e ganhador do Grammy Latino como engenheiro de gravação na categoria "Melhor Disco de Rock Brasileiro de 2004" com o CD Cosmotron do Skank.

M&T: Como foi concebido o projeto dos estúdios? O pé direito do estúdio principal (7,5m) foi um pedido dos proprietários, ou uma sugestão dos projetistas? Tem algo a ver com o espírito religioso?
Renato Cipriano:
O design do Reuel começou pelo programa acústico-arquitetônico que definimos junto ao Jairo e seu engenheiro, o Geremias. Nesse estúdio, todos os projetos, e inclusive a construção, ficaram sob nossa responsabilidade, o que nos facilitou muito o processo de desenvolvimento dos layouts.
Lembro-me bem das primeiras palavras do Jairinho quando estávamos iniciando os projetos: "Eu só quero mesmo é que os meus estúdios tenham o melhor som possível - igual ao dos gringos. O resto é com vocês, e é por isso que foram contratados".

Obviamente foi preciso partir de algumas definições básicas inerentes a qualquer edificação deste porte, como por exemplo:Tamanho e utilização de cada sala;Listagem de equipamentos; Definição das áreas de apoio, tais como escritórios, recepção, cantina, etc.;
Características arquitetônicas e tipos de acabamento.

A partir destas definições e baseados nas informações básicas do terreno, tais como os afastamentos e seu coeficiente de aproveitamento, definimos a forma geral do prédio como um todo, que acabou sendo dividido em três pavimentos.
Mas o início do layout mesmo foi feito pela Técnica principal, pois a mesma deveria possuir dimensões tais que comportasse um console de grande porte, sistema de monitoração 5.1, vários periféricos e ainda uma área ao fundo capaz de comportar no mínimo seis pessoas, além do produtor e do engenheiro. O resultado foi uma sala com aproximadamente 40m² e pé direito de 4 metros, cujo grande volume de ar exigiu um sistema de áudio capaz de preencher a sala com eficiência, por isso adotamos as caixas Genelec 1038 para os três canais frontais e 1037 para o surround, além de dois subwoofers 7070, também Genelec.
A Técnica A acabou por se encaixar dentro de um dos "golden ratios" de proporções geométricas, que foi o de 1:1,4:1,9 que, por experiências passadas de nossa empresa, é a proporção que tem apresentado melhor distribuição dos modos de ressonância e, conseqüentemente, uma resposta de freqüência mais plana, que neste caso ficou entre ±3,5dB de 24Hz a 21kHz. O comprimento da sala é de quase 8 metros, o que proporciona uma boa definição de baixas freqüências por permitir um melhor desenvolvimento de suas grandes ondas.

Após definida a Técnica A, partimos para o estúdio, que ficaria ao seu lado direito. Essa é, na verdade, a melhor forma de se trabalhar uma sala multicanal, pois, quando temos o visor na lateral da sala, conseguimos posicionar as caixas frontais na altura ideal normatizada, minimizando assim o efeito de comb-filtering causado pelas primeiras reflexões provenientes do console. Além disso, foi possível obter um grande campo visual entre as duas salas, inclusive para aqueles que se sentam no fundo dela.
Como o estúdio foi definido para comportar uma pequena orquestra e/ou um coral, sua área final ficou com 55m². Para se obter as proporções adequadas, o pé direito precisou chegar aos 7,5 metros. Isso explica a grande altura da sala, que nada tem a ver com aspectos religiosos.
O objetivo principal de se fazer uma sala tão grande, principalmente se comparada aos recentes estúdios construídos, foi o de proporcionar um maior volume de ar e consequentemente permitir que trabalhássemos sobre um tempo de reverberação maior, que pudesse ser variado devido à instalação de painéis giratórios de acústica variável. Atualmente, este tipo de sistema tem sido cada vez mais solicitado em nossos projetos de estúdios, pois permite que a sala seja usada para diversas finalidades musicais.
Aproveitando a grande altura da sala, foi possível posicionar uma outra técnica no segundo pavimento da edificação, que também pudesse ter contato visual com o estúdio principal, permitindo assim que o complexo seja utilizado de uma forma mais versátil, com uma técnica gravando um trabalho e a outra sendo usada para mixagem de outro e vice-versa.
A Técnica B também foi criada para um sistema multicanal com monitores Genelec 1031 e subwoofer 7070, dimensionados para o volume da sala.
O cliente optou por adotar sempre caixas de um mesmo fabricante para todas as salas, de forma a padronizar a referência sonora. Como todas as técnicas têm respostas acusticamente planas, os monitores soam da mesma forma, pois possuem o mesmo "timbre", inerente a cada fabricante.
Além destas salas acima descritas, o cliente precisava de um pequeno estúdio para ensaios com 30m², anexo a uma pequena técnica (com 15m²), podendo ser usada para gravações de pequenas produções. Estas salas foram construídas no pavimento inferior, abaixo da Técnica A e ao lado da cantina do estúdio. Mais à frente, explicarei por que este estúdio acabou por não ser mais apenas um "estúdio de ensaio".
Uma das características, comum em todas as salas do Reuel, técnicas e estúdios, é a presença de muita iluminação natural devido à instalação de grandes visores distribuídos pelas salas. O que mais se destaca é um visor no estúdio principal, que possui 2,5 metros de largura e 5,2 metros de altura.

Durante a etapa de cálculos, chegou-se a ter dificuldades com modos, já que as dimensões são tão grandes que as densidades se tornam enormes?
É correto pensar desta forma, mas ao mesmo tempo, as grandes dimensões nos permitem a criação de áreas de absorção de baixas freqüências, conhecidas como bass traps, capazes de reduzir o efeito das ressonâncias ao ponto de se obter uma resposta acusticamente plana. Além disso, todos os ambientes foram criados "do zero", partindo sempre das proporções geométricas ideais, que já minimizam significativamente o agrupamento dos modos e os torna mais previsíveis e facilmente controláveis.
No caso do estúdio maior, suas grandes dimensões e seu RT60 elevado proporcionam uma freqüência de corte da sala (freqüência de Schroeder) abaixo de 120Hz. Nesse caso, as freqüências modais abaixo deste valor é que são tratadas como ressonâncias e devem ser absorvidas pelos bass traps posicionados no alto da sala. Já as freqüências acima deste valor se encontram tão adensadas que produzem uma distribuição mais homogênea e passam a se comportar como raios, que por sua vez são facilmente controláveis pela instalação de elementos de tratamento com dimensões compatíveis aos seus comprimentos de onda.

Quais são as características acústicas principais, como RT60, ITDG típico, variação do RT60 com a freqüência, MFP etc?
Apesar de o RT60 ser um índice de pouca significância em salas pequenas como Técnicas e pequenas salas de estúdios, devido principalmente à reduzida distância entre o receptor e a fonte direta, ele pode, no entanto, ser medido e irá representar na verdade, o decay dos modos principais existentes. Por isso é fundamental que seja feita uma correta distribuição dos tratamentos acústicos e das inclinações entre paredes opostas, visando o maior equilíbrio entre estas freqüências.
Nas salas de controle, como são multicanal, o RT60 médio medido é de 0,3 segundos em 500Hz para a Técnica A, variando em torno de -5% por oitava acima e +5% por oitava abaixo dos 500Hz. Obviamente a Técnica B, por ser menor, possui um tempo um pouco mais baixo devido ao seu volume de ar, sendo este RT60 igual a 0,25s em 500Hz.

Na sala de gravação principal, o tempo pode variar de 0,7 a 1,3 segundo em 500Hz devido à instalação de painéis de acústica variável. Sua variação nas demais oitavas é de ±10% conforme descrito acima.
Já no estúdio menor (que a princípio seria um estúdio de ensaio), o RT60 médio ficou em 0,5 segundo, visto que a sala é também usada para ensaios com uma banda completa, o que exige um tempo de reverberação mais baixo para garantir uma melhor inteligibilidade sonora.
O ITDG (Initial Time Delay Gap), que nada mais é do que o intervalo de tempo entre o som direto e as primeiras reflexões na posição de mixagem, é de 26ms para a técnica maior (conforme a imagem obtida pelo Smaart) e 18ms para a menor. Este número tem mais significado quando estamos falando das técnicas, onde a fonte sonora e o receptor estão em pontos fixos. Nos estúdios ele irá variar drasticamente com o posicionamento dos microfones e da fonte sonora, portanto, é irrelevante fazermos tais medições.
Em ambas as técnicas, a diferença entre o som direto e as primeiras reflexões mais significativas (provenientes do fundo da sala) é superior à 21dB, impedindo que qualquer tipo de cancelamento que eventualmente existisse fosse perceptível. Isso foi obtido pela correta inclinação das superfícies mais próximas dos monitores (paredes laterais) e pela instalação de elementos difusores no fundo das salas.
O MFP (Mean Free Path) é a distância média percorrida pelo som entre as diversas reflexões e tem influência direta no RT60 de uma sala. Em salas pequenas, esta distância será pequena, como por exemplo na Técnica A que é de 1,4m, o que significa que existem cerca de 17 reflexões mais pronunciadas durante o decay de 60dB, criando um campo mais envolvente. Já no estúdio principal, cujas dimensões são bem maiores, o MFP é de aproximadamente 2 metros, havendo cerca de 9 reflexões principais durante os 60dB de decay, considerando o RT60 médio de 1 segundo, com metade dos painéis abertos.

O quanto se pode variar esses parâmetros movimentando os painéis reversíveis?
No estúdio principal, os painéis de acústica variável permitem uma variação de até +90% no tempo de reverberação, que pode ir de 0,7 a 1,3 segundo em 500Hz. Além de tais painéis, a existência de uma grande cortina cobrindo o visor maior (2,5 × 5,2m) também contribui nesta variação, principalmente em altas frequências.

Ao realizar o projeto, pensou-se em algum estilo de música em especial, ou é este um estúdio para uso geral?
Mesmo quando somos solicitados a projetar uma sala para determinado estilo musical, preferimos ignorar este tipo de informação e criar um espaço que tenha características acústicas adequadas a qualquer tipo de música e instrumento. Para isso é preciso uma sala com grandes dimensões, grande volume de ar e sistema de acústica variável.
É incompatível criar uma sala pequena que possua um som mais vivo sem que existam problemas sérios de cancelamentos, pois a reverberação nada mais é do que um conjunto de infinitas reflexões provenientes das diversas superfícies existentes na sala. Ao mesmo tempo, uma grande sala com tempo de reverberação curto ou um som mais morto é um desperdício de espaço e dinheiro, a não ser que seja uma sala destinada a foley (usada em pós-produção de cinema).
É importante salientar que uma sala com o tempo de reverberação adequado ao seu volume, variando dentro de seus limites ideais, e com uma resposta de frequência equilibrada, variando em torno de -10% à medida que se caminha por oitava em direção às freqüências altas, irá servir para as mais diversas aplicações de gravação. O seu espaço físico é que irá dizer quantos músicos irão caber em seu interior.

Algum instrumento, voz solo ou coral, é favorecido pelo desenho?
Para gravação de uma voz mais controlável deve-se se usar o sound lock do estúdio, que possui um tempo de reverberação inferior a 0,2 segundos e muitas superfícies de absorção, evitando assim os cancelamentos indesejáveis. Já para uma gravação de um coral ou uma bateria mais viva, usando a sala maior com os painéis fechados obtém-se uma coloração mais adequada. A forma da sala ou o desenho em si têm pouca influência, a não ser quando se pretende uma microfonação distante, que só é possível em salas deste porte.

A técnica, segundo Jairinho, dispensa o uso de monitores nearfield. Isto é um conceito dele, ou realmente a "intimacy" é tão grande que os monitores principais parecem estar "na cara" do engenheiro?
Na verdade, as duas coisas são reais. O fato de as reflexões principais estarem em nível muito mais baixo do que o som direto e seu intervalo de tempo ser superior a 15ms, além de um tempo de reverberação baixo, proporciona uma imagem do som mais definida, criando o que você chamou de "intimacy". Além disso, o conceito do Jairinho foi o de se criar um padrão de som em todas as técnicas do Reuel, com os mesmos tipos de monitores.
Cabe lembrar que monitores nearfield são essenciais quando se tem uma sala com problemas de natureza acústica pois, tendo-os mais próximos e trabalhando com volume mais baixo, os efeitos acústicos da sala são minimizados. Felizmente, este não é o caso das salas do Reuel, onde se pode trabalhar com altos níveis de pressão sem excitar os modos, que estão devidamente controlados.

Pode detalhar as características de cada parede e do teto da técnica?
Na Técnica principal, as paredes possuem tratamentos diversificados. A frente da sala, onde estão embutidos os monitores, nada mais é do que um enorme bass trap, com absorção de uma ampla gama de freqüências chegando a até 100Hz aproximadamente.
As laterais são formadas por grandes visores e o restante em pintura PVA. Apesar de serem superfícies bastante reflexivas, sua inclinação não permite que as primeiras reflexões cheguem ao sweet spot com intensidade suficiente a produzir cancelamentos.
Os monitores surround foram também embutidos em áreas de absorção de médias e baixas freqüências.
O fundo da sala possui um grande visor e um difusor QRD maior ainda, capaz de difundir freqüências entre 250Hz e 3,5kHz.
Já no teto existem três tipos de tratamentos: acima da posição de mixagem, temos uma nuvem acústica posicionada de forma a minimizar o modo axial referente à altura, além de outras freqüências próximas. Logo atrás está instalado um difusor de altas freqüências (entre 800Hz e 8kHz), e no fundo da sala, acima do difusor, existe um grande bass trap capaz de absorver freqüências até 40Hz, que está próxima do primeiro modo axial significativo, dado pelo comprimento da sala.

Foi necessária equalização para corrigir a monitoração?
Não diria para corrigir, mas para deixá-la o mais plana possível, saindo de ±3,5dB (o que já se considera acusticamente plana) para ±2dB, tornando-a ainda mais confiável. Foram usadas duas bandas paramétricas por canal.
Como foi a opção pelo console Euphonix System 5? Sabemos que é excelente, mas por que este modelo em particular?
Esta foi uma decisão importante que o Jairo fez. A escolha da System 5 foi devido ao fato de ela possuir Total Recall e processamento analógico do som. Desta forma, ele pode mudar de sistemas e formatos de gravação digital, sem ter que trocar ou fazer upgrades na console.
Quanto se conseguiu obter de isolamento acústico entre cada sala e o exterior, e entre salas?
A construção foi feita com alvenaria (com blocos de concreto preenchidos com areia), tendo sido seu isolamento de ruídos iniciado na fundação do prédio, pelo apoio da mesma em camadas de areia. Além disso, cada técnica e o estúdio menor possuem sistema box-within-box, feito em camadas de gesso e apoios de neoprene. O nível médio de isolamento entre as paredes das técnicas principais e o estúdio maior é superior a STC-82. Para isso, adotamos um sistema triplo de paredes entre salas e um sistema duplo entre o estúdio e o exterior. O motivo de se adotar uma eficiência tão alta se deve ao fato de que o estúdio principal pode ser usado por uma das técnicas no momento da gravação enquanto a outra pode estar mixando um outro trabalho. Como ambas as técnicas estão ligadas ao estúdio, não pode existir nenhum vazamento que possa ser captado durante uma gravação.
O estúdio menor fica localizado logo abaixo da Técnica principal, portanto ele também foi feito com sistema flutuante. Entre ele e a técnica, existem três camadas de gesso, espaço de 20cm de ar, uma laje de concreto com 20cm de espessura, nova camada de ar com 6cm e finalmente o piso flutuante da Técnica, com três camadas de gesso e duas de compensado, cobertas pelo piso acabado em madeira de demolição.

Quais as técnicas utilizadas para a atenuação de ruído de ar condicionado? Qual o nível final de ruído em cada sala?
O critério de ruído adotado para os espaços de gravaçao foi NC17 e, para as técnicas, de NC20. Para se conseguir isso, foi preciso contar com um projetista especializado e experiente, que adotou dutos especiais com alto índice de absorção, grandes seções que permitam um fluxo de ar com baixa velocidade e ainda alguns atenuadores de ruído em seu percurso. É importante lembrar que qualquer sistema de dutos de ar condicionado de um estúdio deve sempre entrar por uma antecâmara de isolamento antes de chegar à sala que irá refrigerar. Esta antecâmara é essencial para que se eliminem ruídos externos, que podem se infiltrar pelos dutos e chegar dentro das salas.

Por que AQUELE estúdio não tem piano??? Ou vai ter?
Boa pergunta. Tenho certeza que em breve veremos um naquela sala (não é mesmo, Jairo?). Afinal de contas ela realmente merece, e de preferência um de cauda inteira.
O estúdio de baixo, que seria apenas para ensaio, se mostrou de acústica muito agradável para gravação também. Muitos estúdios atuais de médio porte são inferiores a ele. O projeto foi feito já pensando nessa possibilidade (gravar)?
Estamos acostumados a ouvir este velho termo "estúdio para ensaio" mas, para nós, quando estamos projetando um espaço acústico, o termo "ensaio" não muda nada os conceitos acústicos que devem ser aplicados no projeto. O resultado disso foi que o estúdio de ensaio ficou com as mesmas características técnicas de um estúdio profissional, tanto com relação à sua resposta de freqüência e tempo de reverberação adequado, quanto ao seu nível interno de ruído, que é NC18 (que obviamente só será obtido após a substituição do sistema split de ar condicionado por um dutado). Assim que o estúdio de "ensaio" ficou pronto, tal foi a surpresa do cliente e sua equipe com o som da sala, que ele passou a ser alugado freqüentemente para gravações profissionais e perdeu o seu rótulo inicial de sala de ensaio, passando a ser o terceiro estúdio do complexo.

Quais foram os cuidados durante a construção do imóvel?
Quando fizemos a primeira visita ao local, vimos nada mais do que um grande matagal com algumas árvores de eucalipto espalhadas pelo terreno, portanto começamos tudo do zero, que é a forma mais adequada e econômica de se fazer um estúdio profissional.
Os maiores cuidados foram tomados na fase inicial da fundação, que foi toda ela apoiada em camadas de areia, visando minimizar as vibrações provenientes do tráfego local. Além disso, durante a execução das paredes de isolamento, feitas com blocos de concreto preenchidos com areia, foi necessário cuidado especial para que a argamassa usada entre cada fiada não caísse no espaço de ar entre as duas paredes, criando, assim, um ponto rígido de contato que poderia comprometer todo o critério de isolamento previsto em projeto.
Nas salas com sistema flutuante, é importante também o cuidado para que nenhuma superfície interna entre em contato com a externa. É necessária ainda a vedação de todas as entradas de áudio e elétrica existentes, que representam os verdadeiros pontos fracos que podem comprometer o isolamento.
O mais importante em todo o processo de construção de um estúdio desse nível é que exista uma equipe de trabalhadores bem treinada e consciente, além de um engenheiro altamente capacitado e sempre presente, para fiscalizar e solucionar os inúmeros problemas construtivos que sempre existem em qualquer obra, especialmente nesse tipo de construção.

Foram utilizados vidros especiais, já que existem muitos visores amplos, além das desejáveis janelas para o exterior?
Todos os vidros usados são laminados e com espessuras que variam de 15 a 22mm, dependendo do local onde foram instalados. Onde existem visores duplos ou triplos, as espessuras adotadas devem variar para que a freqüência coincidente de cada um seja diferente e não exista uma falha de isolamento nesta freqüência.
Em alguns casos, os vidros ficam inclinados entre si para reduzir o efeito das ressonâncias internas na cavidade, e ainda permitir um melhor controle de reflexões dentro das salas conforme a necessidade.

Quem projetou, e quem construiu as portas isolantes? Qual sua STC?
Infelizmente desconhecemos, no mercado nacional, um fabricante que forneça portas acústicas que não só possuam uma STC (classe de transmissão sonora) elevada mas, que ao mesmo tempo, garantam sua eficiência através de uma medição feita no local após sua instalação. Além disso, eles não fornecem tabelas indicando o TL (perda por transmissão) por terços de oitava de freqüência.
Quem projeta e ainda constrói um estúdio infelizmente não pode confiar em tais produtos. Todas as portas são projetadas e construídas pela nossa própria empresa. Usamos selos de vedação importados, que são os verdadeiros responsáveis pela eficiência final das portas, que é superior a STC40. Sonhamos com um fornecedor que nos possa atender com maior responsabilidade. Alguém se atreve?
Qual foi o prazo de construção dessa edificação tão complexa, que exige tantos cuidados especiais?
Conseguimos um prazo recorde de 13 meses de construção, contados desde a limpeza do terreno até a instalação do sistema de ar condicionado e demais acabamentos arquitetônicos. Tal façanha se deve ao fato de termos coordenado todos os projetos, desde o arquitetônico-acústico, que é nossa especialidade, até os demais projetos, incluindo o elétrico, luminotécnico, hidráulico, estrutural, de telefonia e ar condicionado.
Quando você tem em mãos todos os projetos definidos e uma boa equipe treinada, cabe ao engenheiro da obra coordenar os serviços de forma a evitar as interferências e o retrabalho, que são os maiores causadores dos atrasos e do aumento de custo.
O mérito final é mesmo do Jairinho e da Cassiane, que depositaram toda sua confiança em nosso trabalho desde o início dos projetos, deixando fluir os serviços da forma ideal, coordenada por nós.
 
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