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Revista Luz & Cena
Em Tempo Real
Anderson Chames
Márcio Teixeira
Publicado em 08/06/2016 - 00h00

O técnico Anderson de Araújo Chames, ou, como suas credenciais o apresentam, Anderson Chames, nasceu há 34 anos, no Rio de Janeiro. Apesar de novo, já tem uma carreira bem estabelecida, com nomes de peso no currículo. Pode-se dizer que tudo começou por volta dos seis anos anos de idade, quando a música, por meio de headphones, já pedia passagem em sua vida. A cama da avó virava um praticável, e Anderson soltava o braço em panelas de diferentes sons. Ou nem tão diferentes assim. "Aos oito anos ganhei minha primeira bateria de verdade, e, para alívio da família, um tempo depois comecei a me interessar pelo violão", recorda Chames. Justo quando o pessoal de casa começava a comemorar a troca de instrumentos, de um altamente barulhento por um bem mais suave, melodioso, Anderson deixou o violão de lado e abraçou a guitarra, "para desespero de todos, novamente".

Chegada a adolescência, Chames começou a ter suas primeiras experiências profissionais como músico, para, logo em seguida, tornar-se roadie, função na qual, conta, aprendeu o básico da sobrevivência na estrada. "Acho que a primeira vez que prestei atenção no trabalho de um engenheiro de mixagem foi num show do Djavan, em 1999. A sala era horrível. Um ginásio daqueles... Em todos os shows que tinha visto lá o som sempre era muito ruim, mas dessa vez notei um verdadeiro 'som de CD'. Era Enrico De Paoli no PA", destaca o técnico, enfatizando a qualidade do trabalho do colaborador de longa data da AM&T. "Depois disso, comecei a prestar mais atenção nas mixagens ao vivo. Eu já fazia muito isso com discos, mas, por ser músico, acho que as mixagens ao vivo sempre me chamaram mais atenção pelas performances dos músicos, que na maioria das vezes no palco é mais legal. Foi o que me fez me interessar por mixar shows", explica.

Passada a fase como roadie, Anderson se viu interessado pelos consoles. Depois de algumas idas a um estúdio de amigos para gravar a sua banda, entre outras pequenas experiências, o técnico achou que já podia mixar shows. "Foi quando fui substituir um amigo no teatro e quase comprometi o show por não saber, na prática, o que era ser técnico. A produtora por pouco não me matou." A bronca que Chames recebeu foi, segundo ele, tão bem dada que, depois disso, ele resolveu estudar, e após concluir um curso de fundamentos de áudio, voltou a se aventurar.

"Em 2004, comecei no teatro, fazendo um musical com banda ao vivo, e depois mais alguns outros. Até que apareceu um trabalho fixo, no Teatro Odisséia, no Rio de Janeiro, e foi lá que começou a atuação mais complexa, que me abriu as portas para trabalhos que faço até hoje", conta ele, que ficou na casa por três anos. "Foi um aprendizado maravilhoso, com ralação intensa, montagem, PA, monitor e produção técnica. Era um momento bom para shows em casas menores. A agenda era cheia e com bandas e artistas interessantes, de vários estilos", pontua Anderson, que depois começou a ser chamado para acompanhar as bandas que já tinham passado pelo Odisséia.

Entre os nomes com os quais trabalhou até hoje, destaque para Moraes Moreira, Pepeu Gomes, Orquestra Imperial, Blitz, Bruna Viola, João Donato, Moinho, Érika Martins e Emanuelle Araújo. O Vanguart, banda que conta com os serviços de Anderson há oito anos, desde que ele se mudou para São Paulo, é a atual "casa principal" do técnico, que está com o Moinho há mais de uma década, tendo também trabalhado por períodos consideráveis com a Blitz (seis anos) e Moraes Moreira (três anos).

Além de técnico de PA, Chames também faz o monitor para alguns artistas, além de atuar com produção, direção técnica, criação de trilhas pra TV e publicidade e mixando pequenos projetos em casa. Há, ainda, a veia de compositor, que tem rendido a produção, sem pressa, de projetos pessoais. Quando perguntado sobre o que é necessário para ser um bom profissional e fazer seu trabalho com excelência, Anderson destacou dois pontos básicos: interesse e comprometimento.

"Independentemente do artista, do tamanho da banda, do cachê, o atendimento ao cliente deve sempre ser o melhor que você pode dar. Tudo o que fazemos na estrada, seja algo bom ou ruim, vira vitrine. Estudar também é importante. A tecnologia nos traz um monte de coisa nova a cada semana, e se manter atualizado quanto a equipamentos e técnicas novas é fundamental", resumiu o técnico, que segue em busca de novas experiências profissionais e vê um futuro promissor logo adiante. "Tem novos trabalhos aparecendo, novos artistas me convidando para mixá-los... Espero cada vez mais poder viajar e me consolidar no mercado. Paralelamente a isso, estou aos poucos equipando um pequeno estúdio para futuras produções maiores", concluiu.



BATE-BOLA

Console: Gosto do som das Midas analógicas e digitais, mas, dos nossos "contrariders" pelo Brasil, a Mix Rack, da Avid, com um pacote básico de plug-ins, resolve tudo

Microfones: O bom e velho Shure SM58 resolve do bumbo ao oboé

Equipamento: Máquinas de efeitos - dos "pedaiszinhos" da Boss aos reverbs de armário

Periféricos: Compressor Teletronix LA-2A, da Universal Audio. Na estrada encontro e gosto muito do pré-amp Avalon 737.

Melhor processador: Lake , da Lab Gruppen

Melhor equipamento que já usou: Não é um equipamento, mas a combinação de um sistema da d&b e uma Midas Pro 6, em um cassino na Europa

Última grande novidade do mercado: Esses cases hitech pra consoles. Você guarda a mesa sozinho, sem fazer força.

Melhor casas de shows do Brasil: No Circo Voador fiz os shows mais legais da minha vida

Melhor companheiro de estrada: Travesseiro de pescoço

Melhor sistema de som: JBL Vertec

Plug-in: Um só? Qualquer um da Waves.

SPL alto ou baixo? Por que? Alto é sempre mais divertido, mas nem sempre pode. Cada caso é um caso.

Melhor posicionamento da house mix: Formando um triângulo equilátero com as torres do PA, exatamente no meio da sala

Unidades móveis: Audiomobile e Mix2Go

Técnico inspiração: Geoff Emerick

Sonho na profissão: Ter nossa profissão 100% regulamentada, com a classe mais unida e condições ideais de trabalho pra todo mundo

Sonho já realizado na profissão: Trabalhar com músicos e artistas dos quais sempre fui fã

Dicas para iniciantes: Dedique-se ao que faz; sempre dê o seu melhor em qualquer trabalho que se propuser a fazer; respeite todos os profissionais que lhe cercam - do carregador ao artista; tenha paciência para lidar com as roubadas que surgirão e saiba trabalhar em equipe, pois isso é fundamental. De resto, é estudo e estrada.
 
Conteúdo aberto a todos os leitores.