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Revista Luz & Cena
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S6L
Nova mesa dá mais corpo à família Venue
Rodrigo Sabatinelli
Publicado em 01/08/2015 - 00h00

Há dois anos sem lançar um console para mixagem ao vivo - já que a última novidade na linha ficou a cargo da compacta S3L System, apresentada em maio de 2013 -, a Avid surpreendeu o mercado ao anunciar, durante a última edição da NAB, realizada em abril passado, em Las Vegas, EUA, a chegada da Venue S6L.

Composto por uma superfície de controle, um DSP Engine e um Stage I/O, o sistema tem, entre outros diferenciais, a capacidade de processamento de aproximadamente 300 canais, além da já conhecida integração à plataforma da fabricante - o Pro Tools -, da possibilidade de uso de plug-ins AAX e do tráfego de áudio via protocolos Dante, AVB e MADI óptico, oferecendo, assim, liberdade de escolha quanto ao tráfego de inputs.

"Caçula" de uma família que tem ainda outros importantes modelos, como, por exemplo, D-Show e Profile, a mesa já conta com mais de 1.300 unidades solicitadas via pre-order e deve chegar ao Brasil em outubro desse ano. No entanto, em sua passagem relâmpago pelo país, durante a 19ª convenção da AES Brasil Expo, realizada em junho passado, em São Paulo, ela já demonstrou que vem para ser referência, a exemplo do que foram e ainda são suas "irmãs mais velhas".

Apresentada por Carlos Kalunga Branco e Ricardo "Rocoto" Mantini - especialistas de produtos Avid para aplicações ao vivo -, a S6L figura nossas próximas páginas em um panorama geral que mostra algumas de suas principais características. De acordo com Kalunga, "a mesa, desenvolvida por operadores, reflete a necessidade de seus usuários e é, em razão disso, uma das mais rápidas e inteligentes já vistas no mercado".

FEEDBACK VISUAL FAVORECE VELOCIDADE

Quando se refere à mesa dizendo ser das mais rápidas, Kalunga "passa" por alguns aspectos. Um deles é a já citada capacidade de processamento, que veremos melhor um pouco mais à frente, e o outro é o feedback visual, ou melhor, a "transparência" da qual o usuário pode desfrutar, acessando imediatamente por meio de telas touch screen de alta resolução.

"O técnico não se perde, pois está diante de praticamente todos os parâmetros necessários para sua mixagem, como, por exemplo, a inserção e os ajustes de plug-ins nos canais e a visualização dos grupos, auxiliares e VCAs, que podem ser feitos mesmo em condições desfavoráveis, como em ambientes com muita luz, nos quais a leitura dos parâmetros geralmente é prejudicada", conta Kalunga. "O fato de a mesa contar com seu já conhecido software também irá promover economia de tempo, já que todo e qualquer usuário dos consoles da marca terá total familiaridade com o sistema, sentindo-se 'em casa', com 100% de autonomia. Em dois passos, ele executa qualquer tipo de operação", garante.


PLUG-INS "CARREGAM" SOM DE ESTÚDIO PARA A ESTRADA

Dotada de uma ampla gama de plug-ins AAX (Avid Audio eXtension) DSP - como, por exemplo, delays, reverbs, equalizadores e compressores, dentre outros compatíveis com o sistema Pro Tools HDX -, a S6L se mostra uma opção para quem deseja reproduzir ao vivo aqueles sons característicos de instrumentos gravados em determinados discos, algo que, seguramente, agrada aos técnicos mais criteriosos, principalmente aqueles que apreciam a fidelidade em suas mixagens.

"É interessante quando o público tem a oportunidade de ouvir, no show, o som que está acostumado a ouvir em seu iPod. Antigamente isso era praticamente impossível [de se fazer], mas, hoje, com essa integração toda entre as superfícies, não há dificuldade alguma", conta Kalunga.

O técnico lembrou ainda que o fato de a mesa processar esses plug-ins diretamente em DSPs, independentemente de quantos canais ou auxiliares deles estiverem em uso, a torna praticamente livre de latência e de degradação de sinais, possibilitando aos usuários mixarem seus shows com maior tranquilidade, já que esses não têm que se preocupar em calcular tempos de compensações desses efeitos, dentre outras "manobras".

"O cara não precisa de 'rodadores' externos de plug-ins, já que pode acessá-los diretamente na própria superfície de controle, ou seja, na própria mesa, além, claro, de automatizar suas configurações por meio dos Snapshots, facilitando sua mix e tornando-a ainda mais refinada e detalhada a cada show", disse.


"É possível, ainda, aumentar a capacidade de processamento de plug-ins, adicionando o máximo de quatro cartões HDX ao seu processador e ir de 64 entradas de microfone até centenas de canais de entradas e saídas, conectando unidades adicionais de rack stages", completou ele.


INTEGRAÇÃO COM PRO TOOLS

O fato de ter a já conhecida integração com o Pro Tools oferece ao usuário três possibilidades: gravação, reprodução e soundcheck virtual. Para gravações, por exemplo, o Venue Link cria - em poucos segundos, a partir de seu arquivo de show - uma sessão completa de Pro Tools na qual surgem nomeados todos os canais, como se a mixagem ao vivo e a plataforma de gravação fossem um só dispositivo.

E para realizar o soundcheck virtual - no qual o técnico recorre a gravações feitas ao vivo para ajustar a mixagem de seus próximos shows, além de programar snapshots e insertar plug-ins, economizando considerável tempo em seu dia a dia -, é preciso, somente, de um cabo Thunderbolt ou o Ethernet AVB, dispensando qualquer tipo de interface.

"Na correria da estrada, principalmente das equipes dos grandes artistas, que se apresentam em festivais nos quais o tempo de passagem de som é sempre muito curto, nada mais importante do que uma função como essa, que assegura o mínimo de tranquilidade ao técnico, já dotado de sua sessão, gravada previamente, para promover ajustes consideráveis. Você pode ter duas placas Thunderbolt na E6L e gravar 192 canais em 96K em cada cabo para dois computadores", exemplifica Kalunga.

PROCESSADOR ESTÁVEL E DE AMPLA CAPACIDADE

Como foi dito no início da matéria, dentre as principais características da S6L está a capacidade de processamento de aproximadamente 300 canais. Há alguns anos, "manipular" tamanha quantidade de pistas de áudio seria impossível. No entanto, por conta do avanço tecnológico e dos investimentos em desenvolvimento de hardwares mais potentes, tal função é realidade.

"Com o E6L [processador em questão], o técnico praticamente não precisa se preocupar [com a quantidade de canais com que irá trabalhar], afinal de contas, seja em um musical ou em um megashow, dois exemplos de trabalhos complexos nos quais geralmente se manipula centenas de inputs, ele [o processador] mantém desempenho estável e sem nenhum tipo de risco ao usuário. Tudo isso graças a um sistema automático de compensação capaz de realizar tal tarefa", conta Kalunga.

E O SOM?

Na ocasião em que foi apresentada ao público brasileiro - durante a última edição da AES Brasil Expo -, a S6L ainda era um protótipo, e, como tal, não contava com todas as suas funcionalidades chamadas de "inteligentes", às quais faltavam alguns "detalhes", em fase de desenvolvimento.



Por conta disso, não foi possível, por exemplo, ouvir seu som. No entanto, quem conhece o trabalho minucioso que a fabricante desenvolve em produtos do gênero, também cultuados pela qualidade sonora, pode imaginar o que está por vir, e, claro, comemorar.

"Pergunte a qualquer engenheiro de PA o que é que mais lhe agrada em mesas como as da Avid. Seguramente o cara vai dizer que é a facilidade operacional, por conta de suas superfícies amigáveis, e, claro, o som, fruto da presença de pré-amplificadores de alta performance, fornecidos pela THAT Corporation, que trabalham com taxas de amostragem altas. E com a S6L não vai ser diferente", encerrou o engenheiro, ansioso pela chegada da Demo da mesa, na qual irá iniciar testes e workshops pelo Brasil.




 
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