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Revista Luz & Cena
Estúdio
Estúdio Rastro
Gravadora comemora maioridade inaugurando estúdio no Rio
Rodrigo Sabatinelli
Publicado em 01/08/2015 - 00h00

No final da década de 1990, quando a música independente dava seus primeiros passos no Rio de Janeiro, nascia a Rastropop Records, uma pequena gravadora que, naquele momento, assumia o papel de descobrir e lançar artistas como Mauricio Negão, Unscarabrown e Ideia Rara, dentre outros.

Hoje, depois de 18 anos de sua fundação e de tantas mudanças pelas quais a indústria do disco passou, ela inaugura seu primeiro estúdio próprio, o Rastro - localizado em Ipanema, Zona Sul do Rio -, e a convite de Danny Dee, DJ, produtor e um dos sócios do grupo, abre suas portas para nossa equipe.


Projetado pelo engenheiro John Sullivan, o Rastro foi construído pelo arquiteto Alberto Bueno em uma espaço anexo ao escritório da gravadora, que atualmente também agencia atrações musicais como o DJ Taw e as bandas Radio Hits e Batuque Digital.

FREIJÓ E DRY WALL NA CONSTRUÇÃO

Composto por uma técnica de 2,5 m x 3 m e uma sala de gravação de 2 m x 2 m, além de uma antecâmara para acesso, o estúdio recebeu, em seu projeto acústico, materiais como Freijó, uma madeira maciça e nobre, e Dry Wall Phonique, um isolante de alta eficiência.

As madeiras foram, de acordo com o próprio Danny - também responsável pela supervisão da obra -, destinadas ao acabamento, que contou ainda com difusores e móveis, enquanto que os Dry Walls foram dispostos em três camadas entre as paredes duplas, também preenchidas por painéis de lã de rocha e cobertas por tecidos especiais.

Projetada para ser híbrida, ou seja, nem muito seca, nem muito viva, a sala de gravação tem sido utilizada tanto para captação de instrumentos musicais das produções da casa quanto para dublagens e redublagens - mais conhecidas como ADR - de filmes e seriados de TV.

PRO TOOLS PARA GRAVAR, GELENEC E MACKIE PARA OUVIR

As gravações realizadas no Rastro são feitas em um computador Mac Pro de última geração, dotado de confortável configuração - seis núcleos de processamento, 32 GB de memória RAM e um HD SSD de 1 TB. Nele, a fim de garantir o máximo de performance, rodam softwares como Ableton Live, Logic e Pro Tools HDX, esse último conectado via chassis externo Magma Roben Thunderbolt 2.

Compondo o setup, que não conta com um console de gerenciamento, estão dois sistemas de conversores da Universal Audio - Apollo Quad e Apollo 16, para os inputs - e AVID - HD I/O, para o Pro Tools -, interligados via patch, além de um pré-amplificador 4-710d, também da Universal Audio.


A monitoração das gravações, mixagens e masterizações realizadas na casa é feita por meio de caixas 8250A, da Genelec, e HR624 MK2, da Mackie - sendo as primeiras usadas como master e as segundas como auxiliares da referência principal -, todas conectadas via Big Knob Mackie.


DANÇANDO CONFORME A MÚSICA

As transformações do mercado e o futuro da música por Danny Dee


AM&T: Em um estúdio de pequeno, médio porte, como o da Rastro, o que é prioridade em termos de investimento: microfones, consoles, pré-amplificadores, plug-ins...?


Danny Dee: O investimento deve ser balanceado e tem que ser feito de olho em quem você vai atender. No nosso caso, buscamos oferecer a estrutura de um "grande" estúdio em um espaço compacto, contando, para isso, com microfones de ponta, opções de conversão e também,plug-ins que agradam a técnicos e clientes muito exigentes.

Em um estúdio comercial é preciso ter os "clássicos", como um Pro Tools HDX, um [microfone] U87 e um [pré-amplificador] Avalon, mas há a possibilidade de oferecer outros equipamentos, como softwares capazes de emular, com bastante fidelidade, a resposta do hardware.

O que mudou no mercado desde que vocês surgiram, além, claro, do "desaparecimento" gradual do CD e do advento do MP3?

Danny: Mudou "apenas" tudo! O mercado fonográfico ficou bem menor como "indústria", mas nunca se produziu tanta música como se produz hoje! Principalmente no segmento de música eletrônica, com os DJs e seus remixes, mash-ups e live Pas. Foi por isso que vimos um super potencial no [Estúdio] Rastro, afinal de contas, os artistas estão produzindo mais, criando mais, querendo ter suas músicas "na rua", e, hoje, com a internet, as mídias digitais, as lojas virtuais e os streamings, eles conseguem disponibilizar isso para qualquer um que esteja interessado.

Na sua opinião, qual será o futuro do comércio de música no mundo?

Danny: Voltamos a ter um momento de crescimento na indústria, principalmente com o advento do streaming nos smartphones e novos serviços, como o Spotify e o Apple Music. Acredito que o futuro da música será ditado pelo conteúdo on demand e não pela venda de discos ou arquivos em formatos como o MP3.



MICROFONES E TECLADOS ASSEGURAM PRODUÇÕES

No Rastro, a exemplo do que ocorre nos demais estúdios de porte semelhante, as opções em termos de captação não são muitas, mas os modelos disponíveis são tidos como "coringas" e servem a diversos tipos de aplicações, casos dos 414 XLS, da AKG; do U87, da Neumann; do Super 55, da Shure, e de alguns SM57, também da Shure, que podem ser usados para vozes e instrumentos musicais.


Por outro lado, o que não falta são teclados e controladores, como, por exemplo, o Stage 2 HA 88 e o Lead 4, da Nord; o Integra-7, TB-3 - Bass Synth, VT-3 - Voice Transformer, da Roland, o Master Controller Komplete Kontrol 61 e o Machine Mikro, da Native Instruments, que, de acordo com Danny, são utilizados em boa parte das produções realizadas na casa.



"Nós fomos muito cuidadosos [na escolha dos modelos]. Buscamos adquirir os que são atualmente usados pela maioria dos produtores do mercado. E ainda não paramos de investir. Neste ano, ainda, receberemos um Kronos 2, da Korg, e um Voyager, da Moog, para completar a coleção", encerra o sócio.
 
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