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Revista Luz & Cena
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Allyne Cassini
Márcio Teixeira
Publicado em 01/10/2015 - 00h00


Allyne Cassini Santiago - a Allynesan, para os mais chegados -, do alto dos seus meros 30 anos, já pode se dizer e se sentir uma veterana do som. Isso porque, aos 14 anos, em sua igreja, inpirada pelo seu pai, o Pastor Geremias, lá estava ela dando uma força para que os louvores saíssem bonitos das caixas de som. Vale dizer que falamos de uma época de poucas mulheres atuando como técnicas de som e praticamente nenhuma desempenhando essa papel nas igrejas.

"No começo eu só enrolava cabo, pois a turminha do som, formada por sete rapazes, queria ver se era isso mesmo que eu queria, e me faziam também soldar fios, limpar as caixas... Mal sabiam que estavam me dando o começo e a base que necessitaria para o meu trabalho hoje", afirma ela, que logo aos 15 anos conheceu a pessoa que seria seu "grande amigo, irmão e mentor", que lhe ensinaria um pouco do universo do áudio e faria Allyne se apaixonar por tudo o que envolve o mundo do som: o engenheiro de áudio Daniel Fernandes. E com os mesmos 15 anos, há 15 anos, ela começou sua carreira profissional no mundo dos estúdios. Foi no House Mix Studio, onde Allyne atua desde então.

"O tempo em estúdio foi muito bom, pois pude aprender o mais importante, que é ouvir o instrumento antes de distorcê-lo. Voce pode até me perguntar se isso é coisa de louco, e direi que não. Quando você trabalha com instrumento acústico, é necessário que aprenda a captar o som verdadeiro do instrumento para facilitar na mixagem e na masterização, e no produto final tudo isso vai fazer com que tenha uma ótima qualidade", analisa. Allyne acredita que a vida em estúdio a ajudou muito na hora de fazer som ao vivo.

"Ajudou, sim, pois procuro sempre reproduzir tudo com muita qualidade. Quero que os instrumentos soem como necessário, embora eu nem sempre tenha o equipamento que preciso para isso. Mas sempre tento transmitir ao vivo o que o público ouve no CD."

Aos 17 anos, Allyne conheceu a banda Nhocuné Soul, e aos 18 anos já começou a atuar como técnica dela. Daí para cair na estrada foi um pulo. "A Família Nhocuné Soul foi uma escola para mim. Todos os integrantes sempre me respeitaram e me apoiaram para que eu trabalhasse à vontade e para que o meu espaço fosse conquistado. Eu mixei o segundo CD da banda e gravei e mixei o terceiro", conta a profissional, que alguns anos depois, aos 22, começou o curso de Produção Musical e Fonográfica na Faculdade Anhembi Morumbi. Fez durante dois anos, mas por causa da falta de tempo, teve que largá-lo antes da conclusão.

De lá pra cá, a agenda está cada vez mais cheia, sendo que Allyne já trabalhou para o Grupo Studio Brazil, Produtora Sá Menina, Produtora Oitavo Anjo Produções e Gaiotto Estúdio. Entre os artistas para os quais cedeu ou segue cedendo seu talento como produtora técnica e técnica de P.A., destaques para a Filarmônica Afro Brasileira, as duplas Guilherme & Brasil e Gustavo Vaz & Luciano, Tiaraju, Lurdez da Luz, MV Bill. E através de Nelson Triunfo e dos rappers Dexter e Gregory, além da já citada banda Nhocuné Soul, Allyne pôde conhecer e trabalhar ao vivo com nomes como Mano Brown, Ed Rock, Paula Lima, Seu Jorge, Katinguelê, Guilherme Arantes, Salgadinho, Péricles, Rappin Hood e Thaíde, entre muitos outros.

Segundo ela, os segredos no trabalho são humildade e estudo. "Hoje pode ser que você não esteja dependendo daquela pessoa que você julga ser inferior a você, mas amanhã pode ser ela quem irá te levantar. E é sempre bom estar estudando e correndo atrás do que é novidade, pois a cada dia o mercado está mais competitivo", observa ela, que, aos risos, afirmou que seus planos para o futuro incluem faturar oito Grammys e três Oscars.

"Mas tirando o que é brincadeira, sonho mesmo em ser cada dia mais reconhecida e respeitada profissionalmente. Poder conquistar o meu espaço, crescer e passar o meu conhecimento para outras pessoas, pois sou daquelas que fala para muitos dos meus amigos que, sabendo trabalhar, tem espaço para todo mundo", concluiu.

BATE-BOLA

Console: Para o vivo, iLive-112, da Allen & Heath, as SD, da DiGiCo, e a PM5D, da Yamaha. Para estúdio, sou apaixonada pelas consoles AMS Neve, Amek e SSL.

Microfone: Um que funcione... (risos) Em show, uso Shure e Heil Sound.

Equipamento: Gosto de muitas coisas, mas me atraem muito microfones antigos valvulados e periféricos valvulados.

Periféricos: AMS Neve 1073 e os da Shadow Hills e Universal Audio

In-ear: Shure PSM 700 ou PSM 900

Monitor de chão: Nexo, Next-ProAudio e Meyer Sound

Última grande novidade do mercado: Controlar uma mesa e ajustar um sistema de P.A. via iPad ou corrigir um alinhamento utilizando ferramentas digitais, sem ter que usar calculadoras e fitas métricas

Melhor casa de shows do Brasil: Ainda não a encontrei, mas um lugar que gosto muito é o Espaço das Américas, em São Paulo

Melhor companheiro de estrada: Tenho muitos amigos que admiro e há muitas coisas que gosto de fazer na estrada, como ouvir músicas ou assistir a um bom filme. Mas, entre todos, posso dizer que o meu maior companheiro de estrada é Deus.

Melhor sistema de som: Aquele que vai me oferecer a qualidade que necessito para que o show do meu artista flua corretamente

Processador: Os da Klark Teknik e Galileo, mas há muitos processadores top que ainda não tive a oportudidade de conhecer e utilizar

Plug-ins: Sonnox Oxford


SPL alto ou baixo? Por que? Ultimamente, tenho utilizado SPL alto, pois amo a sensação de que tudo está tremendo (risos). Ainda estou tentando uma forma de começar a fazer alguns shows com o SPL baixo, mas ainda é uma dificuldade para mim.

Melhor posicionamento da house mix: No centro do espaço a ser sonorizado ou ao fundo do local, mai no centro desse fundo.

Técnicos inspiração: Ivan Cunha, Kadu Melo, Daniel Fernandes, Ale Gaiotto, Claudinei A. Monteiro, João Tukasom, Manny Marroquin, Renato Carneiro e Flavio Goulart.

Sonho de consumo na profissão: Um pré da Shadow Hills para masterizar o LR do meu P.A. nos shows

Sonho já realizado na profissão: Conhecer e poder chamar de amigo alguns técnicos que sempre admirei

Dicas para iniciantes: Seja persistente e nunca se preocupe em dizer que não sabe. Procure respostas para suas dúvidas. Seja humilde e sempre busque estar atualizado, mantendo a mente aberta para as novidades do mercado.

 
Conteúdo aberto a todos os leitores.