RSS Facebook Twitter Blog
Revista Luz & Cena
Em tempo real
João da Silva Costa
Márcio Teixeira
Publicado em 18/05/2015 - 00h00

João da Silva Costa, 31 anos, técnico de PA do grupo de pagode Jeito Moleque, também já foi chamado de "Bigorninha", uma vez que Bigorna era como seu padrasto era conhecido pelos mais próximos. Juntos, faziam um som pesado - que deu origem aos apelidos - quando trabalhavam em uma casa noturna no Guarujá. "Também sou chamado de Nemo. Meu amigo Tchutchu [técnico da Banda iNova] me apelidou assim que comecei a trabalhar no Jeito Moleque. Na época havia sido lançado o filme [a animação estrelada pelo peixe de mesmo nome] e tenho um orelha direita 'diferenciada'. É a minha nadadeira da sorte!", destaca, com bom humor.

Voltando à sua história na profissão, João sempre ia com seu padrasto, técnico de som, quando este fazia a manutenção na Luck Scope, uma balada que fica na Praia do Guaiuba, Guarujá. "Eu tinha cinco anos e ficava vendo todos aqueles PAs, mesas, microfones, equipamentos em geral. Ele sempre colocava discos de vinil para escutarmos e isso me encantava", recorda João, que vivia dizendo que queria trabalhar com o padrasto, apesar da idade, àquela altura, segundo ele, "não ajudar". O tempo passou e o padrasto de João foi chamado para atuar em outra casa noturna, no Perequê. "Era um restaurante que nos finais de semana tinha música ao vivo. Daí pude começar a acompanhá-lo e a aprender mais."

A carreira profissional começou cedo, em 1997, com apenas 14 anos de idade. Trabalhou na casa noturna Avelinos Perequê durante oito anos, e nesse período fazia alguns trabalhos como freelancer no Jefferson Som, que prestava serviços na mesma casa. João também fazia trabalhos com seu amigo Panchito na Rent-All Show, "mas nunca cheguei a trabalhar fixo em uma firma de som", destaca.

Depois, caiu na estrada, já tendo atuado com nomes como Rick & Renner, Amizade Verdadeira, Pixote, Walmir Borges, Orquestra Saga, Banda iNova, The Ramp Church e Jeito Moleque. "Essa é a terceira vez que estou na equipe do Jeito Moleque. Somando tudo, já são quase seis anos juntos."

Segundo João, para ser um bom profissional, o técnico precisa, em primeiro lugar, gostar muito do que faz, conhecer bem o som da banda com a qual vai trabalhar e também conhecer os instrumentos, para poder buscar o timbre perfeito deles e conseguir uma boa mix. "Muita concentração é essencial também. Não dá pra misturar o que é entretenimento para o público com o que é trabalho pra mim", diz.

Perguntado sobre seus planos para o futuro, o técnico enfatiza possuir atualmete um sistema de palco que está sendo ampliado para atender trabalhos maiores, mas João também planeja passos em outro ambiente. "Pretendo atuar em estúdio também. Venho estudando muito pra isso, gosto do processo da criação das músicas. É uma área que quero explorar e na qual quero trabalhar futuramente", encerra.


BATE-BOLA

Console: Soundcraft sempre foi o console que mais me agradou. Series Five e SM12/16/20, falando em consoles analógicos. Já meus preferidos entre os digitais são Soundcraft Vi6 e Yamaha PM5D.

Microfone: O Shure SM 58 é indispensável em qualquer rider que faço

Equipamento: Eu sou viciado em fones de ouvido. Já perdi as contas de quantos possuo. Atualmente uso mais o Shure SRH840, que é uma ótima referência.

Periféricos: O processador de efeitos SPX 990 e o compressor DBX 160a

In-ear: Shure PSM 900 e Sennheiser EW 300G3

Monitor de chão: SM 400, da EAW, é referência de muito tempo. Gosto do timbre e da pressão sonora dele.

Última grande novidade lançada no mercado: O PA portátil da K-array KR402. Para mim, é o futuro, pois une agilidade, leveza, praticidade e qualidade.

Casa de shows do Brasil: Hoje posso citar o Circo Voador, no Rio de Janeiro, que é uma casa bem pensada e esquematizada para o espetáculo em todos os aspectos: som, luz, acústica, conforto...

Melhor companheiro de estrada: Acima de tudo, Deus. Tenho boa relação com todos os meus companheiros de estrada. Aprendemos juntos sempre. É uma verdadeira família.

Sistema de som: São bem equivalentes. Nexo, LS Audio, D&B, JBL, Norton... São muito próximos

Processador: Dolby Lake

Plug-in: Gosto muito do Maxim. Normalmente o utilizo no meu L/R. Ele limita os possíveis picos de sinal e não tenho perda de qualidade do som.

SPL alto ou baixo? Por que? Prefiro alto! Pra escutar som baixo eu fico em casa [risos]. Mas não tem como querer escutar voz e violão na mesma proporção de um show de rock. O local do evento é outro fator importante.

Melhor posicionamento da house mix: Centralizada sempre

Melhor unidade móvel de gravação: Epah Estúdios

Técnico inspiração: Meu padrasto foi quem mais me ensinou. Também posso citar o Tchutchu (Banda iNova), Batata (SPC) e Enrico De Paoli.

Sonho na profissão: Andar com meu kit de periféricos, microfones, console, PA etc. É muito ruim você estar no local pra fazer seu trabalho e seu rider não ser atendido.

Sonho já realizado na profissão: Já tive a oportunidade de fazer algumas turnês internacionais. Foram experiências incríveis. Também fazer o Réveillon na Avenida Paulista, para mais de um milhão de pessoas, foi algo muito marcante.

Dica para iniciantes: Vá com calma, pois compreender a música é muito mais complexo do que se imagina. Saiba o que está usando, as ferramentas que possui, aprenda a enrolar cabos, fazer patch, limpar e cuidar dos equipamentos. E escute boa música, pois sem referência não temos pra onde ir. Esteja sempre disposto, tire dúvidas com outros técnicos, seja curioso, mas pergunte com educação e na hora adequada. Tenha respeito e haja com profissionalismo.

 
Conteúdo aberto a todos os leitores.