RSS Facebook Twitter Blog
Revista Luz & Cena
Show
Pedrão 2012
Maior festa de São Pedro do país reúne alguns dos principais artistas populares brasileiros e conta com sistema Norton, da Vinhedo Sonorização
Márcio Teixeira
Publicado em 01/09/2012 - 00h00
Márcio Teixeira
 (Márcio Teixeira)
São Pedro foi um dos 12 apóstolos de Jesus e é considerado o primeiro Papa da Igreja Católica. Se levarmos em conta que o Brasil é o maior país católico do planeta, nada mais natural do que perceber que a popular Festa de São Pedro, com o passar dos anos, décadas, séculos, se transformou aqui em um verdadeiro carnaval fora de época. E se quando falamos "aqui" nos referimos ao Brasil como um todo, o que dizer da jovem cidade de Eunápolis, que fundada em 1988 e situada no sul da Bahia, a 671 km de Salvador, anualmente é palco do Pedrão, tida como a maior festa de São Pedro do país?

Na mais recente edição do evento, realizado entre 29 de junho e 2 de julho, alguns dos principais nomes da música popular brasileira, como Ivete Sangalo, Chiclete com Banana, Banda Calypso e Michel Teló, marcaram presença, agitando um público de cerca de 120 mil pessoas que curtiu o som de cada um dos quatro dias do Pedrão 2012. Sonorizado pela empresa paulista Vinhedo, que mais uma vez recebeu consultoria técnica da paulista Vitória Som, o festival, organizado pela Prefeitura local e com produção da Téa Eventos, ofereceu aos técnicos dos artistas uma estrutura adequada ao porte dos shows, com um sistema Norton completo.

SISTEMA NORTON É DESTAQUE

O PA principal foi o LS9, que tem na parte de cima dois alto-falantes de 18", quatro de 8", com três drivers por caixa. Doze foram posicionados em cada lado, totalizando 24. Na parte de baixo, foram empregados 24 subs SB221, que contam com alto-falantes de 21". No PA auxiliar, LR, LL e RR, a Vinhedo utilizou 12 LS3, que é uma caixa com dois alto-falantes de 8" e um driver, para fazer a lateral. O front também foi feito com LS3, enquanto o side contou com 12 LS1, seis por lado, mais o sub SB118X. No delay, foram usados 24 LS3.

Os operadores de PA se disseram agradados pelo desempenho do sistema. Carlos André, vulgo Kareka, técnico de PA do Calypso, é um deles. "Gostei muito do som. É bem definido e bastante potente", resumiu o profissional, em conversa com a AM&T antes do início do show de Joelma, Chimbinha e companhia. Kalunga, técnico de Ivete Sangalo, deixou clara sua satisfação com o sistema ao colocá-lo num "pódio" em mensagem postada em sua página no Facebook. Já André de Oliveira, que há quase três anos trabalha como técnico de PA da sensação internacional Michel Teló, foi além. "Pela primeira vez em um show eu tive que segurar um pouco o som, pois estava muito alto e bom. Gostei bastante do PA. Bem potente mesmo."

Marcio Almeida, que trabalha como técnico de PA do Chiclete com Banana há quatro anos, sempre ao lado de Wilson Marques, um dos fundadores do grupo, também fez elogios. "Já tínhamos trabalhado com este PA em São Paulo. O LS9 é um sistema fantástico, com uma pressão sonora muito boa. O show foi ótimo", afirmou, antes de comentar que a estrutura da festa em Eunápolis foi, "sem sombra de dúvidas, a melhor entre as festas juninas e julhinas feitas pela banda em 2012".


O gerente comercial da loja Vitória Som, José Junior - o popular Juninho -, esteve presente ao evento fazendo o pós-venda, que inclui acompanhar a montagem e ver se os equipamentos estão sendo usados corretamente, de modo a renderem o máximo. "O sistema usado pela Vinhedo no Pedrão é de ponta", destacou, ressaltando que a companhia que tem base na cidade paulista homônima é uma de suas principais clientes.

Quando o assunto foi a chuva que caiu durante boa parte da festa, a segurança de Juninho em relação ao sistema ficou ainda mais evidente. "Poderia chover o que fosse, pois a impermeabilidade das caixas manteria a qualidade sonora", disse ele, que tinha ao seu lado Jean Silva, responsável técnico da Vinhedo. "É um produto que raramente apresentou defeitos. Mas, caso aconteça, sei que o suporte é eficiente", acrescentou Jean.

Por trabalhar na sonorização do evento desde sua primeira edição, em 2010, a dupla Vinhedo/Vitória Som já sabia o que a festa iria requerer, em termos técnicos, na edição 2012. "Por isso, não houve excesso e nem falta de equipamentos", destacou Juninho.


VENUE PROFILE E SC48 AGRADAM TÉCNICOS

Se o sistema Norton ofereceu som com potência e detalhes, é de se imaginar que os consoles fornecidos pela Vinhedo estivessem à altura, e foi o que aconteceu. Na house mix, as mesas Venue Profile e SC48, da Avid, tão populares no universo do áudio profissional, mais uma vez se mostraram escolhas acertadas.

"A Venue SC48 liga os delays, enquanto a Profile junta os PAs, fronts, e passa pela SC48 para fazer os delays", explicou Marcio, apontando para as mesas. "O mais legal da Profile, onde o Wilson e eu trabalhamos a quatro mãos durante os shows, é a possibilidade de trabalhar com os plug-ins. A cara do Chiclete é a voz do Bel, e com o Kalunga arranjando uns plug-ins e uns reverbs para a gente, conseguimos uma voz muito mais presente, na cara, o que em outras mesas é mais complicado conseguir", destacou Marcio, que disse ter os plug-ins reverb 480, da Lexicon, e o compressor multibanda C6, da Waves, como seus favoritos.


"O som do Chiclete é muita emoção. Distorção de guitarra, a voz do Bel, bateria, uma coisa mais agressiva, mais rock'n'roll mesmo. Nenhuma música da banda hoje precisaria do Pro Tools", afirma o técnico. Segundo Marcio, ele e Wilson - responsável pela criação do som do Chiclete com Banana - chegaram a um conceito de trabalho que vem rendendo bem na Profile, embora ambos também mixem com a Yamaha 5D e, no trio, com a Midas Pro6.



E se Carlos André "Kareka" revelou ter usado 44 canais da mesa no show do Calypso, sendo 11 de bateria e nove das percussão, Marcio destaca que, para um show do Chiclete, que tem seis músicos no palco, ele destina 42 canais a instrumentos e um para a voz. "Só a bateria ocupa dez canais. A percussão do Walter ocupa 14, pois tem muitos instrumentos e detalhes. A outra percussão, do Denny, mobiliza 11. Com a volta dos reverbs, nos canais externos, chegamos a um total de 48", conta o técnico, que lança mão de microfones Shure SM57 na caixa, com SM81 no over, Beta 52 no bumbo e Sennheiser E604 nos tons.

André, que usou 48 canais da mesa durante o show de Michel Teló, captado inteiramente por microfones Shure, disse que sua mixagem foi bem descomplicada, tendo apenas um objetivo simples: "valorizar cada instrumento e manter a voz acima de tudo", segundo suas próprias palavras. Ele ainda destacou que o bom trabalho da Vinhedo na distribuição do som ao longo do espaço ocupado pelo evento foi algo que passou uma segurança a mais para os técnicos dos artistas.

EXPERIÊNCIA E FAMILIARIDADE NA MONITORAÇÃO

Charles Nascimento, que há cerca de dez meses atua exclusivamente como técnico de monitor da Banda Calypso, gostou da mesa disponibilizada para a monitoração do show no Pedrão 2012. "Trabalhar em uma Yamaha PM5D é ótimo. Gosto muito desse modelo e tenho bastante facilidade em lidar com ele, que tem como destaque, para mim, o seu pré, além da quantidade de vias, equalizadores e efeitos".

Charles, que atua na estrada desde o fim dos anos 1990, tendo, inclusive, experiência no PA, destacou que não houve nenhum problema na realização de seu trabalho no Pedrão 2012. "A estrutura de som, luz e palco é muito boa e a equipe é muito profissional. Foi tranquilo", afirmou ele, antes de listar o que utilizou durante o show.

"No Pedrão, usei oito vias de Power Play Behringer, quatro in-ears Shure PSM 900, dois Shure PSM 700, um monitor SM400 EAW para guitarra e um sub Norton na bateria. Cada um que está no palco se escuta de uma forma diferente. Uns com bastante grave, outros com um som mais agudo, uns flat, outros com mais efeitos... O Chimbinha, por exemplo, é bastante exigente e normalmente solicita mais volume da sua guitarra, que tem um timbre bastante peculiar. O importante é conhecer os gostos de cada um e atendê-los. Minha mixagem serve justamente pra conciliar esses gostos dentro da técnica e bom senso", explicou Charles, destacando, ainda, que a pedaleira virtual DigiTech iPB-10 de Chimbinha, que abriga um iPad, não precisa de nenhum tipo de atenção especial de sua parte, uma vez que o próprio guitarrista a controla.


José Antônio, técnico de monitor do Chiclete há 13 anos, recorda que, quando começou a trabalhar com a banda, ela tinha 12 monitores no palco, cabendo a ele mudar tal panorama aos poucos. "Quatro anos depois que entrei, comecei a introduzir a ideia de usarmos os in-ear. Hoje, está todo mundo com os Shure PSM 600 e os Sennheiser CX 300. A sonoridade do Shure, seu timbre, pra mim é inigualável. Tem mais ganho e é mais cheio. O Sennheiser é mais baixo, mas sua qualidade principal é a frequência. Sua faixa de frequência é muito livre, então é raro termos problemas como perda de sinal."



José faz coro com Charles Nascimento e também elogia a PM5D. "Ela tem uma nitidez muito boa e um timbre bem legal. Ajuda muito mesmo." Sobre a mixagem, o técnico é adepto do flat, realizando apenas alguns pequenos ajustes.

Perguntado sobre a passagem de som que havia sido realizada algumas horas antes, José Antônio contou que o clima de brincadeira que pôde ser sentido naqueles momentos é mais facilmente transferido para a hora da apresentação quando características de alguns instrumentos, bem como as afinações, são alteradas. "Serve para variar um pouco, sair da rotina", afirmou, bem-humorado.


Conversando com Juninho
Em entrevista à AM&T, gerente da Vitória Som falou sobre o mercado de sonorização, a presença da empresa no Pedrão e a parceria com a Vinhedo


Natural de São Paulo, Juninho, gerente comercial da Vitória Som (empresa que já está há 20 anos no mercado), tem 39 anos e trabalha com som desde os 13 anos de idade, quando realizava pequenos bailes, Tornou-se profissional mais adiante, aos 19, na loja de novos e usados que deu origem à Vitória Som, hoje distribuidora exclusiva no país de marcas como Soundcraft e Norton.

Juninho, como a Vitória Som, por meio da Vinhedo, chegou ao Pedrão?

O prefeito de Eunápolis, Robério Oliveira, que é dono da Axé e Cia e parceiro de nossa empresa há anos, através do produtor Jairo Téa, da TEA Produções, solicitou a indicação de alguma empresa de bom porte que pudesse realizar o serviço de sonorização da festa, já que a mesma vinha crescendo anos após ano. Falei ao prefeito sobre a Vinhedo, uma companhia que havia investido bastante em equipamentos e que estava em um processo de franca expansão, sendo capaz de atendê-los no que precisassem. No primeiro ano aqui, 2010, a Vinhedo trouxe um PA Norton menor. No ano seguinte, viemos com um Norton um pouco maior e, esse ano, chegamos com força máxima, já que o evento não para de crescer.



Como você vê o atual mercado nacional de sonorização?

Os artistas, que são os principais usuários dos equipamentos, têm exigido um profissionalismo cada vez maior por parte das locadoras. Marcas grandes lá de fora não costumam vender equipamentos, mas sim soluções completas. Aqui, no Brasil, há essa mania de comprar pela metade, com a locadora adquirindo, por exemplo, o line array sem o amplificador, pois acha que pode usar um outro, ou usando um amplificador recém-adquirido junto com um sub que a empresa já tem em casa. Mas a gente não vende assim, pois comercializamos sistemas, e as grandes bandas têm exigido do locador soluções completas. Durante o show do Chiclete com Banana, por exemplo, o som estava maravilhoso e o show foi ótimo. Com um PA ruim, a apresentação não teria sido como foi.

Com que frequência o sistema Norton LS9 tem sido usado? Que tipo de shows requerem seu emprego?

É um PA para grandes eventos. Está com a Vinhedo há um ano e meio, tendo sido utilizado pela primeira vez na Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos, no ano passado. O Pedrão foi apenas a quinta vez que eles utilizaram o sistema, pois não compensa tirar o PA da empresa para algo que não justifique o seu uso. Um show que contou com ele foi o do Deep Purple, em Americana, interior de São Paulo. A equipe da banda não conhecia o PA, mas depois de testaram e usarem, queriam fazer todas as turnês no Brasil com ele.

Quais os próximos passos da parceria Vitória Som/Vinhedo?

Temos uma longa história, e ela seguirá por muito tempo. O proprietário, Seu Idalto Queiroz, foi o primeiro a comprar equipamentos da Norton Audio na Vitória Som, e o LS9 foi o primeiro PA importado que ele adquiriu. Hoje, a Vinhedo já tem nove sistemas Norton completos, 12 x 12. Desde que começamos a assessorá-los, fomos caminhando e evoluindo juntos. Sobre os próximos passos da parceria, algo que posso adiantar é que a Vinhedo já encomendou com a gente as mesas DigiCo SD10 e SD8, que recentemente passamos a comercializar.

Tags: Norton
 
Conteúdo aberto a todos os leitores.