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Revista Luz & Cena
Na estrada
360 Graus
Grupo Revelação grava DVD e cai na estrada com show que conta com sonorização diferenciada
Redação
Publicado em 12/01/2013 - 18h23

Um dos mais importantes nomes do nosso samba, o Grupo Revelação, gravou no dia 5 de julho de 2012 seu terceiro DVD de carreira, 360º Ao Vivo. O show que deu origem à gravação, uma comemoração aos 20 anos de estrada de Xande de Pilares, Sergio Rufino, Rogerinho, Artur Luis, Mauro Jr. e Beto Lima, foi realizado no HSBC Arena, no Rio de Janeiro, e teve a participação de diversos convidados, dentre eles os cantores Carlinhos Brown, David Eliot, Benito di Paula e Belo e o grupo Aviões do Forró.

A sonorização do espetáculo, bem como a cessão da unidade móvel de gravação, ficou a cargo da locadora paulista Loudness, opção oferecida pela gravadora do Revelação, a Universal Music, para sua equipe técnica. A coordenação de operações por parte da locadora foi feita por Celso Prado, o Birruga. A operação de PA, realizada em uma Avid Venue Profile 96, foi feita pelo técnico da banda, Marcelo Oliveira, que, na estrada, faz dupla com o técnico de monitor Caio Jr.

"Conheci o grupo em 2001, quando era responsável pelo som do Olimpo, casa noturna do Rio de Janeiro, e lá fiz a mixagem de PA de algumas de suas apresentações. Em seguida, gravei, ao vivo, uma faixa para um CD deles, e a partir daí gravamos o CD Ao Vivo no Olimpo, juntamente com o [engenheiro] Leo Garrido, da Xef Sound. Há quatro anos faço parte da equipe, e este é meu segundo DVD com eles. O primeiro foi o Ao Vivo no Morro da Urca", conta Marcelo.

O projeto do show, gravado pelo renomado engenheiro Marcos Saboia, teve como grande diferencial o fato de terem sido usadas seis torres de PA, numa configuração não-convencional, para sonorizar a ampla área. Em um bate papo, Birruga falou detalhadamente sobre a escolha das caixas e, claro, sobre o posicionamento delas em relação à banda e plateia. Já Marcelo detalhou os microfones usados por ele na captação dos instrumentos, bem como os cuidados que foram tomados na operação do PA para que nada atrapalhasse a gravação.

CAPTAÇÃO TEM MIX DE MARCAS

Marcelo Oliveira: O bumbo da bateria foi captado por um Beta91e, da Shure, e um D112, da AKG. A caixa do instrumento recebeu um par de SM57, da Shure, sendo um modelo Beta o microfone que captou a pele. O contratempo ficou com um C 451B, da AKG, enquanto os quatro tons foram captados pelos Beta 98 AD/C, também da Shure. O prato de condução recebeu o já citado C 451B e os overs um par de C 414, também da AKG. Na percussão, o surdo recebeu um AT4050, da Audio-Technica, enquanto os efeitos ficaram com um par de KM184, da Neumann, e o pandeiro, o tan-tan e o reco-reco com os Beta 98H/C. Utilizamos estes condensadores [Beta 98 H/C] com corpos flexíveis (gooseneck) para fixação, basicamente por sua sonoridade e padrão polar. Instrumentos como cavaco, banjo e violão seguiram via body Pack UR1, da Shure, enquanto contrabaixo, teclado e guitarra seguiram via cabo. Sopros foram captados por microfones como o RE20, da ElectroVoice, e E608 e ME2, da Sennheiser.



As vozes de Sergio Rufino, Rogerinho, Artur Luis, Mauro Jr. e Beto Lima, integrantes do grupo, foram captadas pelos headsets Beta 54, da Shure. Esses microfones, que usaram body packs UR1, foram escolhidos pela qualidade, sonoridade e também pelo design discreto, fino. Já a voz de Xande de Pilares, líder do Revelação, recebeu um headset ME 3, da Sennheiser, modelo que ele usa há tempos. As vozes dos backing vocals Barcelos, Carla e Eddie receberam os microfones de mão Beta 57A, da Shure.

Todos os convidados que participaram da gravação do DVD - Benito De Paula, Belo, Carlinhos Brown, Eliot e integrantes do grupo Aviões do Forró - usaram microfones de mão UR2 com cápsula Beta 58, da Shure. Já o pessoal do Grupo Clareou ficou com os Beta 98H/C, destinados ao L/R de uma sanfona e a uma zabumba, além de algumas peças de percussão, como, por exemplo, o repique de mão. O mesmo microfone serviu à percussão de Carlinhos Brown.

A monitoração dos artistas foi feita com sistemas PSM 1000, da Shure, de dois canais, que consiste no transmissor P10T e no receptor tipo bodypack. Como backup, tivemos os PSM 900 e PSM 700, também da Shure. Na ocasião, usamos ainda fones PortaPro, da Koss, e amplificadores Rane. Todo o sistema de monitor foi gerenciado por uma console de mixagem Allen Heath T 112, que, na gravação do DVD, esteve configurado em 64 inputs e 32 vias output.


PROCESSAMENTO COM PLUG-INS E RECURSOS DE MESA

Marcelo: Na voz de Xande, usei a equalização da mesa, além do plug-in Waves Vocal Rider e do compressor Universal Audio 1176. Nas vozes dos demais integrantes apliquei a equalização e a compressão da mesa somadas ao Waves L1 Ultramaximizer. Já as vozes dos convidados ficaram com o mix de equalização de mesa e com o 1176.

No tan-tan, usei a equalização da mesa e os plug-ins Waves L1 e Q10, deixando ao surdo o equalizador Pultec e, mais uma vez, o compressor da mesa. No reco-reco, no pandeiro, no violão e na guitarra, de novo, a dobradinha equalização de mesa com compressão 17176. No cavaco e no banjo, a tal dobradinha foi acrescida do fundamental equalizador Pultec.

O baixo recebeu, além da sempre presente equalização, um compressor JoeMeek, enquanto o bumbo, a caixa e os tons da bateria ficaram com a equalização da mesa e o plug-in Maxim. Os backings e sopros ficaram com equalizadores e compressores de mesa.


MIXAGEM CUIDADOSA VISANDO A GRAVAÇÃO

Marcelo: O volume do sistema tinha que ser bem equilibrado e a cobertura, tanto horizontal quanto vertical, bem controlada. Os volumes, independentes por setores, para que pudéssemos diminuir e controlar o que fosse necessário. Isso tudo para não atrapalhar a captação dos microfones de ambientes. Trabalhei com 95 dB de pico a 15 metros da house mix. Nos momentos em que o público respondia à banda, diminuía o volume.

A acústica do local, por ser muito reverberante, foi um obstáculo. Mas o sistema e o recurso de controle do mesmo nos atendeu perfeitamente. Tudo começou, na verdade, a ser definido a partir de um encontro que tivemos, eu e Caio, com Birruga, na AES, em São Paulo. Neste encontro, conversamos e discutimos sobre as necessidades técnicas do espetáculo, sempre sob coordenação de nosso manager, Cosme Menezes, e nosso produtor técnico, Claudio de Souza. Na ocasião, conversamos, ainda, com o [Marcos] Saboia, que já estava confirmado na gravação e na finalização do projeto.

Conversando, começamos a definir os inputs para show e gravação. O Marcos sugeriu alguns microfones em substituição ao que utilizávamos na estrada, e, ao final de tudo, tivemos a oportunidade de usá-los no ensaio geral, realizado no Play Rec Estúdio, e também no ensaio geral no HSBC. Nessas oportunidades, usamos o equipamento da Loudness somando ao nosso. Tivemos três semanas de ensaio. Isso intercalando com shows já marcados.


Eu e Caio tivemos tempo para programar tudo e montar a cena da mesa de PA, uma Avid Venue Profile, com 96 inputs. Caio usou a nossa mesa Allen Heath T112, com 64 inputs e 32 outputs, enquanto eu recorri às caixas HR 824, da Mackie, e a um par de UM1p, da Meyer Sound. Com isso, ganhei um tempo precioso. Ao chegarmos ao HSBC Arena, me preocupei apenas em ajustar a estrutura de ganho, a equalização e o processamento do sistema da L-Acoustic, e, também, via rede, seus amplificadores.

COMPLEXIDADE EM PROJETO É DIFERENCIAL

Marcelo: O projeto de sonorização me foi apresentado com alguma antecedência. A opção, considerando qualidade e quantidade de caixas, foi pelo sistema francês L-Acoustic, do qual utilizamos 72 elementos, sendo 24 V-Dosc e 48 K1, em modo fly, e subwoofers V-Dosc. Somando a isso, em pontos "críticos" do local, usamos caixas menores, UM1P, da Meyer Sound.


Birruga: O trabalho foi bastante complexo, por envolver uma cobertura muito extensa, 360 graus ao redor do palco, com arquibancadas que chegavam a 20 metros de altura. Também trabalhamos com uma limitação de peso, já que todos os sistemas (som, luz e LED) estavam suportados pelo teto da arena. Além de tudo isso, somamos o fato de ser uma gravação, e não era desejável vazamentos de PA na captação dos instrumentos e vozes. Isso em um local bastante vivo e reflexível. O desafio foi grande.

A decisão de usarmos seis torres de PA no show foi tomada a partir das visitas técnicas ao local e das plantas do palco, nas quais vimos a necessidade de uma sonorização de 360 graus. Os sistemas utilizados foram L-Acoustic V-Dosc e K-1, com front fills Meyer Sound UPA-1 e subs L-Acoustic SB28. O sistema final possuía um grande headroom, para mais de 120 dB, caso fosse essa a necessidade. Mas, devido à gravação, seria inapropriado um nível de SPL tão alto, no qual teríamos muita "volta" do PA no palco.


Antes do alinhamento de todo o sistema, era bastante perceptível a diferença de sonoridade, mas o alinhamento levou muito isso em conta e corrigimos um sistema com base no outro, tendo, no final, um resultado bastante homogêneo. O projeto de sonorização foi feito a partir do sistema Sound Vision, da L-Acoustic, pelo qual tivemos uma previsão bastante exata da distribuição sonora do local, bem como SPL, peso total do sistema, o que é muito importante, visto que tudo estava sendo suportado pelo teto da arena, além de dados exatos para a colocação de cada cluster de PA, a fim de se atingir o resultado desejado.

Foi considerado o fato de o show ser uma gravação, então não deveríamos ter muita "volta" do PA no palco para não atrapalhar a captação. Além disso, ainda havia a questão visual, de não atrapalhar a visão do painel de LED ou a iluminação. Os sistemas trabalharam com ângulos bastante abertos para cobrir toda a extensão da arquibancada, e a altura média da caixa mais baixa ficou em torno dos 8,5 metros. A ideia foi ter o máximo de pressão sonora distribuída igualmente, desde bem diante do palco até a última fileira de arquibancadas. E as "sombras", no "gargarejo", propriamente dito, foram supridas com front fills. O resultado final foi muito bom.
 
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