Editorial
Música, um negócio milionário
Miguel Ratton
Publicado em 01/11/2011 - 07h54
A Expomusic, principal feira de negócios da área musical no Brasil, movimentou no evento deste ano cerca de R$ 250 milhões, o que, segundo a Associação Brasileira da Música (Abemúsica), corresponde a 35% do faturamento anual do setor. Os resultados superaram as expectativas de negócios e de público, com quase 45 mil visitantes durante os cinco dias do evento. Quem esteve lá pôde sentir o clima de otimismo e confiança que cerca a maioria dos empresários das indústrias musical e do áudio.
Lembro-me da primeira vez que visitei a Expomusic, na década de 1980, quando o evento ainda era realizado em conjunto com uma feira de brinquedos, no Ibirapuera. De lá para cá, depois de várias turbulências, parece que o país encontrou um rumo e a economia vem se estabilizando, mesmo com as recentes crises internacionais. A nova parcela da sociedade que alcançou o mercado de consumo tem sido fundamental para o crescimento do país, e isto se reflete também no segmento musical. Mas a boa fase do setor é também uma consequência direta do amadurecimento profissional das empresas, que modernizaram seus processos comerciais e aprimoraram suas estruturas técnicas.
Pelos resultados divulgados por algumas companhias, parece que o horizonte será azul no próximo ano, atingindo ou mesmo superando as metas previstas. A razão disto é que há mais consumidores, e os consumidores estão comprando mais e melhor. Em resumo, nosso mercado musical vem crescendo em quantidade e em qualidade.
No mesmo final de semana da Expomusic, também aconteceu o tão esperado Rock in Rio 2011, a quarta edição do festival no Brasil. Com atrações para todos os gostos, dentro da tendência mundial da convergência de estilos, e graças à experiência em logística e segurança adquirida nas edições anteriores, o evento foi um grande sucesso, superando as espectativas de público e movimentando algo em torno de R$ 880 milhões para a economia do Rio de Janeiro. De acordo com os dados divulgados pelos organizadores, cerca de 700 mil pessoas assistiram aos shows na Cidade do Rock, fora os mais de 180 milhões que acompanharam o evento pela TV e pela internet. Estima-se que o festival carioca tenha ultrapassado os badalados Glastonbury, Lollapalooza e Coachella.
Um número cada vez maior de artistas internacionais vem incluindo Rio, São Paulo e outras cidades brasileiras em suas turnês. Isto se dá não somente pelo crescimento do mercado consumidor, como já foi dito acima, mas também pela infraestrutura - material e humana - da qual dispomos hoje para espetáculos de grande porte.
Quem ainda acha que o mercado musical está em declínio deve pensar um pouco mais no assunto. De fato, vender discos se tornou uma atividade ultrapassada, porque é um modelo de negócio que está acabado. Mas a realidade é que nunca se ouviu tanta música como agora, e o público ouvinte só tende a aumentar à medida que dispõe de meios mais práticos e rápidos para acessar conteúdo musical. A tecnologia está colocando o artista mais perto do ouvinte, o que traz novas e grandes oportunidades. Os números são bem otimistas - o negócio é saber como aproveitar.
Miguel Ratton