Editorial
Novas tecnologias, velhas amizades
Miguel Ratton
Publicado em 12/07/2011 - 10h19
Eventos como a convenção anual da AES Brasil são interessantes em diversos aspectos. É nessas ocasiões que podemos ver "ao vivo" alguns equipamentos que só conhecíamos por fotos ou vídeos na internet. Dependendo do produto (e do expositor!), é a oportunidade que temos de mexer e experimentar seus recursos para ver se eles funcionam como imaginávamos. É certo que algumas vezes ficamos meio desapontados ao perceber que a propaganda teve uma qualidade maior do que o produto em si, mas, em geral, a satisfação é grande. Isso porque há sempre coisas interessantes e, principalmente, por poder estar em contato com o que há de mais novo em termos de tecnologia. Para quem é aficionado por equipamentos, é como se fosse uma criança num parque de diversões: fones, microfones, caixas penduradas, LEDs piscando, LCDs coloridos e tudo aquilo que gostamos de ver - e de ouvir.
Apesar da concorrência entre tantos produtos e empresas, há sempre um clima de confraternização, já que somos todos participantes de um grupo relativamente pequeno na economia do nosso país. E por ser um segmento pequeno, é mais sensível a todo tipo de adversidade, desde a complexa cadeia de tributações até as dificuldades de se obter incentivos para o desenvolvimento de produtos nacionais. Grande parte desse grupo é composta por pessoas que se conhecem há muitos anos, e que, se ainda estão frequentando o evento, é porque tiveram competência e perseverança para sobreviver aos obstáculos e armadilhas que fazem parte do processo econômico do nosso país.
Por outro lado, a convenção da AES também é o momento em que se consegue reunir no mesmo lugar a maior quantidade de cabeças que passam a maior parte do tempo pensando em áudio. As palestras e seminários certamente são a parte mais valiosa do evento, porque é ali que podemos conhecer novas ideias, tirar dúvidas, apresentar opiniões e, sobretudo, compartilhar conhecimentos. Como diz o ditado, há sempre um pouco a ensinar e muito a aprender. É preciso conhecer os novos produtos e as novas tecnologias que estão entrando no mercado, mas também é importante acompanhar as pesquisas científicas que poderão ser aplicadas no futuro. Da mesma forma, é fundamental ouvirmos os profissionais que usam essas tecnologias para entendermos como as coisas de fato funcionam (ou não).
Mas o que me dá mais satisfação nesses eventos é a possibilidade de encontrar, não os equipamentos, mas sim as pessoas. Afinal, são elas que têm o poder de transformar equipamentos, instrumentos e softwares em som - pesquisando, fabricando ou operando essas maravilhas da tecnologia moderna. É sempre muito bom saber o que as pessoas têm feito em outros lugares do país, conhecer a nova geração de profissionais e rever os velhos amigos, nem que seja só uma vez por ano.