Realizada de 21 a 23 de maio, em São Paulo, a 11ª Convenção da AES Brasil trouxe boas surpresas para os expositores, dividiu opiniões entre os participantes do congresso e decepcionou quem esperava novidades do campo da organização da profissão de técnico de áudio.
Durante os três dias, os estandes dos fabricantes, distribuidores e lojas estiveram cheios e não houve quem reclamasse do movimento e dos negócios. Estiveram presentes: Meteoro, Hinor, Roland/Edirol, SabraSom, Snake, Selenium, Attack, Music Mall, Pride, Libor, Acoustic, Royal Music, Decomac/D.A.S, Sotex/Serenata, Oversound, Staner, Beyma, Yamaha, HotSound, SLM Brazil e Sennheiser. Além desses, os visitantes podiam visitar ainda estandes dos cursos Iatec e IAV e da AudiCare, clínica de fonoaudiologia que ofereceu testes de audiometria.
Os workshops de caráter mais técnico e teórico, aliás, deram o tom das palestras da AES, com temas como inovação em filtros de equalização, multicabos digitais, áudio digital via Gigabit Ethernet, caixa refletora de graves excitada por fonte de corrente, amplificadores digitais e sustentação de potência. Essa tendência agradou alguns e desagradou outros tantos. Não por acaso algumas das palestras mais disputadas abordaram temas mais gerais, como TV Digital, sound management (com Flávia Calabi) e técnicas de mixagem (Fábio Henriques).

Mais uma vez, em parceria com a ABPAudio (Associação Brasileira de Profissionais de Áudio), a fabricante americana Meyer Sound encheu o auditório nos três dias com o curso sobre sonorização. Neste segundo ano, o tema foi "Como Alinhar Sistemas de Sonorização usando múltiplas fontes sonoras".
A maior reclamação sobre a AES, no entanto, ficou por conta da programação das palestras. Além de os temas terem sido divulgados a poucos dias do evento, as datas e auditórios sofreram sucessivas alterações. Na maior parte dos casos, era preciso perguntar na porta das salas que workshop estava acontecendo por lá, o que causou, segundo alguns participantes, o esvaziamento de parte das palestras. A parte boa foi que a confusão acabou provocando um maior encontro dos profissionais nos corredores e áreas comuns e uma maior visitação à feira de produtos.
Inserção de tecnologia brasileira no mercado internacional
O 5º Congresso da AES Brasil, que ocorreu paralelamente à 11ª Convenção Nacional da AES Brasil, teve como tema este ano a Inovação no Áudio. Comunidades científicas e técnicas mostraram pesquisas e desenvolvimentos nas diversas áreas relacionadas ao áudio. Entre os assuntos abordados estiveram: Implementação do método do traçado de raios e das fontes virtuais para a simulação acústica de salas; Plug-in VST para remoção de ruído de fundo em sinais de áudio; O uso de sistemas de áudio no controle de ruído e HD2 - Gerenciador Digital.

Um dos destaques do congresso foi a presença de Rob Clark, da Allen & Heath. Na manhã do último dia de evento, ele fez uma palestra sobre latência e como ele e a equipe da empresa britânica tentou amenizar esse e outros problemas no desenvolvimento da nova mesa de mixagem iLive. Depois da parte teórica, à tarde, Clark - trazido ao Brasil pela Libor, representante da Allen & Heath no país - foi para a prática, expondo as funcionalidades da nova mesa digital.
Régis Rossi Alves Faria, organizador do congresso e também pesquisador e coordenador do Núcleo de Engenharia de Mídias da USP conta que o tema deste ano foi escolhido para levantar a questão do desenvolvimento tecnológico na área do áudio no Brasil, que segundo ele, sofre por ser um processo descontínuo e devido à cultura brasileira de importar tecnologia e produtos.
"Temos uma dificuldade muito grande de estabelecer um módulo contínuo de desenvolvimento tecnológico no Brasil. Acabou o fomento, o projeto acaba. E quando se tem descontinuidade, você tem que desfragmentar a sua equipe porque não tem como pagá-la. Então, a estrutura que produz desenvolvimento tecnológico é de regime de pulsos, não é um regime que permite uma inserção ativa do país no mercado internacional de tecnologia. No segmento de tecnologia sonora, o Brasil é um importador. Isso transforma a cadeia industrial brasileira incompleta", afirma.
Régis montou um painel de inovação em áudio com a presença de: Gilson Schartwz, professor e diretor da Cidade do Conhecimento, centro de pesquisa e extensão da USP; Rochester Gomes da Costa, analista da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep); e Antônio Abrantes, examinador de patentes na área de eletrônica do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).
Mas para a decepção de Régis, poucos se interessaram em assistir ao painel, que mostrou, entre outros pontos, como conseguir dinheiro para pesquisas e projetos e como escrever patentes corretamente.
"A audiência muito aquém do esperado é um retrato da dificuldade de se estabelecer um interesse em efetivamente se conseguir ter inovação no país. Os convidados trouxeram informações tão preciosas, mas o empreendedor brasileiro não soube aproveitar essa oportunidade. O tema inovação foi trazido exatamente para saber como podemos melhorar o perfil de inserção de tecnologia brasileira no mercado internacional".
Para essa inserção acontecer, Régis afirma que não é necessário desenvolver um produto por inteiro. "Pode existir um desenvolvimento muito interessante aqui e que pode ser incorporado a uma mesa da Yamaha, por exemplo. Isso vira produto internacional feito no Brasil. Existem muitas pessoas que querem desenvolver, mas não sabem os caminhos, se sentem compelidas a simplesmente importar tecnologia. Não é isso que nós queremos", diz o pesquisador.
Ouvidos abertos
Se o painel estava vazio, o mesmo não se pode dizer do workshop da Meyer Sound e das palestras de Rui Monteiro, da Studio R, e a do engenheiro Fábio Henriques.

Pelo segundo ano consecutivo, a Meyer Sound, em parceria com a ABP Áudio, realizou nas três manhãs do evento um workshop que atraiu profissionais experientes e outros jovens iniciantes. O tema abordado por um especialista da empresa espanhola este ano foi como alinhar sistemas de sonorização usando múltiplas fontes sonoras. Na platéia, estiveram presentes os técnicos Alexandre Rabaço, Vavá Furkin, Mário Jorge Andrade, entre outros.
A palestra sobre métodos de medição, sustentação de potência e processamento de Rui Monteiro ficou cheio mesmo tendo que mudar de sala em cima da hora por conta da falta da estrutura necessária para a demonstração prática que Rui e os filhos Samuel e Francisco pretendiam fazer e que não foi possível nem com a mudança.
A mesma sorte não tiveram alguns que quiseram assistir à palestra sobre técnicas de mixagem de Fábio Henriques. Programada para acontecer no menor dos auditórios do Centro de Convenções Rebouças, deixou gente se lamentado do lado de fora. O engenheiro lançou, ainda, na AES, seu livro Guia de Mixagem, pela editora Música & Tecnologia.
Outra palestra que merecia um auditório maior foi a do espanhol, residente nos EUA, Miguel Hadelich, engenheiro da Dolby. Ele voltou à AES Brasil, desta vez para falar sobre o processador da Dolby Lake e mostrar, entre outras coisas, o seu funcionamento, sua integração com o Smart Live e o novo KIT989 CobraNet Card.
Outro estrangeiro, Ramon Franco, da D.A.S., falou sobre o Ease Focus. Alexandre Algrante, gerente de vendas e marketing na América Latina da Beyerdynamic, apresentou o Headzone Pro, o primeiro sistema portátil de monitoração 5.1, e o MCS-D200 digital, um sistema de conferência que comporta até 54 canais.
FEIRA

A Staner ocupou o maior auditório do Centro de Convenções Rebouças, onde mostrou seus sistemas de line array - com destaque para o lançamento do sistema amplificado LAN-800P. A fabricante paulista ofereceu ainda a palestra Alinhamento de Sistemas de PA com o Programa Smart Live.
A Royal e a Yamaha também promoveram workshops técnicos. A primeira apresentou uma espécie de pocket Harman Road Show, com palestras promovidas por especialistas em produtos das empresas do grupo, como Soundcraft e JBL.
No estande da Libor, visitantes puderam conferir o Headzone Pro, que, junto com a mesa digital iLive da Allen & Heath, foi o principal atrativo do espaço. "O Headzone Pro é primeiro aparelho no mundo a oferecer um sistema portátil para monitoração 5.1. Apesar de ser um equipamento profissional dedicado à mixagem surround, muitas pessoas estão se interessando em ter, pois da mesma forma que você compra um home theater, você compra esse sistema para assistir o DVD em 5.1 durante uma viagem, por exemplo", diz Rafael Henrique Trindade, assessor técnico e comercial da Libor.

Para ele, a feira foi mais movimentada do que a do ano passado. "Não tanto por parte dos estudantes, mas pelos profissionais da área. Não sei qual foi a justificativa. Pode ter sido a queda do dólar ou dos juros, que conseqüentemente aquecem o mercado", cogitou.
A Yamaha deu uma enxugada no seu estande, optando por se concentrar na exposição dos mixers digitais O2R96, O1v.PM5D, M7Cl, e a nova SL9, uma de 32 e outra de 16 canais. No estande também tiveram palestras sobre Mixers Digitais, com Marcelo Claret; Inclusão Digital, a nova mesa LS9 e a versão 2 da mesa PM5D, com Aldo Werner e Manutenção de mixers digitais, com Edson Matelatto.
"Tivemos todo o tempo o estande cheio. O pessoal está cada vez mais interessado por mixer digital. Só levamos mixer digitais e isso mostra que é um tipo de produto que já está consagrado no mercado, não tem mais volta", afirma Pardal, do departamento de marketing e vendas da Yamaha.
Mais uma vez provando o domínio das mesas digitais pra PA, no estande da Music Mall a grande vedete era a DigidesignVenue, que figurou ao lado de periféricos de marcas Avalon, SSL e Universal Audio. Entre os destaques, os prés Solo 610 e 110 da Universal Audio.

A Music Mall passou recentemente por uma reformulação, fechando sua loja de instrumentos para investir na área de sonorização ao vivo. "A AES é uma feira muito focada na parte de ao vivo. Antes, a gente ia para a feira focado em estúdio, mas víamos que havia muita gente de PA e monitor. Agora, estamos buscando esse segmento", conta Alexandre Neves, diretor da Music Mall.
A fabricante de alto-falantes Hinor fez sua estréia na AES mostrando sua linha de áudio profissional. Destaque para os drives de titânio, HDT 3169, com potência RMS que pode chegar até 115 watts, e HDT 3200, com até 130 watts/ RMS.
"Viemos nos apresentar como uma marca para o seguimento profissional e nos aproximar aos profissionais de áudio", diz Dirceu Kniess, gerente comercial da Hinor. Ele admite que pensava que a feira fosse maior. "Mas é uma feira direcionada mais para a qualidade do que para a quantidade", analisa.

A Beyma teve seus lançamentos retidos na alfândega por conta da greve da Polícia Federal e não pode mostrá-los, mas nem por isso o técnico Carlos Correia deixou de falar para os visitantes sobre o novo TPL-150, um driver de fita de alta freqüência, que suporta aproximadamente 100W/ RMS e é diretamente aplicável a sistema de line array, sem necessidade de guia de ondas. Outra novidade é a linha MW de alto-falantes com imã de neodímio. Já na Selenium, os destaques foram os drivers de neodímio D2500Ti-Nd e o D3500Ti-Nd.
A Royal Music levou à feira diversos produtos das marcas que representa no Brasil. A grande atração foi a mesa Soundcraft Vi6, com os efeitos da Lexicon embutidos e 35 equalizadores gráficos BSS. Da JBL, os destaques foram as caixas acústicas da série PRX e a caixas LSR4300 Studio Monitors, sistema de monitoração digital em rede e com correção acústica.

Da AKG, os microfones condensadores AKG C 5, Perception 100 e 200, o e o dinâmico D 5, além do Elle C, microfone desenvolvido especialmente para vocalistas, e o clássico C 414 LTD, numa edição comemorativa de 60 anos da fabricante, que reeditou o modelo com algumas novidades, como indicadores em LEDs. Da série de headphones da AKG, vários modelos, como o K701, K601 e K130.
Entre as novidades também chamou a atenção o Zoom H4 Handy Recorder, gravador digital portátil com quatro pistas (duas simultâneas), dois microfones condensadores embutidos em XY e dois pré-amps microfone/linha. Tem capcacidade de gravar 380 minutos em 16-bit ou 34 horas de gravação no formato MP3.Apresenta ainda phantom power de 24V ou de 48V, saída USB e metrônomo. Vem com fonte, minitripé, cartão de memória SD e software CUBASE LE.

"A AES é importante para o mercado. Para a gente foi mais interessante este ano, com um público mais seletivo e que está cada vez mais consciente. A competição estudantil foi muito legal com trabalhos de altíssimo nível", avalia Conrado Ruther, da Royal Music. Também considerou a AES proveitosa José Roberto Mandro, diretor da HotSound, que apresentou os seus amplificadores digitais e comemorou o movimento na feira.
Liza e Shraga Winter, da SabraSom, também consideraram o movimento na feira bom, mas comentaram que algumas vezes, na relação custo/benefício, vale mais a pena investir em feiras internacionais. Kika, da Meteoro, também elogiou a qualidade e os bons negócios na AES.
A Roland chamou a atenção para seu estande com o sistema de transmissão digital multicabo Digital Snake, usado recentemente na vinda do Papa Bento 13 ao Brasil (confira reportagem na próxima edição). O sistema foi, inclusive, demonstrado por Miguel Ratton em uma palestra sobre transmissão digital.
DEPOIMENTOS DE VISITANTES E DO JOEL

Além de informar através de palestras e mostrar os novos lançamentos do mercado, a convenção da AES serve como ponto de encontro de profissionais que não conseguem se encontrar com freqüência por conta do trabalho.
"A AES é onde encontramos os amigos e trocamos informações, mais até do que assistir às palestras - sempre tem algumas interessantes, como a sobre TV Digital", diz Guilherme Reis, atual gerente de áudio do Mega em São Paulo e que esteve presente nos três dias do evento.
O operador de monitor Paulo Farat, que freqüenta a AES todo ano, focou os olhos nos in-ears e aproveitou para rever amigos. "Gosto de encontrar os amigos, pois na estrada, você não consegue ver ninguém". O técncio de PA João Roberto Cotô Guarino viu algumas novidades e afirma que indústria nacional está melhorando muito. "Tem muito fabricante com coisas boas".
Vavá Furquim, técnico de PA de Caetano Veloso, afirmou, que além de trocar idéias e rever os amigos, seu objetivo principal na AES foi fazer o seminário da Mayer. "Foi muito rápido, só três dias para um assunto tão extenso", lamenta.
Edilton Oliveira Dutra, da empresa de áudio e vídeo BrowMaster e técnico de PA do Ásia de Águia também participou do workshop da empresa espanhola. Ele tentou aproveitar ao máximo a convenção, visitando todos os estandes, testando produtos, indo a palestras como a de Miguel Hadelich, engenheiro da Dolby e trocando informações com os colegas de profissão.
"Nos três dias de AES é imensurável o aprendizado não somente nas palestras e workshops, mas trocando experiências. Além das palestras, gosto desse reencontro com os amigos de várias cidades que a gente encontra só em festivais; conversar com os técnicos, que já aposentaram as chuteiras, mas que estão trabalhando em empresas, sobre a prática na estrada e falar com o fabricante sobre o que ele pode mudar nos sistemas. É bom também porque podemos testar vários equipamentos que vemos na internet", enumera.

Everton Santos, técnico de PA da banda Karametade esteve pela primeira vez numa uma convenção da AES. "Vim com a intenção também buscar novos contatos, conhecer novas pessoas da área do áudio e fazer o curso da Mayer, que foi bastante esclarecedor".
Entre os lançamentos, o line array da Staner foi o que saltou aos ouvidos do técnico. "Esse sistema me impressionou muito pelo resultado. Na estrada, o pessoal ainda tem um pouco de dúvida em adotar o sistema nacional e com esse e outros equipamentos, como X12 da Studio R isso está indo abaixo", afirma.
Everton aproveitou para dar uma sugestão à organização da AES. "Acho que a AES deveria ser mais difundida além dos meios tão específicos, pois tem gente que se interessa por áudio, mas muitas vezes não conhece esses meios. Eu faço manutenção de sistema de sonorização para igrejas e tenho alunos que não têm conhecimento de que existe esse meio de áudio profissional no Brasil. Talvez, se buscassem um pouco mais difundir a convenção de uma maneira mais simplificada e aberta, fosse mais interessante", diz.
Para o presidente da AES Brasil, Joel Brito, "as convenções têm melhorado ano após ano". "Temos conseguindo cumprir nosso objetivo de organizar atividades relativas ao áudio. Tivemos o segundo ano da bem sucedida competição estudantil e o quinto ano do congresso, que teve um aumento de 40% na quantidade de papers em relação ao ano anterior".
Sobre a ligeira diminuição da feira, com a ausência este ano de expositores como a Quanta Music, CIS, Leson, FZ Áudio, entre outras, Joel diz que saíram uns, mas por outro lado entraram outros. "O resultado final talvez tenha sido três ou quatro a menos, mas é uma flutuação normal. Há expositores que não compareceram esse ano, mas que já marcaram para o ano que vem, como a FZ Áudio", revela.
Quanto às reclamações de alguns visitantes da AES por causa da demora na divulgação dos temas das palestras e de seus palestrantes, o presidente da AES conta que gostaria de divulgar a programação com seis meses de antecedência, mas que nem sempre é possível confirmar antecipadamente já que "a AES não contrata palestrantes, depende do voluntarismo". Mesmo com esse entrave, ele lança um desafio: "No dia em que essas pessoas fizerem a inscrição e pagarem com seis meses de antecedência, te garanto que consigo confirmar tudo com mais antecedência. Eu já coloquei inscrições no ar com mais de quatro meses antes da convenção, mas as pessoas deixam sempre para cima da hora".
Joel diz que não quer pensar a convenção da AES do ano que vem isoladamente. "Queremos pensar o que será a AES daqui a cinco anos e adequar todo as nossas ações a esse planejamento a longo prazo".
Eleição da ABPAudio é adiada
Último evento marcado dentro da programação da AES, a Assembléia da ABPAudio - que elegeria uma nova chapa para a diretoria do cargo - acabou tomando um rumo diferente do esperado pelos cerca de 50 participantes.
Comandada por Marcelo Claret, presidente da associação, a reunião sofreu com a falta de organização quanto aos dados dos associados, o que levou à impossibilidade de se realizar a escolha da nova diretoria. Isso porque, segundo o estatuto da ABPAudio, só podem votar os associados que estiverem com a anuidade em dia. No entanto, essa relação não estava disponível no dia da eleição.
Além disso, houve problemas na formação das chapas que concorreriam à diretoria da ABPAudio. Após alguma discussão, os participantes da assembléia optaram por adiar a eleição para o final de junho. Foi definida ainda uma comissão eleitoral para organizar essa votação, que contará, a princípio, com uma novidade: a possibilidade de votar através de uma procuração. A idéia é dar voz aos associados de todo o país e não apenas àqueles que têm condições de ir às assembléias. Para mais informações sobre a ABPAudio e a eleição, procure a associação:
www.abpaudio.com.br / (21) 2421-8710.
Prêmio para estudantes da Estácio, Iatec e Unicamp

Seguindo o exemplo das convenções internacionais, a AES Brasil realizou a segunda edição da Competição Estudantil de Gravação, que teve os finalistas e vencedores anunciados durante o primeiro dia do evento. Segundo o coordenador da competição, o engenheiro Franklin Garrido, estudantes e recém-formados de 14 instituições brasileiras foram convidados a inscrever gravações em três categorias: música popular; eletrônica e clássica.
Os trabalhos foram analisados por um júri composto pelos engenheiros de som Flávia Calabi, Clement Zular e Tuka Baldassara, na categoria de música clássica, Marcelo Sabóia, Paulo Farat e Flávio Senna, na categoria música popular, e o DJ Patife na categoria música eletrônica. Eles levaram em conta, entre outros itens, o nível de sinal, edição, processo e ambientação da música.
Antes do anúncio dos vencedores, os finalistas de cada categoria fizeram uma breve apresentação descrevendo o seu processo de gravação ao júri e à platéia. Em música popular houve um empate de nota, sendo escolhidos quatro finalistas em vez de três.
Rodrigo Otávio Mauricio Gama, de 29 anos, que cursa o último ano de Produção Fonográfica da Estácio de Sá do Rio de Janeiro, e é ex-aluno do Iatec, levou a melhor entre os 14 concorrentes da categoria música popular. Ele apresentou uma gravação de uma releitura de Sun is shining, de Bob Marley, interpretada pela carioca Patrícia Boechat. A gravação foi feita em seu home studio, que conta com um par de monitores da Roland DS 9A, mesa de seis canais Behringer MX 602A, microfones MXL V67 da Marshall e MP 68 da Le Son e um TubePRE da PreSonus. Rodrigo usou o software Nuendo e alguns plug-ins
"O mais importante dessa competição é poder mostrar o meu trabalho para outras pessoas e ter um parâmetro a partir da avaliação dos profissionais", diz Rodrigo.
Alexandre Câmara, 34 anos, estudante do Iatec, no Rio de Janeiro, foi o primeiro colocado na categoria música eletrônica. Ele concorreu com uma gravação em que usou o Ozonic da M-Audio, que funciona como teclado, superfície de controle e interface de áudio; o piano digital Yamaha P-60; a workstation Korg TR-76, a interface de controle Behringer BCF2000, o software Cubase SX3 e diversos plug-ins. A monitoração foi feita com as caixas BX5a da M-Audio.
"Foi uma bela surpresa. Mandei sem nenhuma pretensão. Não sou profissional de áudio, sou advogado e tecladista. Abri uma empresa de produção musical de trilhas e jingles em 2004, quando me apaixonei pelo mundo do áudio. Fiz dois cursos no Iatec, de Produção Fonográfica e Equipamentos e Aplicações", disse..
Alexandre Maurício Martins Pereira, aluno do curso de Composição na Unicamp, foi o único concorrente na categoria música clássica. Ele inscreveu uma gravação realizada no auditório de Medicina da universidade. "É uma sala bem seca, com pouca reverberação e pouco agudo", diz Alexandre Maurício.
Ele captou o som de uma orquestra composta por clarinete, clarone, dois fagotes, três trompetes, três trombones, um coro de 120 pessoas e uma sessão de cordas "O grande problema neste tipo de gravação é a interação da sala com os executantes. A captação foi um molde da deca-tree adaptado porque eu não tinha os três microfones ominidirecionais que são usados originalmente. Então fui adaptando e reforçando com outros microfones. Utilezei AKG 414 em ominidirecional e um cardióide de cápsula pequena na frente, o MXL 991. Para reforço de baixo e cello, usei um MXL 990. Entre a divisa entre primeiro e segundo violino, usei um M-Audio Nova. E, para as madeiras, onde era o mais problemático, utilizei um Samson C02. O mixer foi Yamaha MG 12/4. Usei também um pré-amplificador TubePRE da PreSonus", revela.

O estudante da Unicamp conta que os jurados falaram que a gravação tinha problemas no campo estéreo porque a deca-tree forma um campo estéreo por si só. "Como coloquei outros microfones de reforço, eu distorci o campo estéreo. O maior problema foi ter posto um cardióide no lugar de um omni", diz Alexandre Maurício. Segundo ele, os jurados também observaram que alguns instrumentos sobressaíram demais e o coro acabou ficando distante e sem reverberação.
Paulo Farat, um dos jurados, ressaltou as diferenças para um iniciante na área de áudio entre a época que começou a carreira, quando os grandes estúdios eram um dos principais meios de aprendizagem, e os dias de hoje, com equipamentos mais em conta, permitindo a proliferação dos estúdios caseiros, onde foi feita a maioria das gravações inscritas na competição. "Hoje, os caras conseguem colocar o que pensam muito mais fácil do que antigamente, quando a gente estava restrito a grandes estúdios. Com os equipamentos mais baratos dá condições de fazer um home studio e mostrar muito mais facilmente o que quer", compara.
Farat elogiou o nível das gravações e citou como exemplo a música apresentada pelo estudante Francisco Esmanhoto, segundo colocado na categoria música popular, que gravou uma música instrumental onde todos os instrumentos foram executados por um único músico. "O candidato estava muito preocupado com a sonoridade do violão que ele tinha feito, que para mim estava maravilhosa. Teve uma parte da música em que o som ficou embolado e que o candidato falou que não gostou. Então perguntei se ele ficaria mais feliz se tivesse gravado todo mundo tocando junto. Ele respondeu que a sonoridade ficaria diferente, pois seriam mais pessoas tocando em vez de um cara só. Isso mostra que ele já tem um discernimento e acho isso muito válido. Eu adorei o som de violão, captado em XY, como eu gravei no disco Brazilian Duos da Luciana Souza, que concorreu ao Grammy em 2003. O cara está no caminho. Teve um outro que fabricou os próprios microfones".
No fim as apresentações, os patrocinadores da competição, Yamaha, Sennheiser, Pride Music e Royal Music, sortearam respectivamente entre os finalistas: um sampler SU10; um microfone Neuman TLM103; um Shure KSM137 e um headphone AKG K 240.
Para o próximo ano, Franklin Garrido contou que pretende abrir inscrições para gravações em ambiente 5.1, como forma de incentivar mais a participações dos estudantes.
Decomac apresenta lançamentos D.A.S.

Além de apresentar os sistemas de caixas acústicas e falantes da D.A.S. a feira da AES, a representante Decomac convidou técnicos, empresários e a imprensa para um jantar e um show com o objetivo de mostrar os novos e principais produtos da fabricante espanhola. O foco foi na série Artec, se sistemas compactos que promete alto volume SPL. A idéia, segundo a empresa, é proporcionar um equipamento que pode ser facilmente instalado em paredes, tetos e colunas com vários acessórios opcionais para montagem.
Durante o encontro, Guillermo Di Stefano, diretor da Decomac, aproveitou também para agradecer os parceiros da empresa. Para saber mais, visite
www.decomac.com.br ou
www.dasaudio.com.