RSS Facebook Twitter Blog
Revista Luz & Cena
Aquário
Studio MD12
Projeto acústico de estúdio de Manaus privilegia matérias-primas da região
Tatiana Queiroz
Publicado em 01/09/2006 - 00h00
divulgação
 (divulgação)
Há três anos e meio, quando deixou o setor de comunicação social de uma empresa pública, Mauro Batista decidiu que queria investir em um estúdio de gravação em Manaus. Sem nenhuma experiência na área, fez cursos livres de áudio para entender um pouco do seu futuro negócio. Contratou o engenheiro de som bielo-russo Andrei Hudzelaits, que há nove anos vive na capital amazonense, para fazer o projeto acústico do Studio MD12 e coordenar as obras. As instalações elétricas ficaram sob os cuidados da esposa de Mauro, a engenheira Marilene Costa.

Erguido em um terreno vazio, o MD12 possui 90 m² divididos em sala de gravação, técnica, escritório, banheiro e sala de refrigeração, além de uma área externa coberta para descanso. O investimento na construção foi de R$ 200 mil, fora os R$ 180 mil gastos em equipamentos. "Depois fomos comprando novos equipamentos e fazendo outros investimentos", diz Mauro.

ESTRUTURA DE TIJOLO, MADEIRA E CÂMARA DE PNEU

A base do projeto foi a utilização de material vivo. "Não foi usado nenhum tipo de material que absorve drasticamente o som, como espuma e lã de vidro", conta Andrei. A composição do estúdio foi baseada também na relação eficiência / custo baixo. A técnica e sala de gravação foram construídas com paredes duplas, sendo a parte externa de alvenaria comum e a interna de tijolo maciço aparente, sem revestimento. O teto das duas salas foi feito de laje com forro de madeira marupá. "As pedras são ótimas para construir as paredes reflexivas, mas, como aqui na região elas possuem um preço elevado e são difíceis de encontrar, cheguei à conclusão de que poderia obter um ótimo resultado usando tijolo refratário e curvando algumas paredes do estúdio", revela o projetista.

As curvaturas nas paredes e os tijolos colocados de maneira irregular foram as soluções para fugir das ondas estacionárias e garantir uma coloração diferente do som, segundo Andrei. As paredes da sala de gravação ainda receberam painéis difusores bidimensionais, de 2 m × 2 m, compostos por vários tipos de madeiras e com espessuras variando de 2 cm a 4 cm. "Parece uma sanfona, com as madeiras de alturas diferentes. As ondas sonoras batem nesses difusores e na hora de refletir tomam um pouco de coloração de cada tipo de madeira. A madeira dá uma coloração quando entra em ressonância, o que é muito importante na captação", explica Andrei. Ao todo foram usados dez tipos de madeira entre defletores e revestimento do teto e das paredes: louro pachuru, violeta, cedro, cedrinho, sucupira, muracatiara, andiroba, marupá, mulateiro e louro.

Uma dos diferenciais da sala de gravação, que tem 24,70 m², é o piso flutuante, sem contato com o chão e as paredes, e revestido de madeira.  Para isolá-lo do chão sedimentado, foram usadas cerca de 200 câmaras de pneu de moto. "Todo mundo que entra no estúdio sente alguma coisa diferente, mas não sabe explicar o que é. Ninguém acredita que usamos câmaras de pneus", diz Andrei.


A sala técnica do Studio MD12

A técnica, de 18 m², também recebeu piso revestido de madeira e isolado do chão por câmaras de pneus. O ambiente é interligado à sala de gravação através de uma janela de vidro duplo.

As portas isolantes foram fabricadas sob encomenda a um marceneiro e são objetos de inveja pelos concorrentes. Revestidas por madeira e compostas internamente por camadas prensadas de compensado, alumínio e fibra de vidro, e com dois a três anéis de vedação, elas chegam a atenuar até 43 decibéis. "Conseguimos reduzir de 40 cm de profundidade de uma porta convencional de estúdio para 12 cm", diz Andrei.

Uma das exigências do projeto era que as instalações para a climatização fossem afastadas das salas. A refrigeração é feita por uma central de ar condicionado externa. O ar é conduzido às salas por dutos independentes projetados para produzir ruído insignificante na saída. Para cada sala vão dois dutos: um para insuflar o ar e outro para retirá-lo.

MERCADO RESTRITO


Mauro Batista na técnica do Studio MD12
e o engenheiro de som bielo-russo Andrei Hudzelaits



A equipe do Studio MD12 é composta pelos técnicos de gravação Diego Costa e Jadson Ricardo, além de Andrei, que é engenheiro de mixagem e pré-masterização. 

O MD12 atende principalmente ao mercado de música regional e gospel. Atualmente, três projetos estão em andamento: os CDs dos grupos evangélicos Profunda Adoração e Calvários e o da banda de reggae Ragga Roots, todos de Manaus. "Realizamos, em média, seis grandes projetos por ano, fora outros trabalhos que demandam menos tempo do que a gravação e mixagem de um CD inteiro, como demos e jingles", diz Mauro.

Ele conta que a produção musical em Manaus é pequena e disputada por pequenos estúdios e por outros quatro do mesmo porte do MD12. "Conseguimos manter o estúdio funcionando com certa lucratividade, mas ainda não tive o retorno do investimento", revela o empresário. Sem temer o difícil mercado, Mauro planeja o início da ampliação do estúdio até o fim do ano.

AMPLIAÇÕES PREVISTAS

A idéia é construir uma nova sala de gravação de 22m² e com seis cantos, com grupos de paredes feitas por materiais diferentes. "Seriam, por exemplo, duas de madeira, duas de pedra e, de repente, uma delas com um módulo de absorvente de lã de vidro ou uma tela regulável", planeja Andrei.

O projeto de ampliação também inclui uma sala só para mixagem, que atualmente é feita na técnica, com monitoração surround. "Será uma sala mais simétrica do que a atual sala técnica, que tem parede encostada com a do vizinho e por isso não podíamos mexer muito. A técnica é simétrica somente pelo teto e chão, as paredes não. Isso produz um efeito que, na hora da mixar, nos leva a mudar a referência porque fica um pequeno desbalanceamento", conta Andrei.

Equipamentos do Studio MD12

Microfones: 2 AKG C3000; 2 AKG S1000; 2 Oktava MK 012; 2 Shure SM57; 2 Shure Beta 57; 1 Shure Beta 52; 1 Neumann TLM 103 e 2 Samson CO2.

Computadores: Pentium IV 2.8 e Pentium III 1.0

Softwares: Scope 4.5; Cubase SX e WaveLab 5.0

Instrumentos musicais: bateria eletrônica Staff Drum com módulo Alesis DM5;
Bateria Yamaha Stage Custom; contrabaixo Fender; guitarra Fender; teclado Roland XP80 e percussão LP
2 Placas Creamware Pulsar com 6 processadores cada
Conversor Creamware DA/AD A16 Ultra
Samson PowerBrite Pro - Rack Power Distribution and Lighting System
Amplificador para headphone Samson S-phone - Four Channel
Pré-Amplificador Focusrite Platinum 8 Octo Pre
Interface Behringer Ultragain Pro-8
TC Electronic Finalizer Express
Monitor KRK V8
Monitor Yamaha NS-10M Studio
Amplificador Yamaha A100s
Amplificador de guitarra Laney
Monitor Headphone AKG K240m 
Monitor Headphone Samson CH700;
MD Sony MDS-JE500

Studio MD12 - telefones:(92) 3657-1249 e 9987-6469 / e-mail: md12@md12.com.br 
 
Conteúdo aberto a todos os leitores.