RSS Facebook Twitter Blog
Revista Luz & Cena
Evento
Aposta certa
Festival de Verão de Salvador mantém estrutura bem-sucedida utilizada em 2005
Rodrigo Sabatinelli
Publicado em 02/04/2006 - 21h57
A oitava edição do Festival de Verão Salvador, realizada entre os dias 01 e 05 de fevereiro, no Parque de Exposições da capital baiana, recebeu um público de aproximadamente 250 mil pessoas, sendo cerca de 60 mil na quarta-feira, 50 mil na quinta, 40 mil na sexta, 60 mil no sábado e 40 mil no domingo.

Produzido pela Icontent, uma empresa de entretenimento da Rede Bahia de Comunicações, o maior evento pop do Brasil teve 125 atrações, entre elas Capital Inicial, Chiclete com Banana, Jota Quest, Ivete Sangalo, Pitty, Daniela Mercury, Skank, Babado Novo, Charlie Brown Jr e Banda Eva, e comprovou sua aposta na diversidade musical.

Em time que ganha não se mexe

Mais uma vez, a sonorização de dois dos ambientes do festival, o palco principal e a arena secundária, ficou por conta da João Américo Sonorização. A empresa local, aliás, trabalhou com os mesmos equipamentos que utilizou na edição passada do evento e incluiu apenas um ou outro item, como por exemplo, os prés 9098, da Neve, que foram insertados nas vozes de alguns dos cantores, e um processador dinâmico digital.


No detalhe, uma das torres de PA do palco principal e seu complemento.
Sistema utilizado em edições anteriores foi mantido no festival


Para o Palco 2006 (principal), a locadora disponibilizou o PA VLA (Vertical Line Array), um sistema totalmente cornetado, composto por 16 elementos em seu L/R, que teve como complemento duas torres externas de quatro caixas por lado, dispostas paralelamente a ele. Essas caixas tinham cada uma dois falantes de 12", dois de 10" e dois drivers de 2", todos da Selenium.

Além delas, foi utilizado um sistema de subgraves composto de 12 caixas por lado, que oferecia uma enorme pressão sonora na área a ser coberta. Os amplificadores utilizados no PA e nos subs, que tiveram processamento XTA, foram Ciclotron série TIP - nos modelos 5000, 3000 e 2000. O processamento externo foi feito com máquinas de efeitos Lexicon 480L e Yamaha SPX 990 e SPX 2000, com os compressores dbx, gates Drawmer e equalizadores Klark-Teknik.
 


No Palco 2006 foram utilizaods quatro consoles,
dois analógicos e dois digitais, para PA e monitor


As grandes modificações logísticas do festival foram a retirada das torres de delay, pois a área do evento não necessitava da presença delas, e o deslocamento da house mix para a frente de uma das torres do PA, uma exigência dos profissionais da TV Globo que cuidam da transmissão do espetáculo. De acordo com eles, o novo posicionamento favoreceu a visualização do palco e ampliou o campo de atuação das câmeras de vídeo.

Os consoles correspondentes ao PA eram um analógico Midas XL200 Heritage, e um digital SY80, da InnovaSON. Para os monitores foram utilizados um PM5D, da Yamaha, e outro SY80. A grande maioria dos operadores de PA utilizou o InnovaSON. A ordem era que, a cada dia, somente um profissional trabalhasse com a mesa analógica, pois era preciso mapeá-la sempre que fosse utilizada, diferentemente da digital, em que se podem salvar diversas sessões.

Optaram pela Midas os técnicos de Ivete Sangalo, Pitty e Tati Quebra-Barraco, que usou a sobra de inputs da roqueira baiana. Para fazer o show da funkeira carioca, aliás, foram necessários apenas 10 canais da mesa, que foram divididos entre bateria eletrônica, mix, sample e voz, todos em L/R. O técnico de monitor de Ivete, o baiano Lázzaro, utilizou uma SY própria, assim como fez o operador do grupo Asa de Águia, que lançou mão de sua DM2000, da Yamaha.

Os microfones, disponíveis em quantidade capaz de atender a pelo menos seis setups completos de artistas - ou seja, microfonando bateria, amplificadores, percussões, overs e vozes dessas atrações -, variavam entre as marcas Sennheiser, AKG, Shure, Audix, Neumann e Electro-voice. Os Titãs, por exemplo, usaram seus kits próprios da Shure. Já Ivete Sangalo utilizou seu sistema sem fio AEW-4316, da Audio-Technica.

Como a grade diária do festival foi inflada, tendo pelo menos seis atrações por dia, os shows acabavam muito tarde. Dessa maneira, o nível de SPL foi controlado a fim de não incomodar os moradores da região, uma área residencial.

O fantástico gueto de Brown

O Festival Gueto Square, espaço destinado a artistas alternativos ou emergentes como Medulla, Luxúria, Silvera, Cansei de Ser Sexy, Cláudio Zoli, Otto, Pavilhão 9 e MV Bill, entre outros, foi capitaneado por ninguém menos que Carlinhos Brown. Ícone da música baiana, o cantor e compositor escolheu as atrações da tenda e aproveitou para mostrar um pouco de seu atual trabalho. A supervisão de áudio do local ficou nas mãos de Levinton Rosa, funcionário da João Américo Sonorização.

O palco foi sonorizado por um sistema de line array Selenium, o mesmo que foi utilizado no ano passado, quando o espaço se chamava Arena Vivo Motomix. Composto de dez caixas por torre, com cada uma contendo dois falantes Selenium WPU1505 de 15", para graves; quatro de 10", para médios graves, e quatro cornetas com driver D3300, para médios-agudos, ele foi empurrado por amplificadores Ciclotron, nos modelos TIP 5000 2? Class H (26 unidades), TIP 3000 (20 unidades) e TIP 2000 (20 unidades).

Os consoles dessa tenda, que foram escolhidos pelo próprio Brown, foram um Midas Heritage XL200, para o PA, e um ML5000, da Allen & Heath, para o monitor. Ambos utilizaram processamentos externos. 

O músico também idealizou um palco giratório para facilitar as trocas de equipamentos dos artistas que passavam pelo local. Também foram utilizados processadores XTA, modelo DP 226, gráficos Klark-Teknik, modelo DM360 EQ, compressores dbx e gates PreSonus.

Por conta das apresentações do cantor, que geralmente trabalha com excesso de freqüências graves, foram disponibilizadas 32 caixas de subwoofer, cada uma com dois falantes. Além disso, uma Unidade Móvel foi estacionada no fundo do palco para registrar todos os shows nele realizados. Essa estação tinha um segundo console Midas modelo XL250, e uma plataforma de gravação que rodava um sistema Pro Tools.

Transmissão para mais de 60 países

A exemplo do que ocorre todo ano, a Rede Globo de Televisão transmitiu um resumo diário com alguns dos melhores momentos do Festival de Verão. A Globo Internacional registrou o evento para exibi-lo em 66 países, entre eles Estados Unidos, Canadá, países da América Central, da Ásia, da África e da Europa. Já os canais Multishow e GNT de Portugal, da Globosat, fizeram sua cobertura para transmitir especiais no decorrer de 2006.
 
Mais uma vez o engenheiro de som Carlos Ronconi supervisionou a equipe técnica da emissora nacional. Ele teve como assistentes diretos o técnico de mixagem Manoel Tavares e os operadores Valtinho e Jacobina, ambos funcionários da Gabisom.

Os equipamentos disponíveis na unidade móvel da Gabi eram um console PM1D, da Yamaha, um par de monitores Mackie, um rack de periféricos com compressores, gates e equalizadores, e duas máquinas Tascam DA88, para fazer os backups da gravação.

Durante a transmissão dos shows aconteceram alguns problemas com o áudio. Na apresentação de Ivete Sangalo, por exemplo, o som da TV esteve prejudicado em diversos momentos. A cantora, aliás, que participou inesperadamente do show de Jorge Aragão, parecia não estar com muita sorte. No duelo com o sambista, ela novamente passou por imprevistos com a via de seu microfone.

De acordo com Vavá Furquim, isso se deu por conta de uma falha na comunicação entre o palco e a unidade móvel. Por outro lado, esses problemas não afetaram o som que saia do PA para a platéia.

Resolução de problemas


Vavá Furquim, em raro momento de descanço

No ano passado, durante sua apresentação no Festival de Verão, o cantor Lulu Santos demonstrou-se insatisfeito com o volume que vinha do palco secundário, que funcionava simultaneamente. Ele parou seu show para reclamar em público, o que, obviamente, foi exibido pelas emissoras que transmitiam o evento. Lulu criticou o descaso da organização do festival com as atrações presentes e saiu indignado de cena.

Logo após o incidente, M&T conversou com Vavá Furquim, que identificou o problema como mau posicionamento da Arena Vivo Motomix. Na ocasião, ele declarou que iria discutir, junto à organização do festival, uma melhor disposição para esse ambiente.

E a medida foi realmente tomada. Dessa vez, o PA desse palco, que geralmente fica localizado na entrada do Parque de Exposições, foi voltado para a área externa, ou seja, sua emissão sonora atingia somente o público que vinha da rua e aqueles que assistiam aos seus shows. "Creio que agora tenhamos acertado a mão. Pelo menos não tivemos qualquer reclamação por parte de técnicos e músicos", concluiu.

 
Tags: Show
 
Conteúdo aberto a todos os leitores.