Equipamento
Tukasom adquire console Venue
Locadora paulista aposta na tecnologia da Digidesign para sonorização ao vivo
A Digidesign já havia revolucionado o mercado de gravações em estúdio quando lançou, há alguns anos, a plataforma digital Pro Tools, que se tornou referência para o segmento. Não satisfeita, recentemente atacou em outro nicho, o de sonorização ao vivo. Com o lançamento do console digital Venue D-Show, a empresa movimentou o mercado nacional e internacional em 2005.
De olho no avanço tecnológico, a locadora de equipamentos paulista Tukasom adquiriu, no fim do ano passado, a primeira unidade da mesa disponível no Brasil. Na estrada, ela já passou pelas mãos de técnicos como Ronaldo Ribeiro (Maria Rita) e Kalunga (Ivete Sangalo).
Equipamento em uso constante
O Rio de Janeiro conheceu a Venue em junho de 2005, em evento realizado no espaço Hard Rock Café, na zona oeste da cidade, durante workshop promovido pela CIS Brasil, um dos revendedores da Digidesign no país. Na ocasião, engenheiros de som da Rede Globo de Televisão avaliaram positivamente o equipamento, que ainda passou por testes mais detalhados em programas da emissora.
A Venue durante sua primeira performance ao vivo no Brasil:
mesa foi usada na mixagem da apresentação da Orquestra
Sinfônica de Bamberg, no Ibirapuera
Pouco tempo depois, Tuka, proprietário da Tukasom, anunciou a compra de uma unidade da mesa para sua empresa, que a estreou num concerto da Bamberger Symphoniker, a Orquestra Sinfônica de Bamberg, realizado no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, em outubro do ano passado. O evento foi sonorizado pela locadora e a orquestra foi captada por mais de 48 microfones condensadores de diversos modelos. A supervisão técnica foi do próprio Tuka e o resultado, segundo ele, foi bem acima do esperado.
De lá, foi disponibilizada para as equipes de artistas como Elba Ramalho, Maria Rita e Ivete Sangalo. As duas primeiras utilizaram-na em alguns de seus shows, enquanto a terceira usou-a somente durante uma participação ao vivo em um programa do SBT.
Diferenciais
A Venue é uma mesa com alguns diferenciais como um setup expansível, composto pelo D-Show, uma superfície de controle modular, um rack local de DSP e conexões digitais, além de inserts e direct outs, chamados FOH Rack. O equipamento ainda dispõe do Stage Rack, que comporta até 48 canais de entradas e saídas analógicas.
Em apresentações ao vivo, a Venue se conecta digitalmente ao FOH Rack através de um cabo coaxial, podendo chegar a 96 canais de entradas e saídas analógicas. O uso de periféricos internos (plug-ins) aumenta a possibilidade de efeitos e é uma de suas principais características.
Ronaldo Ribeiro, operador de PA de Maria Rita, teve seu primeiro contato com a mesa num show realizado em Santos, no litoral paulista, em novembro passado. Segundo ele, trata-se de um equipamento de fácil operação, capaz de atender suas necessidades no dia-a-dia da estrada. Ele destacou a qualidade de seus prés e de alguns efeitos internos, como, por exemplo, equalizadores gráficos e compressores.
Além disso, o técnico disse que o grande atrativo do produto, perante os demais do gênero, é que a Venue possui uma régua de canal (Channel Strip) para todos os canais de entrada, ou seja, ela conta com todos os parâmetros à mão - com potenciômetros físicos para cada função.
"A Venue é bastante ágil e suas funções são muito claras. Tenho utilizado bastante seus plug-ins, mas o mais interessante é que, além dos recursos que oferece, ela ainda permite utilizar até três canais para pré-amplificadores externos", disse Ronaldo.
Kalunga: técnico elogiou compressores
e gates da mesa
Já Kalunga, operador de PA de Ivete Sangalo e um dos primeiros profissionais a utilizar mesas digitais no Brasil, disse que não teve tempo suficiente para explorar todas as funções da Venue D-Show que alugou de Tuka. Ele utilizou-a uma única vez, e disse ter gostado bastante de seus compressores, gates e reverbs internos, mas atentou para a pouca quantidade disponível de plug-ins que havia naquela unidade.
"A mesa é muito bacana e ainda vou conhecê-la melhor. Por enquanto, aconselho a locadora a adquirir pacotes de simuladores, que irão expandir seus recursos", disse Kalunga, lembrando que, em breve, terá o equipamento à sua disposição por cerca de trinta dias ainda no início deste ano, o que lhe permitirá avaliar o equipamento com mais profundidade.
Sistema é aprovado em testes com gravação
Tuka: de olho no mercado de gravação ao vivo
Antes de ser alugada para registros de apresentações ao vivo, a Venue foi testada dentro das instalações da Tukasom. Com o aval dado pelos técnicos da empresa, o console partiu rumo à gravação do espetáculo Opera Il Campanello Di Notte, realizado no Teatro São Pedro, na capital paulista. Na ocasião, o musical foi executado pela Banda Sinfônica do Estado de São Paulo. A experiência foi feita em 16 canais, distribuídos em microfones que captavam instrumentos, maestro e platéia, e utilizou um cabo FireWire conectando o DSP a um laptop.
Nessa conexão foi utilizado um sistema Pro Tools LE, mas, de acordo com Tuka, em futuras produções será utilizado o modelo mais completo, o TDM, provavelmente através de parcerias com empresas que possuam unidades móveis e sistemas HD de gravação. O proprietário afirmou ainda que adquiriu a mesa por diversas razões. No entanto, entre elas, a principal foi a possibilidade de registrar todo e qualquer espetáculo em que utilizasse o equipamento. "Hoje em dia é muito comum que os técnicos de gravação de estúdios migrem para a estrada. Logo, esses profissionais, que já estão habituados com as diversas plataformas de gravação, vão operar com facilidade equipamentos como esse. Assim, poderão ceder informações a quem não tem tanto conhecimento", completou.