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Revista Luz & Cena
Sonar
Track Folders e Slip Editing
Ferramentas que organizam e poupam tempo
Luciano Alves
Publicado em 01/04/2005 - 00h00
Divulgação
 (Divulgação)
Nos últimos números vimos como configurar o Sonar 3 e 4, como criar Groove Clips, seqüenciamento MIDI, gravação de áudio, etc. Agora trataremos de dois tópicos importantes: Track Folders e Slip Editing.

Track Folders (pastas das pistas) permite organizar as pistas de MIDI ou de áudio em pastas distintas, facilitando a organização do projeto. Este recurso é uma das inovações apresentadas na versão 4. O Slip Editing (edição rápida de erros) é uma ferramenta muito eficaz que proporciona economia de tempo e precisão nas edições de execuções erradas.

Track Folders

A possibilidade de organizar as pistas do Sonar 4 em categorias através de Track Folders facilita a organização e a edição do conteúdo do projeto. Utilizando Track Folders é possível editar os clips pertinentes a várias pistas ao mesmo tempo, o que representa uma considerável economia de tempo além de poder alinhar acuradamente as edições de várias pistas. Por exemplo, se você deseja aplicar um fade-in em diversas pistas, não é mais necessário dragar o fade com o mouse em cada pista separadamente. Se as pistas fizerem parte de uma pasta, basta dragar um único fade que, automaticamente, o mesmo valerá para as demais.

Para criar uma pasta de pistas, clique com o botão direito do mouse sobre uma pista. Na janela que se abre, escolha a opção Insert Track Folder (inserir pasta de pistas). Outra forma de acessar este recurso é através de menu  Insert --> Track Folder. Logo é criada uma pista falsa, capaz de agregar quantas pistas forem necessárias. Inclusive, pistas de áudio podem ser agrupadas com pistas de MIDI em um mesmo Track Folder.

Para adicionar pistas a um Track Folder, clique com o botão direito do mouse sobre uma pista independente, ou seja, que não pertença, ainda, a nenhum Track Folder. Na janela que se abre, selecione Move to Folder (mover para a pasta). Se já tiverem sido criadas algumas pastas, basta escolher para qual delas a pista será movida. Caso não tenha sido criada nenhuma pasta, pode-se escolher a opção New Track Folder (nova pasta de pistas).

Uma vez criadas as pastas de pistas, cada qual com seu próprio nome, é possível mutar, arquivar, solar, armar para gravar e habilitar a monitoração de todas as pistas agregadas - tudo isso de uma só vez. Para facilitar a organização do projeto, nomeie os Track Folders com letras maiúsculas utilizando uma linguagem que represente o grupo das pistas agregadas. Por exemplo, quando agrego várias pistas de bateria e percussão em um Track Folder, batizo-o de BAT e PERC. O piano e os teclados ficam dentro da pasta TECLAS. Os efeitos ambientes e atmosféricos pertencem à pasta FX, e assim por diante.

As pistas que são Track Folders podem ser facilmente localizadas quando nomeadas devidamente em caixa alta. Além disso, observe que as pistas falsas dos Track Folders ficam alinhadas mais à esquerda no Track Pane (área de pistas) do Sonar 4. Já as pistas agregadas a um Track Folder ficam mais à direita, com fios que se estendem até o folder em que estão agregadas. Repare que a disposição é idêntica à utilizada pelo Windows Explorer: os subdiretórios são acoplados por linhas e ficam um pouco mais à direita do diretório principal ao qual pertencem. Para facilitar mais ainda a navegação nas pistas do Track Pane, ao clicar em qualquer uma que esteja associada a um Track Folder, este passa a ter uma coloração abóbora na extremidade esquerda. A Cakewalk pensou em tudo!


Track Folder com nome atribuído BAT e PERC, contendo as pistas de Drums e Percussion 

Trabalhar utilizando Track Folders a princípio pode parecer complicado, já que mais pistas são adicionadas, ou seja, além das pistas que contêm MIDI ou áudio, novas são criadas sem conteúdo. Entretanto, se você passar a encarar o Sonar 4 como um seqüenciador/gravador de áudio/gerenciador de pistas, verá que, na realidade, o Track Folder significa uma considerável melhoria no software. Esta novidade tem algumas similaridades com o recurso de Group Tracks (agrupamento de pistas) do Sonar 2 e 3. O Group Tracks já permitia agregar várias pistas para automação de gravação simultânea de envelopes (volume, pan etc.) em várias pistas. A grande diferença reside na flexibilidade e no aumento de recursos introduzidos pelo Track Folder. O Track Folder não é apenas uma opção, um recurso. Trata-se de uma nova filosofia de trabalho que, quando bem explorada, torna-se uma grande aliada do músico ou do produtor. 

Slip Editing

O Slip Editing permite esconder partes do clip executadas erroneamente ou que não se deseja ouvir. Trata-se de uma forma prática de editar, rapidamente, notas ou trechos (gravados ou seqüenciados) escondendo, em vez de apagando. Esta é a finalidade desta ferramenta que foi adicionada ao Sonar a partir da versão 2 e que, desde então, tem passado despercebida por muitos usuários. O Slip proporciona, no mínimo, 50% de economia de tempo na fase de seqüenciamento e de gravação.

Se você tem apenas três horas para seqüenciar, gravar, mixar e masterizar uma música, a única saída é utilizar o Slip. O que você faz quando erra uma nota? Pára a gravação e apaga o erro? Usa o recurso ultrapassado de punch-in/punch-out? E quando está seqüenciando e erra uns acordes? Vai ao Piano-Roll e apaga os erros? Marca os trechos errados no Time Ruler e apaga? Pois esqueça a velha prática de apagar erros. Você deve escondê-los através do Slip e recomeçar a gravação ou seqüenciamento do ponto onde o erro foi escondido.

Para usar o Slip em um clip basta posicionar o mouse na sua extremidade até o cursor virar um pequeno retângulo. Em seguida, draga-se a extremidade do clip até o ponto desejado. O clip com Slip Editing passa a ter a borda direita de baixo abaulada. Isto passa a ser lei: borda direita cortada significa um clip onde se aplicou o Slip. Este visual não deve ser confundido com o do Groove Clip (ja abordado em números anteriores), que possui as quatro bordas abauladas.

Na prática, seqüenciamento e gravação ágeis, com a técnica de Slip, funcionam da seguinte forma:

1. Arma-se uma pista para seqüenciar ou gravar.
2. Clica-se no R do teclado do computador para iniciar o seqüenciamento ou gravação.
3. Toca-se no instrumento MIDI ou no acústico.
4. Enquanto isso, o Sonar mostra automaticamente, na área direita (Record Pane), a representação visual do material que está sendo executado.
5. Ao executar notas erradas pára-se o Sonar através do Space Bar do teclado do computador.
6. Em vez de apagar os erros, posiciona-se o mouse na extrema direita do clip e draga-se até um ponto onde a execução está correta. Como os erros estão sob a porção escondida pelo Slip, os mesmos não serão ouvidos, embora continuem fazendo parte do clip.
7. Tecla-se R novamente e recomeça-se a tocar o instrumento a partir do ponto que está escondido pelo Slip.
8. Para "limar" definitivamente as partes erradas aplica-se o Bounce to Clip a partir de Menu - Edit - Bounce to Clip. O Bounce to Clip transforma os diversos clips em apenas um.

Slip Editing aplicado à direita de um clip de áudio

O Slip pode ser usado também para encher clips a serem exportados para outras plataformas. Como já dito, se você pretende iniciar um projeto no seu computador e terminar em outro que utilize um software diferente, é necessário trabalhar com clips plenos, de forma a facilitar a montagem das pistas posteriormente em estúdios que utilizem diferentes computadores e softwares.

Dicas extras:

Alguns leitores que talvez tenham perdido os números que tratam da utilização do VSampler perguntam como acoplá-lo ao Sonar. Logo, segue uma dica prática:

1. Vá ao menu Insert --> DXi Synth --> VSampler 3. Abre-se o Vsampler.
2. Já no VSampler, clique no menu File --> Open e procure arquivos com extensão VS3.
3. Carregue o arquivo desejado no VSampler.
4. Agora que ele já possui um kit de instrumentos, seqüencie através da pista do Sonar endereçada para o mesmo. Você pode usar uma única instância do VSampler com até 16 canais de MIDI indo para uma saída ou para 16 separadas, dependendo do número de saídas de áudio selecionado ao inseri-lo.
 
Se você é DJ e trabalha com mouse music (trance, techno, house, drum & bass, etc.), o Sonar é uma ótima opção, pois cria e lida com Grove Clips (arquivos Acid) rapidamente. Qualquer wave pode ser transformado para arquivo Acid com um clique de mouse. Desta forma nunca mais você necessitará copiar e colar trechos. Basta esticá-los durante os compassos que desejar.

Nesta edição da M&T completamos a décima aula de Sonar. Tenho procurado esclarecer ao máximo todos os recursos, seguindo uma ordem de grau de dificuldade e de necessidade de utilização diária. Alguns assuntos de análises futuras ou passadas são apresentados, esporadicamente, como dicas. A estrada é longa e há, ainda, muitos macetes e possibilidades a serem reveladas. O Sonar é um universo infindável de recursos. Acredito que a esta altura o leitor já esteja esclarecido a respeito de qual é o software mais flexível e eficiente para músicos e produtores que necessitam trabalhar "pesado" com MIDI e áudio conjugados.


Luciano Alves é tecladista, compositor e autor do livro Fazendo música no computador. Inaugurou, em 2003, a escola de música e tecnologia CTMLA - Centro de Tecnologia Musical Luciano Alves (www.ctmla.com.br), que oferece aulas presenciais e virtuais.

 

 
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