Editorial
Depois do Rock in Rio I
Sólon do Valle
Publicado em 01/02/2001 - 00h00
A história do Áudio em nosso país tem 100 anos, desde as primeiras gravações mecânicas de música brasileira. Repare que a própria Eletrônica surgiu vários anos depois, e que a música não soube esperar por ela. Dos "estúdios" da Casa Edison e outras "gravadoras" saíram jóias em 76 RPM que existem até hoje nos arquivos de colecionadores ou em museus.
O rádio brasileiro também tem um bocado de história, especialmente nos anos 50, quando era o veículo número 1 da música brasileira. Compravam-se discos de música brasileira e estrangeira, é claro, mas a importância do rádio para a arte musical era suprema.
Por outro lado, a sonorização de eventos no Brasil também percorreu um longo caminho, re-cheado de pioneiros, heróis e até bandidos. Mas uma coisa é certa: sua história tem duas fases - antes e depois do Rock in Rio I, em 1985.
Na época, o descompasso técnico entre a tecnologia conhecida no Brasil e a tecnologia chegada de fora gerou um choque tal, que surgiram até mesmo boatos sobre uma possível sabotagem aos artistas brasileiros. Na verdade, não houve sabotagem nenhuma. O que houve foi a comprovação prá-tica dos males que a ditadura impôs ao meio técnico brasileiro, afastado do contato e do acesso à grande tecnologia que já rolava em outros lugares do mundo.
Depois daquele baque, não houve mais como segurar o talento dos nossos heróis. Começou a luta pela liberdade do Áudio, que culminou com a queda das barreiras alfandegárias e culturais. Hoje, temos um desenvolvimento técnico que, se ainda não atingiu o máximo de seu potencial, ao menos revela uma maturidade que, sem dúvida, foi conseguida com esforço nos 16 anos que separaram a primeira e a terceira edição do Rock in Rio. O primeiro foi um susto para todos. O terceiro foi uma vitória: totalmente idealizado no Brasil e executado com alta qualidade por empresas inteiramente nacionais.
As antigas barreiras caíram por terra. Mas não vamos descansar, temos que conseguir o ouro!