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Edição #69
abril de 2005
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Editorial
Carnaval
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carnaval: Em busca da luz ideal
Iluminadores contam como driblam as dificuldades no Carnaval do Rio
por Natalie Lima 01/04/2005
foto: Divulgação
Iluminar o Maior Espetáculo da Terra, como os brasileiros gostam de chamar o Carnaval do Rio, vem exigindo busca de materiais adequados e participação cada vez mais intensa do iluminador. Para ver de perto as idas e vindas desse processo, L&C visitou os barracões das escolas de samba Beija-Flor (tricampeã em 2005) e Mangueira e conversou com os iluminadores que ajudaram as agremiações a brilhar na Marques de Sapucaí.

O passo a passo na tricampeã Beija-Flor
Desde 1993 Rogério Wiltgen e a firma Light City realizam os projetos de luz para os carros alegóricos da escola de Samba Beija-Flor, este ano tricampeã do carnaval carioca com o enredo O vento corta as terras dos Pampas. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Guarani. Sete povos na fé e na dor... Sete missões de amor. Com um título tão extenso, dá pra imaginar a tarefa monumental que Wiltgen e a equipe de Mário Sérgio, da Light City, encararam mais uma vez em 2005. Juntos, eles também iluminam o carnaval da escola Viradouro. 
De lá pra cá, ele e Mário já trabalharam com carnavalescos consagrados como Joãozinho Trinta, Maria Augusta, Chico Espinosa, Mauro Quintaes e Milton Cunha. Em 2005, o grupo coordenado por Laíla deu vida ao universo da catequização dos índios brasileiros.
O trabalho  dos iluminadores começou depois da escolha dos enredos, quando a criação entregou à dupla esboços dos carros em 3D. Isso ocorreu cerca de seis meses antes do desfile.
Wiltgen faz seu projeto em CAD. Depois é enviado à Light City. Essa parte do processo começa três meses antes do carnaval - tempo necessário para que Mário Sérgio e sua equipe programem, instalem e testem os equipamentos em cada carro. "Depois que entrego o projeto artístico ele passa por um estudo técnico de distribuição elétrica, carga para geradores e segurança. Isto não quer dizer que seja um projeto definitivo, mesmo porque não é assim que funciona a criação dos carros alegóricos", diz o iluminador.

Vapores X movings
Ainda que pudessem ser vistos em muitas escolas do Grupo Especial, os moving lights já não são a palavra de ordem para os iluminadores quando o assunto é carnaval. Rogério Wiltgen conta que em 2005 nem um moving foi usado, ao passo que as lâmpadas de vapor tiveram mais espaço (um total de 105 unidades na Beija-Flor e 31 na Viradouro). Porém nem sempre foi assim. Houve ano que em um único carro havia 24 movings!  "Mas seu uso estava dentro de um contexto", ressalva Wiltgen.


À esquerda, close do abre-alas da Beija-Flor; à direita, carro da Mangueira para contar a energia da Terra

Ele sabe que muitas vezes esses aparelhos só estão presentes no carro para que tudo pareça mais high-tech. "A presença daquele robozinho preto se mexendo de um lado para o outro, strobando e trocando de cor sem nenhum objetivo artístico é lamentável", avalia.
O que se viu em boa parte dos carros de Beija-Flor e Viradouro foi uma boa quantidade de lâmpadas de vapor. Segundo Wiltgen, elas são empregadas muitas vezes porque como são de descarga evitam riscos como superaquecimento e alto consumo de  energia, ainda que aproveite o carnaval para testar novos materiais. "Já colocamos até um Sky-Tracker e um HMI de 18.000W", diz.
Quem faz coro com Wiltgen é o iluminador Valmor Neves, o Bolinho. Pela primeira vez assinando a luz do carnaval da Mangueira ao lado da locadora Novalite, ele acha que em vez de valorizar os moving lights, é mais interessante reforçar cores. "Apostar em efeitos que não aparecem na Avenida não vale a pena", diz o iluminador.
Um dos poucos carros onde se encontravam os "refletores inteligentes" era o abre-alas.
Totalmente branco, Energia Celestial contava também com lâmpadas PAR com temperatura de cor de 3200K, mini-strobos, raio laser para momentos especiais e vapor metálico branco de 150W. "Coloquei os movings dentro da estrutura para que me auxiliassem no efeito strobo.


Proposta de luz cênica para a Avenida colocada em prática

Tanto na Mangueira quanto na Beija-Flor foi usada uma boa quantidade de lâmpadas PAR de diferentes potências (1000W, 650W e 500W) e focos. Também fazem parte das listas das duas escolas centenas de mini-strobos, dataflashs, mega-strobos de 3000W, neon, incandescentes variadas, entre outras fontes de luz. 

De volta ao carnaval
Há cerca de seis anos, Vamor Perez, o Bolinho, foi chamado para desenhar a luz dos carros da escola de samba Estácio de Sá. Em 2004, foi Vicente Vitale, proprietário da Novalite, quem o chamou para o trabalho na Mangueira. A tarefa começou com reuniões com Max Lopes e sua equipe. Com as plantas em mãos, Bolinho partiu para o desenho de luz já no mês de outubro.

Presentes no dia-a-dia da instalação, Vicente e sua equipe acompanharam os carros desde os esqueletos. "Isso fez com que errássemos menos", avalia.

A expectativa de Max Lopes quanto ao resultado do trabalho era grande por considerar a luz um elemento importante. Para o carnavalesco, o trabalho da dupla, que substituiu Maneco Quinderé, foi de grande sensibilidade. "A luz completa todas as coisas", diz ele, que entre as funções exercidas escolhe a palheta de cor da escola. Ele explica por que ao contrário dos anos anteriores a Mangueira de 2005 não trouxe muito verde e rosa. Para falar sobre o tema "energia", Max primeiro definiu a divisão de cores por setor. "Procuro ver que cor mais se aproxima do tema. Colocamos verde e rosa onde é possível", explica ele.

Luz para quem?
Qual deve ser a preocupação dos iluminadores das escolas de samba quando criam seu projeto de luz? Enquanto uma parte deles acredita que é possível fazer luz para TV sem esquecer do público presente na Apoteose, outros acham que o projeto deve ser feito para quem assiste ao espetáculo in loco. 

Bolinho diz que é possível iluminar os carros ao mesmo tempo para a TV e para o público presente na Marquês de Sapucaí. Ele acredita que as milhões de pessoas vêem tudo pela televisão já são um bom motivo para que o iluminador pense em nível de luz na hora de criar seu projeto. Já Wiltgen crê no contrário. "Pessoalmente não crio a luz pensando no resultado para a televisão. Confesso que ingenuamente já o fiz, mas o carnaval é feito para quem está na Avenida e é decidido pelos jurados, que não assistem nada pela televisão".


Acima, lâmpadas PAR e Rio Carnivals para a luz de platéia; abaixo, detalhe dos refletores usados para efeito na Avenida

O fato é que os iluminadores precisam sim interagir com a luz criada para a Avenida. O problema é que muitos não concordam com o projeto implementado. Segundo Césio Lima, a idéia é viabilizar para 2006 a participação dos iluminadores na programação das luzes  durante o desfile de sua escola. "Quanto mais a luz tiver a cara da escola, melhor", diz Césio.

Mas talvez não seja tão simples. Césio precisa vencer a resistência da própria Rede Globo à nova medida e ter um bom tempo para organizar um processo de tamanha grandiosidade. Parece um cavalo de batalha? E é.

Bolinho apóia a idéia da luz cênica para a Marques de Sapucaí, mas acha que falta planejamento adequado. "Deveria haver uma estrutura com ângulos iguais e certos para se colocar o tipo adequado de lâmpadas para iluminar". Ele também não concorda com a novidade implantada este ano, quando equipamentos do tipo search light passeavam pelas alas das escolas projetando sobre elas suas cores.

"Acho que vale como experiência, mas é preciso estruturar a passarela para que ela receba iluminação com ângulos adequados". Bolinho diz que no atual momento não é viável que os iluminadores programem as luzes da Avenida. "Ainda é muito cedo", alerta.

Já Wiltgen diz que enquanto os interesses do espetáculo forem regidos pela TV, será difícil obter resultados frutíferos na luz cênica do carnaval. "Em vez de nos preocuparmos em criar luzes perfeitas para os carros, criamos luzes possíveis", diz ele. Mesmo realista, o iluminador não deixa o otimismo de lado e apóia a idéia de Césio. "A iluminação passaria a servir à escola, ao contrário do que ocorre, com a escola moldando-se à luz imposta. Certamente isso transformaria o que hoje é um desfile em um espetáculo por completo".

Diamond 4 na programação
Objeto de desejo de Césio Lima desde o Carnaval de 2004, a Diamond 4 Elite finalmente pôde ser usada no Sambódromo. Entre os benefícios da mesa, a possibilidade de ser fazer backup apenas a partir do sistema Avo D4 Desk Top.

Ao lado de Chris Steel, Bruno Lima e Rafael Auricchio, Césio pôde experimentar benefícios da mesa como flexibilidade e alta velocidade para operar grandes rigs. Ela comandou os 99 searchlights Ireos Pro 7000 (Space Cannon), 114 Focus 1200 (Space Cannon), dezenas de Rio Carnivals (Space Cannon) e 32 Olympus LED (Space Cannon). Estes, segundo Césio não provocaram o efeito desejado. "São muito bons, mas infelizmente não têm intensidade para competir com tantas luzes", opina.

Para a luz de platéia, localizada do lado oposto à arquibancada, uma Avolites Pérola comandava as 240 lâmpadas PAR e mais outros tantos Rio Carnivals (versão de 2400W do wash Focus). O Rio Carnival, feito especialmente para o evento, possui lentes adicionais que permitem variar ângulos de luz com mais facilidade.  

"Os Rio Carnival me deram luz de base mais consistente. Com isso pude testar alguns efeitos durante os desfiles. Eles foram  vistos com os planos gerais a partir  dos helicópteros", explica Césio.          
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