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Edição #161
dezembro de 2012
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Direção de fotografia: Um dia de gravação
por Léo Miranda 09/12/2012
Cada pessoa tem a sua maneira de encarar o trabalho e seus processos. Neste artigo, veremos um dia de gravação de forma simples e organizada. Primeiramente, devemos ter em mente três pontos cruciais no momento da gravação.

- Tempo: relação da quantidade de cenas com o tempo de montagem e desmontagem do equipamento.

- Técnico: a iluminação, a câmera, o enquadramento e o movimento sendo colocados de acordo com a indicação do roteiro; a utilização mínima de cada recurso, obtendo o máximo de qualidade da imagem.

- Artístico: um brilho ou um desenho extra com a iluminação; um enquadramento que só "nós" estamos enxergando naquele momento; uma lente diferenciada para o desfoque etc.





Para que seu dia de gravação tenha sucesso, é necessário haver equilíbrio entre estes três pontos. Devemos saber que, na falta ou escassez de algum deles, é preciso compensar com o aumento de outro, ou de outros, para que tenhamos o equilíbrio.

Por exemplo, na falta de tempo, devemos fazer com que o técnico esteja 100% e acelerando, para que consigamos utilizar algum ponto do artístico. Outro exemplo: com o tempo sobrando, podemos dar total atenção para o artístico, deixando que o técnico possa ser posto apenas na necessidade de transmissão ou exibição.

Trocando em miúdos: podemos ter um "parque" de iluminação imenso, com dez cenas complicadas para gravar no dia (ou seja, não há tempo suficiente para utilizar todos os refletores que desejamos). Portanto, começamos sempre pelo técnico, colocando os três pontos primordiais para cada cena (key, fill e backlight). Quanto ao artístico, não podemos ficar criando muito - colocamos um "brilhinho" aqui ou ali e ponto.

A CHEGADA AO SET

Do momento em que estacionamos o carro até o set em si, é necessário observar tudo ao redor, porque dali em diante tudo pode nos ajudar ou atrapalhar na gravação.

Peça que o caminhão com equipamento de luz e maquinaria seja estacionado em lugar próximo, diminuindo, assim, o tempo de montagem. Atente para que o caminhão gerador seja estacionado em local onde o ruído emitido por ele não entre na captação de áudio. Visualize, logo na chegada, por onde poderá ser passado o cabeamento de energia.

Não podemos nos esquecer de cumprimentar cordialmente todos os que estão envolvidos na gravação. Primeiramente, por educação, e também porque possivelmente teremos que pedir alguma coisa no decorrer do dia e não sabemos se aquela pessoa pode ser importante para nós.

PREPARANDO A EQUIPE

A reunião com a equipe da fotografia é primordial. Compartilhar o que será gravado no dia e apontar qual o resultado final que você deseja para a fotografia fazem com que a sua equipe não seja pega de surpresa, e você pode, ainda, ser lembrado ou ajudado, se necessário. Sempre surgirão ideias que podem ou não ser utilizadas.

Este é o momento em que lemos o roteiro técnico e organizamos o processo de gravação "in loco".
 
ANÁLISE DA LOCAÇÃO E METEREOLOGIA LOCAL

Na locação, examinamos atentamente as cores do ambiente, entradas, portas, janelas, luminárias e lâmpadas para definir quais e quantos serão os refletores, determinando ainda onde estes serão colocados.

Não precisamos ser videntes ou experts em metereologia, mas podemos ver se está nublado, encoberto, parcialmente encoberto, se o céu está limpo, se chove... Considerando o clima local, podemos determinar qual temperatura de cor iremos definir para os refletores e se vamos ou não vamos enquadrar o exterior.
 



BATE-PAPO COM O DIRETOR

O Diretor é quem manda, sendo que nós devemos ser os olhos dele e do roteirista. Um bate-papo com ele nos ajuda a entender como a história deve ser contada fotograficamente. A nossa criatividade deve interagir com o desejo e a visão do diretor, e assim conseguimos diminuir a possibilidade de ter um "eu acho que deveria ser assim" no meio da gravação.

CENA POR CENA

PEDIDO DE EQUIPAMENTO PARA O SET

Chame os chefes de equipe de iluminação, de câmera, de maquinaria e o operador do gerador (eletricista). Defina todos os equipamentos que serão utilizados para aquela cena e/ou sequência.

Para os responsáveis pela iluminação e maquinaria, peça que sejam colocados alguns equipamentos extras. Serão úteis caso algum dos que serão utilizados apresentem defeito e se quisermos algum "brilho" extra ou recorte.

DEFININDO A CONFIGURAÇÃO DA CÂMERA

Peça para o assistente de câmera configurar todos os parâmetros, de modo que melhor se adequem à gravação ou à continuidade do filme. Exponha todos os detalhes de como iremos utilizar a câmera (filtros, temperatura de cor, diafragma, ISO, janela, shutter etc.).



ENQUADRANDO E DELIMITANDO A ÁREA DA GRAVAÇÃO

Posicione a câmera e mostre a todos diretamente envolvidos o que iremos enquadrar, indicando o limite da abertura da lente. Desta forma, os assistentes de iluminação e eletricistas saberão onde colocar os refletores e cabos, de modo que não sejam capturados pela câmera.

DETERMINANDO O MOVIMENTO DA CÂMERA

Marque a posição do trilho, da grua e/ou o movimento do steadicam com a maquinaria e com o operador de câmera. Informe todos os detalhes, mesmo que o movimento seja uma simples panorâmica.

POSICIONANDO OS REFLETORES

Aplique a "lei do inverso do quadrado da distância", e de forma prática e rápida. Peça para que sejam posicionados, primeiramente, os refletores do fundo e a contraluz, depois os laterais, key-lights e fill lights.

 CHECANDO VOLUME, TEXTURA E COR

Assuma a posição da câmera e olhe para o efeito que os refletores estão proporcionando. Se possível, coloque stand-in para que os refletores sejam afinadoscom as nuances desejadas. Meça a intensidade e a dureza da luz, bem como a cor.

Olhe o primeiro plano e/ou algum objeto que possa ser iluminado para criar distanciamento e volume para a cena. Regule o preto e o branco da câmera (bata o preto e o branco).



ENSAIO TÉCNICO

Após a câmera estar na posição correta e devidamente cofigurada, peça ao diretor que seja realizado um ensaio técnico. É importantíssimo, pois é neste ensaio que ganhamos tempo para acertar algum detalhe que esteja errado, como um cabo ou outro objeto indesejado que está "vazando", uma luz que está "clipando" (estourando) etc. É o momento de ajuste final antes de colocarmos o elenco no SET.

GRAVANDO (REC)

Na gravação, ver se o elenco está se posicionando na marca correta, se o movimento foi executado limpo e sem oscliações, ver se o sujeito ou objeto ficaram em foco e monitorar o enquadramento se está de acordo com o que foi planejado. Reparar também se a reação do Diretor foi boa quanto ao que está sendo visualizado no vídeo-assist.

O processo criativo é dinâmico e pode nos trair, cuidado para não mudar de ideia neste momento, pois pode se tornar um transtorno ter que mudar a câmera ou a iluminação no intervalo da gravação da cena. (a hora correta de criar alguma coisa é no ensaio técnico).



CHECANDO O CARTÃO DE MEMÓRIA (MATERIAL GRAVADO)

Após rodar qualquer cena e/ou sequência, peça ao assistente de câmera que cheque se tudo foi realmente gravado. Lembre-se de que lidamos com equipamentos e equipe: se, por algum motivo, um deles falhar, só iremos notar que nada foi gravado no momento da edição, o que é tarde demais. Outro motivo importante para se checar o que foi gravado é evitar que a equipe desmonte algo antes de ser dado o ok para tal, sendo este ato de revisar o ponto final para cada cena.



FIM DA CENA

Antes mesmo do fim da checagem do material gravado, reúna a equipe para ir preparando a próxima cena. O intuito é sempre estar um passo à frente, pois assim ganhamos tempo e conseguimos ter a possibilidade de criar artisticamente.

No momento do ok (revisão do material gravado), repasse a confirmação à sua equipe, respire fundo e dê início ao preparo da próxima cena.

CONCLUINDO

Estes são processos utilizados por mim e que deram certo durante anos de gravação de novelas e seriados da TV. Os utilizo também em produções independentes de pequeno porte, com adequação de equipe e equipamento. Vale lembrar que, se equilibrarmos tempo, técnico e artístico, estaremos próximo do sucesso.

Frase para reflexão em conjunto com o roteirista, a direção, a produção e os investidores do projeto: "A realização do sonho é diretamente proporcional ao dinheiro investido" (Léo Miranda).

Não perca, nesta mesma seção da Luz & Cena, em janeiro de 2013, A Evolução dos Equipamentos - 1ª Parte: Refletores de LED.


Feliz Natal, boas festas e ótimas gravações!

Léo Miranda é diretor de fotografia e lighting designer.
Há 19 anos atuando na área de iluminação, é especializado
em gravações externas e eventos, já dirigiu a fotografia de comerciais e programas de TV e também ministra treinamento técnico e operacional a grandes empresas.


 

 
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