Luz & Cena
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Edição #148
novembro de 2011
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Capa: A nova cara do velho e bom Rock in Rio
Em sua quarta edição carioca, festival traz projeto de Danny Nolan e luz de plateia renovada
por Rodrigo Sabatinelli 21/11/2011
foto: Karol Salldanha
A espera foi longa: dez anos. Mas o Rock in Rio, um dos maiores festivais de música do mundo, retornou à sua casa. Depois de três edições no Rio de Janeiro - duas na Cidade do Rock, em 1985 e em 2001, e uma no Maracanã, em 1991 -, o evento idealizado por Roberto Medina passou uma temporada pela Europa, com edições em Lisboa (2004, 2006 e 2008) e Madri (2008 e 2010). Mas como todo bom filho à casa torna, entre os dias 23 de setembro e 2 de outubro de 2011 o RIR finalmente voltou às suas origens cariocas, mobilizando o Brasil e chamando a atenção de todo o planeta para uma semana de muita música.

No Palco Mundo, o principal do festival, se apresentaram artistas internacionais como Elton John, Rihanna, Red Hot Chili Peppers, Metallica, Stevie Wonder, Maroon 5, Snow Patrol, Lenny Kravitz, System Of A Down e Guns N' Roses, além dos brasileiros Claudia Leitte, Ivete Sangalo, Pitty, Frejat, Marcelo D2, Jota Quest e Capital Inicial, entre outros.

No secundário Palco Sunset, a festa ficou por conta de Sepultura, Joss Stone, Angra, Ed Motta, Mike Patton e Marcelo Camelo, enquanto na Tenda Eletrônica, o público dançou ao som do DJ Harvey e da dupla Above & Beyond, entre outros. Por fim, no "coreto" da Rock Street, batizada de "Avenida do Rock", Cecelo Frony, Victor Biglione, o grupo Paraphernália e Rodrigo Santos e Guto Goffi, respectivamente baixista e baterista do Barão Vermelho, se encarregaram de fazer a festa.

O projeto de luz do Palco Mundo foi desenvolvido pelo lighting designer Danny Nolan, que dispensa apresentações e possui em seu currículo inúmeras turnês com o grupo The Police, entre outros. Quem esteve ao seu lado foi o também lighting designer Marcos Olivio, que além do suporte dado ao longo do festival, também operou a luz de artistas como NX Zero, Paralamas do Sucesso e Titãs.

A locadora europeia Production Resource Group, ou PRG, forneceu os equipamentos para o ambiente. A paulista LPL, outro grande nome do setor, assumiu o fornecimento das luzes de plateia. Como de costume, a transmissão do festival, feita com exclusividade pela Rede Globo e pelo canal Multishow, teve direção de fotografia de Césio Lima e assistência de Willian Andrade, também diretor de fotografia da emissora carioca. A programação e a operação das luzes de plateia foram feitas pelo lighting designer Sérgio Antônio, com Lys Lawrence assumindo o "meio de campo" entre os iluminadores dos artistas e a unidade móvel.

Desenhados por João Uchôa, Vitor Wanderley e Ana Kalil, sócios da empresa Ciclo Arquitetura, os layouts do Palco Mundo e da Tenda Eletrônica, utilizados em edições anteriores do festival, vieram para o Brasil em containers. A frente do Palco Mundo foi feita com placas côncavas e convexas de metal de 4 m x 2 m cada. Totalizando 110 metros de comprimento por 36 metros de largura, ela servia como verdadeira superfície reflexiva para as luzes de plateia.

VARILITE E MARTIN NO RIDER PRINCIPAL

Danny, que desenha mapas de luz para o Rock in Rio desde 2001, disse que, mais uma vez, projetou o rider do festival pensando em atender com conforto a todos os iluminadores. "Esse tipo de projeto tem que ser grandioso, mas de fácil programação, para que os iluminadores tirem o melhor proveito. Além disso, é preciso que seja flexível para que possa incorporar elementos extras, como trusses, que as bandas possam inserir", disse ele.

Entre os equipamentos disponibilizados por ele, havia apenas dois tipos de moving lights, os VariLite Spot 3k e os Mac Wash 2k, da Martin, além dos estrobos Atomic, um grande número de PAR Pixel V8 e um enorme painel de LED, posicionado ao fundo do palco. "Estes movings", disse Danny, "oferecem muito brilho e são, acima de tudo, confiáveis. Com eles, é possível fazer tranquilamente um festival como o Rock in Rio, que demanda qualidade em equipamentos."

"O rider do Danny foi farto, versátil, muito bem pensado. Serviu muito bem a toda a rapaziada da luz", disse Césio Lima. "Quando alguém como ele, que é um especialista, é convidado para fazer o mapa de um festival, as chances de que este projeto vá servir a todo mundo são muito grandes. Em todo o festival, não ouvi qualquer tipo de crítica ao projeto. Só elogios", completou Sérgio Antônio.

Ainda que o rider projetado pelo lighting designer tenha atendido aos iluminadores dos artistas que tocaram no palco principal, muitos deles não abriram mão de fazer seus "complementos" e chegaram à Cidade do Rock com uma série de equipamentos extras. O iluminador do grupo System Of A Down, por exemplo, levou quatro cortinas cenográficas temáticas e duas talhas elétricas DMX, estas últimas contendo oito movings Vari-Lites 3000 cada. Essas talhas, por serem mecânicas, promoviam diversos tipos de movimentos, enriquecendo a apresentação do ponto de vista da iluminação. Já as cortinas, que tinham a logo da banda, entre outros temas, foram usadas no lugar do painel de LED.

Por sua vez, o iluminador do Guns N' Roses levou para o festival 12 moving lights do tipo Beam, que foram montados em dois grupos de seis, instalados em estruturas laterais posicionadas verticalmente em relação à boca de cena do palco. Além dos movings, a banda de Axl Rose utilizou recursos pirotécnicos que foram acionados durante todo o show. Fogos de artifício e enormes labaredas que surgiam e explodiam em sincronia com o ritmo das músicas foram alguns deles.

No time dos brasileiros, os grupos Capital Inicial, NX Zero e Jota Quest foram os que também aterrissaram no Palco Mundo com equipamentos próprios. A banda de Dinho Ouro Preto teve um reforço de 16 moving lights, enquanto a de Di Ferrero levou blinders que foram usados em torres. Os mineiros liderados por Rogério Flausino contaram com um sistema Jarag, dois lasers de 8 watts e um sistema próprio de vídeo.

"Apesar de ser um festival, que tem um set para todo mundo, achamos importante levar alguns itens para manter a característica dos shows de nossa atual turnê, J15. E o Jarag é um equipamento que tem grande importância para nós. Já o utilizamos há duas turnês e achamos que seria legal mantê-lo no palco do Rock in Rio", disse Lino Pereira, iluminador do Jota Quest.

O Metallica não levou equipamentos extras, mas chegou ao festival com uma equipe de cinco operadores de câmera e um diretor de corte. De acordo com Césio Lima, a intenção dos americanos era fazer com que as imagens transmitidas pela Rede Globo fossem "determinadas" por estes operadores. Mas a linguagem inadequada à transmissão, que era regida por um padrão estabelecido antes ao evento, não permitiu o "controle" dos estrangeiros.

"Não haveria problema (em operar as câmeras para a transmissão), mas eles têm uma linguagem diferente da nossa. Desde o enquadramento até o corte dos takes. Por conta disso, nosso diretor de imagem, Mário Meirelles, optou por utilizar as imagens dos nossos operadores, que estavam comandando as demais câmeras. Assim, resolvemos a questão da transmissão e permitimos que eles também trabalhassem do jeito deles", disse Césio, lembrando que o grupo de imagens captado e "cortado" pela equipe do Metallica "serviu, em especial, aos telões que exibiam o show para o público".

Como complemento ao que disse o diretor de fotografia, Sérgio lembrou que praticamente todos os artistas internacionais levaram para o festival um profissional dedicado à transmissão. Uma espécie de diretor de imagens particular.

"Durante as apresentações de seus artistas", contou ele, "estes profissionais estiveram em nossa unidade móvel. Lá, eles 'cantavam a pedra' das músicas, antecipando ao nosso diretor de corte o que estaria por vir: um solo, um refrão ou algum momento especial. Isso foi super útil para a transmissão, pois os cortes puderam ser feitos com maior precisão".

MIX DE MARCAS NA LUZ PARA TV

Quem assistiu ao Rock in Rio de dentro da Cidade do Rock pode até não ter reparado, mas, de certo, o telespectador que acompanhou o festival pela televisão notou algo diferente na transmissão dos shows. Também pudera. Dessa vez, em vez de utilizar uma infinidade de lâmpadas PAR, algo comum em grandes festivais exibidos pela TV, Césio apostou no maior uso dos moving lights. A ideia, segundo ele, era minimizar a explosão de luzes claras em cima do público e agregar à plateia um conceito de luz semelhante ao que era realizado em cima do palco.

"O Boninho, nosso diretor, é um cara super moderno, que acompanha a evolução do show business no mundo. Conversamos muito e ele comprou a ideia de realizarmos um trabalho diferente neste festival. Com tais mudanças, conseguimos uma interação entre palco e público e, ao mesmo tempo, mostramos a grandiosidade da área geográfica do festival", explicou o diretor de fotografia.

Tecnicamente falando, a luz de plateia foi feita por 136 moving lights, distribuídos em dez torres de concreto que cercavam a arena onde foram realizados os principais shows do Rock in Rio. Todas as torres tinham oito moving lights Giotto 400, da SGM. As seis torres centrais contavam, ainda, com quatro Mac 600, da Martin, enquanto as quatro laterais tinham mais oito Beam 700 fabricados pela Robe.

Além destes equipamentos, foram utilizados mais de 100 PAR LED, 18 City Color e 14 Mac 2000. Pertencentes à PRG, essas luzes fizeram o front stage, ou seja, a "frente de palco". Todos esses equipamentos foram operados por Sérgio em um console grandMA Full Size. Sempre de ouvido em pé para receber as coordenadas que Césio lhe enviava diretamente da unidade móvel, ele trabalhou o tempo todo em parceria com os iluminadores dos artistas, "acendendo" a plateia para eles.

"Antes dos shows, os iluminadores me passavam o setlist das bandas com indicações de cores que eu deveria usar em cada canção. Respeitando essas indicações, fiz uma luz de plateia harmoniosa, que atendeu ao conceito dos shows e, claro, à TV, o que era nosso objetivo", disse ele.

MOVING LIGHT VIRA CANHÃO SEGUIDOR
Improviso dá certo e garante luz de frente no show do Guns N' Roses


Cerca de dez minutos antes da banda do vocalista Axl Rose subir ao palco para encerrar o Rock in Rio, um problema técnico mobilizou toda a equipe de iluminação do festival. Seis canhões seguidores da PRG queimaram de maneira súbita, provavelmente por conta da forte chuva que caiu durante a noite e, literalmente, "encharcou" os equipamentos. O show, que já estava atrasado, começaria em instantes, e reparar o problema era uma questão praticamente vital para a transmissão. Sem as luzes de frente, o trabalho da TV seria bastante complicado.

Coube a Sérgio Antônio assumir a responsabilidade. Mesmo com o tempo jogando contra ele, o lighting designer teve a ideia de adaptar um equipamento para exercer a função dos então "finados" canhões. "Olhei para a luz de plateia, enfiei a mão no primeiro moving light que vi, um Beam 700, da Robe, e pensei: 'é isso o que vai me salvar!'. Contatei o Césio na UM e passei a ele o que faria. Ele me deu o 'ok' e eu me senti seguro para começar o show", disse Sérgio.

Agora, começar o show sem os canhões? Com um moving light fazendo o papel deles? Sim. Depois de ajustar a íris do equipamento, Sérgio sentiu que seria possível utilizá-lo e não voltou atrás na sua decisão. "Quando a banda subiu ao palco, eu já tinha afinado o moving e, para todos os efeitos, tinha um 'canhão' nas mãos. Na primeira música, basicamente segui o Axl em seu 'passeio' pelo palco, mas, da segunda em diante, com toda tranquilidade do mundo, usei o equipamento para destacar solos de guitarras e todo e qualquer momento 'especial' que surgisse durante a apresentação", contou.

A decisão de Serginho arrancou elogios de Césio, que se disse seu fã. Depois do susto, o diretor de fotografia comemorou o ato de coragem do amigo. "Ele (Sérgio) chamou a responsabilidade e deu conta do recado. É um cara esperto, que não mete a mão para fazer bobagem. Sabia que estávamos em uma situação de risco, do ponto de vista da transmissão, foi lá e resolveu nosso problema. Em uma hora dessas é que a gente vê quem é realmente safo", disse.

LUZ NA AVENIDA

KN Projetos foi a responsável pela iluminação da Rock Street, a "Avenida do Rock"


O projeto de luz da Rock Street - assim como o dos estandes do Governo do Estado do Rio de Janeiro e do Multishow - foi desenvolvido e executado pelo lighting designer Naldo Bueno, proprietário da KN Projetos. A "Avenida do Rock", como era chamada por muitos, teve iluminação inspirada na Bourbon Street, de Nova Orleans, sendo utilizados refletores elipsoidais, lâmpadas PAR LED, PAR 30 e AR111.

"Com as PAR LED, valorizamos as muitas casas coloridas que faziam parte do cenário da Rock Street. Utilizamos basicamente a cor branca, mas tivemos a possibilidade de acrescentar levemente os tons que acompanhavam a cor de cada casa. Para casas em tons de branco, amarelo e marrom, que continham detalhes menores, lançamos mão das AR111, que têm focos mais estreitos, e das PAR 30. Com os elipsos de 750W e abertura de 26º, fizemos a iluminação frontal e valorizamos os tetos das casas", explicou Naldo.

Além de acrescentar equipamentos para iluminar o cenário das casas e uma espécie de coreto onde os artistas se apresentavam, o lighting designer também teve de solicitar a troca das lâmpadas já existentes nos postes instalados próximos a rua. Do tipo vapor metálico, com temperatura de cor muito alta, essas lâmpadas "puxavam" para o azulado, destoando dos cenários, que reproduziam uma rua charmosa e tradicional. "Substituímos as lâmpadas por outras com tons mais amarelados, que deixaram o ambiente com um tom mais bonito e aconchegante", explicou.
FIM DO BOX2

LUZ POR QUEM É DA LUZ

Em alguns shows do Rock in Rio, ao contrário do que fizeram os iluminadores brasileiros, os estrangeiros optaram por usar pouca luz. "Pelo menos os (iluminadores) de bandas de rock como System (Of A Down) e Guns (N' Roses)", disse Sérgio Antônio, deixando claro, apesar de gostar desse tipo de conceito, que ele não é o ideal para a transmissão. "A ausência parcial de luz atrapalha a leitura dos sensores das câmeras, que, apesar de modernas, têm suas limitações, como qualquer equipamento", completou.

Por outro lado, lembrou Sérgio, "profissionais que trabalharam para artistas como Stevie Wonder, Janelle Monaé e Jamiroquai lançaram mão de muitas cores em seus shows. Foram shows realmente mais coloridos, mais 'acesos' e com luzes mais viajantes. No rock, o ritmo acelerado da música geralmente dita o ritmo das luzes. No soul, não. É tudo mais delicado, mais 'solto'".

Sérgio, que também programou as luzes do grupo Capital Inicial, operadas ao vivo pelo iluminador da banda, Antônio Sobrinho, o "Morumbi", destacou o trabalho dos iluminadores de System Of A Down, que, segundo ele, "tinha um sincronismo perfeito de som e luz"; Snow Patrol ("uma luz futurista, cheia de efeitos e com muita originalidade") e Maná, "que fez bom uso de cores e permitiu que a fotografia da TV fosse bastante rica nesse sentido". Já para Césio, os melhores do ponto de vista da iluminação foram os shows de Guns N' Roses, System Of A Down e Red Hot Chili Peppers. "Foram bárbaros!", disse ele, que também fez questão de citar o trabalho de Junior Luzbel, iluminador da cantora baiana Ivete Sangalo.

"O Juninho arrebentou! Fez um show sincado, no time code, 'gringo'! Acho que a proximidade com o Patrick (Woodroffe, lighting designer do DVD Multishow Ao Vivo - Ivete Sangalo No Madison Square Garden) o ajudou muito na carreira", destacou. Já Naldo Bueno elegeu as luzes das apresentações de Evanescence, Slipknot e Metallica como as mais interessantes.
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