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Edição #148
novembro de 2011
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Entrevista: Em busca de uma luz natural
Fred Rangel, fotógrafo de Cordel Encantado, fala sobre seu trabalho na novela, ferramentas, preferências e carreira
por Fernando Barros 20/11/2011
foto: divulgação
Fred Rangel, o homem por trás da fotografia da novela Cordel Encantado, já está preparando uma nova surpresa para os telespectadores: a minissérie O Brado Retumbante, de Euclydes Marinho, com estreia prevista para o primeiro semestre de 2012. Em entrevista exclusiva concedida à L&C, Rangel conta foi o início de sua carreira, quando trabalhou em documentários e na TV Manchete, além de falar de sua relação com o fotógrafo Affonso Beato e sobre os trabalhos mais recentes na TV Globo.

DO DOCUMENTÁRIO À FICÇÃO

Luz & Cena:
Como surgiu, para você, a produção audiovisual?

Fred Rangel: Comecei na TV como câmera e fotógrafo. Minha escola é de documentarista. Em 1988, junto com a Paula Saldanha, fazia matérias especiais sobre ecologia, denunciando, já naquela época, o desmatamento da Amazônia e do Pantanal. Na extinta TV Manchete, fotografei o Documento Especial. Fiz mais de 300 documentários. Nessa brincadeira lá se vão 23 anos.

L&C: E a direção de fotografia?

FR: Efetivamente, como diretor de fotografia, fiz meu laboratório no programa Linha Direta Justiça, na TV Globo, onde tive a oportunidade de diversificar bastante. Fiz desde fatos atuais e históricos, como, por exemplo, A Chacina da Candelária, O Bandido da Luz Vermelha e Os Crimes da Rua Arvoredo. Minhas primeiras experiências na teledramaturgia foram em A Favorita e Paraíso. Em ambas como colaborador. Cordel Encantado foi, de fato, meu primeiro comando em novela. Anteriormente, fotografei o programa Amor & Sexo e Os Clandestinos.

L&C: O que o trabalho em documentários acrescentou à sua bagagem?

FR: Como fotógrafo documentarista, adquiri muito reflexo para driblar as adversidades apresentadas em um set de filmagem, e a espontaneidade para fotografar, que me permite hoje um conceito visual muito próximo da realidade. Na teledramaturgia, nas minisséries e em outros trabalhos, uso esse conceito para aproximar ficção e realidade o máximo possível, convidando o público a fazer parte da história, de forma que ele não perceba a interferência da luz.

L&C: Entre documentários, dramaturgia, publicidade, TV e cinema, o que mais te atrai?
 
FR: São universos diferenciados, mas posso afirmar que sou um profissional, que busco a velocidade adquirida na TV, com a qualidade exibida no cinema e publicidade. Meus trabalhos em publicidade foram como câmera. O cinema é um universo que me fascina. Gostaria, um dia, de poder fazer um longa como fotógrafo. Quem sabe?


FERRAMENTAS DE TRABALHO

L&C: Como você observa, do ponto de vista tecnológico, as mudanças ao longo de todos estes anos de profissão?

FR: Fazendo um pequeno resumo da história da luz. Thomas Edison descobrindo a luz elétrica com filamento de carbono, hoje, o tungstênio, e, nos anos 1990, as fluorescentes compactas, que já estão fadadas a acabar. Elas serão substituídas pelo LED, que usa ínfima fração de eletricidade de uma lâmpada comum para produzir o mesmo montante de luz. Portanto, todas as fontes serão transformadas em LED. No momento, estamos no futuro.

L&C: E na área de vídeo?

FR: As câmeras de vídeo vêm evoluindo em resolução, sensibilidade e latitude. O sensor Full 35, que é do tamanho de um negativo de 35 mm, trouxe para o vídeo a mesma relação ótica das câmeras de cinema. Buscamos na TV a simbiose entre a qualidade mostrada no cinema e a velocidade empregada pela TV. A alta definição nos proporciona essa possibilidade de estreitar essa diferença. Na TV, tivemos que aprimorar nossas qualidades nos acabamentos cenográficos, caracterização e figurinos. E a luz é fator primordial nessa evolução, uma vez que, com definição abundante, temos que ter mais cuidado em fotografar.


L&C: Qual a sua câmera preferida?

FR: Dentro do universo televisivo, hoje a Sony F35. É a nossa "Garota de Ipanema". Mas temos a Arri Alexa, que também é uma senhora câmera, tendo sido utilizada em algumas produções dentro da TV Globo. Mas a evolução tecnológica é tão avassaladora que daqui a pouco já farão parte do passado.

Mas, sinceramente, o que diferencia a imagem é a ótica. Não adianta termos uma excelente câmera se não investirmos em boas lentes. Esse é o meu conselho para os gestores.

L&C: Falando em lentes, com quais você costuma trabalhar?

FR: Carl Zeiss Ultra Prim,e da Arri, Cooke e Angenieux Optimo.

L&C: Com a chegada do padrão de alta definição, o que mudou em relação à fotografia?

FR: Dizem que tudo passou a ser feito com mais cuidado, principalmente a maquiagem. Realmente, com a alta definição, todos os departamentos, incluindo cenografia, caracterização, figurino e luz, tiveram que aprimorar a qualidade. E a luz entra como fator primordial, pois podemos esconder as imperfeições, iluminando realmente o necessário. Em contrapartida, quando o fotógrafo perde a mão, pode sobressaltar as imperfeições, caso estas existam.

L&C: Como você acha que a tecnologia para captação de imagens vai evoluir? O que mais está por vir?

FR: O HD já é o presente. A tendência é o 3D tomar conta do mercado, tornando-se uma realidade em câmeras fotográficas, videogames, televisores, cinema e em produções televisivas como programas esportivos e jornalísticos.

L&C: Quais são as principais diferenças criativas e tecnológicas entre as fotografias para cinema, teatro e TV?

FR: Em função de as fontes serem praticamente as mesmas, as diferenças tecnológicas se estreitam. É na forma de criar que encontramos as diferenças. Apesar de nunca ter feito teatro, acredito que os nossos olhos são a referência - eles captam as imagens e, com isso, conseguimos ver profundidade e enormes nuances de luz, transformando a luz teatral na grande vedete. Já na TV e no cinema, acho que a luz se apresenta de forma oposta. O grande lance da luz nesses dois universos é parecer o mais natural possível. O público deverá ter uma sensação de que não há iluminação alguma, que o fotografo não interferiu em nada, e, desta forma, o público se envolve e entra na história.

L&C: Você costuma fazer luzes diferentes para uma mesma cena ou, em geral, pensa a luz antes de gravar e já a define nessa hora?

FR: Depende muito do projeto e do cliente. Ou seja, se tiver planejamento, se o diretor antecipadamente decupar a cena, conseguimos definir que caminho seguir. Mas, na produção televisiva, o tempo é muito reduzido e a demanda de cenas é absurda. Isso faz com que você, na grande maioria das vezes, improvise para fotografar. Por exemplo, na externa de uma novela, muitas vezes começamos uma cena com sol e terminamos com o dia nublado ou vice-versa. Aí entra o improviso, o reflexo e a experiência intuitiva. Mas tudo isso é fascinante e provocador. Sou viciado nessa adrenalina.

L&C: Que tipo de luz você prefere fazer? Externa ou estúdio?

FR: Cada uma possui particularidades, mas gosto das duas. A externa tem seu charme, mas não temos controle sobre o sol [risos]. Trabalhamos com a luz tropical, que ao meio-dia está a pino, e costumo interferir quando é necessário, corrigindo as imperfeições. Gosto muito do improviso. Já no estúdio, a luz é mais controlada e o grande desafio é fotografar de modo que fique o mais natural possível.

L&C: Existe alguma fórmula para iluminar o rosto de um ator de modo que não sejam destacadas imperfeições e ainda assim permaneça natural?

FR: Sem dúvida, uma luz difusa se encaixa melhor. Para conseguirmos uma boa luz difusa, podemos rebatê-la em uma superfície branca ou usar fontes como Softlight, Kino Flo e Fresnel com chimera.

O ENCANTADOR

L&C:
Como é trabalhar em uma emissora com um padrão de qualidade como o da Globo?

FR: Fabuloso. Tudo é muito bem planejado nessa grande fábrica de sonhos. É gratificante, no dia seguinte à exibição, ver o telespectador nas ruas, em filas de banco e nos supermercados comentando o seu trabalho. O padrão de qualidade faz com que o profissional esteja sempre buscando aprimorar seu conhecimento, se reciclando, exigindo sempre o seu melhor. Hoje temos mais liberdade de criação. A empresa está mais aberta a novas ideias e novas tecnologias.


L&C: E no Cordel Encantado?

FR: Cordel Encantado foi uma novela atemporal. Não estivemos presos a uma época especifica e atuamos com mais liberdade na criação. Mas a fotografia foi trabalhosa. A maioria das cidades não tinha luz elétrica. Tivemos que criar ambientes iluminados por tochas, velas e lampiões. Buscamos uma textura, um look próximo ao da narrativa cinematográfica. De alguma forma, o grande público percebeu isso, a ponto de dizer que a novela parecia cinema. Mexemos no setup das câmeras e, pela primeira vez na teledramaturgia da TV Globo, gravamos em 24 quadros. Outro fator importante foi a luz no contra-eixo, que permitiu o contraste e salientar apenas o que era necessário dentro de uma cena.

L&C: Como será a fotografia do seu próximo trabalho?

FR: Estou na produção da minissérie O Brado Retumbante, de Euclydes Marinho, Núcleo Ricardo Waddington, com direção geral do meu amigo Gustavo Fernandez. Fazemos essa dobradinha desde A Favorita e temos em comum interferir o mínimo possível no look Ou seja, gostamos de fazer de forma que o espectador não perceba a luz. Teremos uma linguagem bem próxima à da realidade. Esse é o nosso desejo.

L&C: Você chegou a trabalhar em parceria com o Affonso Beato? Qual é o papel dele nas produções da emissora?

FR: A parceria se dá de uma forma ampla. Affonso é um grande mestre e eu o admiro muito. Fui um aluno bastante dedicado, tive a oportunidade de tê-lo como companheiro na empresa e não desperdicei. Sempre trocamos figurinhas e, por sinal, ele adorou o meu trabalho em Cordel Encantado. Isso é motivo de muito orgulho. Foi uma grande sacada da emissora trazê-lo para passar toda a sua experiência profissional.

L&C: Qual dica você daria para quem está começando na profissão?

FR: O mais importante é fazer o que você realmente gosta. Ser um apaixonado. Se já descobriu realmente que gosta de fotografar, tem que estudar, fotografar, estudar mais e fotografar mais ainda. Funciona.
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