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Edição #119
junho de 2009
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Galeria: Olho de boi
por Uli Burtin 15/06/2009
foto: Iatã Canabrava
Os atores Gustavo Machado e Genézio de Barros no filme Olho de boi, de Hermano Penna
Olho de boi é um filme fora do comum, fora de tudo. Não é comédia, não tem história de amor, não mostra a sociedade burguesa, nem crime organizado. Olho de boi está tão fora de qualquer padrão que os distribuidores dedicaram a este filme somente duas cópias de projeção e praticamente nenhuma publicidade. O diretor Hermano Penna, autor de um dos melhores filmes brasileiros de todos os tempos, Sargento Getúlio, de 1983, - igualmente despercebido na história oficial - tinha para esta tragédia uma forma teatral em mente. Teatro cinematográfico de uma tragédia grega no interior do Brasil.

Uma tragédia que se desenvolve quase exclusivamente à noite, numa igreja abandonada e em campos abertos, sem fontes de luz além de velas, relâmpagos, fogueira e cigarros acesos. Uma bela tarefa para o diretor de arte Chico Andrade e para o fotógrafo: usar a falta de luz para comunicar medo, desconfiança, ciúmes, mistério, ódio e a presença de Deus.

Claro que não se comunica coisa alguma com escuridão preta. São os limites da escuridão, as penumbras, que falam. Nós, profissionais da imagem, sabemos disso desde que vimos Caravaggio. Mas, raramente, podemos ir para tanto tempo, tanto ao extremo, brincar com as cores da noite, com os efeitos misteriosos das luzes em movimento. À noite, todos os gatos são pardos? Sim, mas o Chico sabe que são milhões de pardos diferentes. Figurinos, maquiagem, objetos e paredes quase não visíveis precisam destas nuances mínimas.
Velas, brasa, cigarro aceso como únicas fontes de luz? Não tem problema criar esses efeitos com negativos de alta sensibilidade e lentes de grande abertura.  Brincar com fracas luzes quentes nos ambientes cinzentos e frios da noite é um prazer. Mas o grande barato mesmo é que todas essas luzes diabólicas do fogo se movimentam, mudam as expressões dos atores.

A história trágica desse filme é principalmente contada por dois atores extremamente fortes e intensos. O conjunto arte / cinematografia nunca tinha a intenção de criar um próprio "estilo", não se interessou por enquadramentos ou movimentos mirabolantes. As imagens, quer dizer arte, enquadramento, movimento e iluminação pretendiam somente contar a história assim como os atores fizeram - a fotografia, como mais uma atuação, seguindo e dialogando, se possível à altura da arte dos atores.

Uli Burtin é diretor de fotografia do filme Olho de boi. Austríaco, radicado no Brasil, realizou, no cinema, a direção de fotografia dos filmes Lisbela e o prisioneiro, de Guel Arraes, Tapete vermelho, de Luiz Alberto Pereira, Tainá 2 - A aventura continua e Meu nome não é Johnny, ambos de Mauro Lima, entre outras produções nacionais e internacionais.
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