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Edição #239
agosto de 2011
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Audio-Technica AT4080
Coincidindo com esta época em que estivemos falando a fundo dos microfones de fita, tive a felicidade de receber para análise um microfone que justamente usa esta tecnologia, só que com diversos aprimoramentos - o Audio-Technica AT4080.

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segunda-feira, 3 de dezembro de 2007
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Desafinou. E agora? por Enrico de Paoli
"O que é mais importante, um take de voz afinado, ou um bem cantado?" ...Ops! Tem algo estranho nessa pergunta. Pois é. Há algum tempo, não faria o menor sentido. Aliás, até hoje, para o público não especializado em produção de discos, cantar desafinado é cantar mal. De fato é... Mas, para nós no estúdio, a desafinação se tornou dos problemas mais fáceis de serem resolvidos.

Hoje existem inúmeros programas e plug-ins para este fim. Não tenho prática com todos, pois o excesso de vozes a serem polidas na afinação tomou meu tempo em explorar todos os diferentes softwares, mas me especializou em um dos mais usados, o Auto-Tune.

Música não é uma ciência exata. Como já disse em diversos outros artigos, música combina física com arte. É como se fosse ciência e religião. Muitas vezes os médicos não têm explicações para alguns fatos. Assim funciona na música. Muitas vezes, uma passagem musical pode não estar matematicamente correta, e ainda assim soar incrível. É fácil exemplificar isso. Um groove de bateria não é matematicamente perfeito em suas subdivisões rítmicas. Ou seja, pode ser que o bumbo esteja tocando precisamente no tempo e a caixa esteja matematicamente atrasada, mas musicalmente excelente.

Em afinações o mesmo pode ocorrer. Música é uma arte que excita tensões e relaxamentos em nós. Quem já estudou harmonia sabe que uma sequência de acordes, causa tensão e resolução o tempo todo. Logo, se temos uma performance musical em que a bateria é quadradinha no tempo, a harmonia sem causar nenhuma tensão, e a melodia absolutamente sem sal, com afinação perfeita, essa música pode ser tornar plástica, sem muita graça por não causar muitos efeitos em nossos cérebros e nossos corpos.

Então. "música muito afinada" soa errado e chato? Taí uma frase polêmica! Difícil de explicar em um artigo. Pra tentar exemplificar, vou recorrer a um cantor e talvez torne mais simples entender o que estou dizendo. Ao ouvir uma performance do Ray Charles, perceberemos como ele brincava com a voz o tempo todo. Ele não cantava, ele vivia a música que estava cantando. Suas notas demoravam a chegar à afinação, ou chegavam rápido demais, às vezes passando dela. Matematicamente errado. Musicalmente inesquecível. Esse exemplo vale pra muitos. Freddie Mercury e Bryan May, do Queen, Eric Clapton, Marvin Gaye, etc. Todos eles brincaram musicalmente com as notas, cantando ou tocando, ousando em suas afinações e nos tempos musicais em que elas acontecem.

Bem, dito isso tudo, entendemos que música não precisa ser perfeita, mas tem que emocionar. Aí que entra a importância do discernimento e bom gosto de quem está produzindo um disco. Por mais que os programas de afinação sofram evoluções, o computador ainda não consegue pensar humanamente (ainda bem!). É preciso um produtor ou engenheiro de som com excelente senso musical para ouvir e decidir o que faz um take de voz soar emocionante.

Hoje conseguimos então alterar a afinação de uma palavra ou uma sílaba para a nota certa. Então podemos fazer qualquer coisa soar afinado. Mas, mesmo assim, ainda existem muitas gravações em que as vozes soam corretas, mas não emocionam. Um exemplo pode ser facilmente encontrado em discos de apresentadoras de televisão que não são, de fato, cantoras. Soam corretos, afinados, mas não emocionam. Qual seria a solução? Uhmm, sem querer desanimar, não há muitas. Mas, durante a gravação lembre sempre que afinação tem jeito. Então, na escolha do take, vale ir atrás daquele que tem um tempero a mais, ainda que soe desafinado.

Ok... Gravamos e escolhemos nossos takes. Mas, ainda assim, tem momentos desafinados. E agora?

O Auto-Tune é um programa (que a maioria esmagadora já conhece) que permite puxar uma nota que não chegou ou passou do ponto para o pitch certo. Apesar de o programa ter um modo automático, sugiro que vocês confiem mais nos próprios ouvidos. Aliás, sugiro isso sempre. Ouça a música várias vezes com a letra num papel. As partes que te incomodarem todas as vezes são problemáticas. Porém, pode haver outras partes condenadas também. Experimente afinar as partes ruins. Mas afinar quanto? Não dissemos que afinado demais pode soar ruim? Sim, de menos pode soar pior ainda. Por isso os ouvidos. Lembremos mais duas coisas:

1) Afinação envolve duas coisas, ou seja, a nota vibrar na freqüência correta pra aquele momento da música, e o formant também soar certo. Se você afinar uma nota, o programa corrige o pitch, mas não o formant. Por exemplo, o piano, em suas notas graves, tem apenas uma corda por tecla. Nas notas agudas, tem três. Jamais uma nota grave de um piano soará igual a uma aguda, ainda que afinada pra cima usando o melhor dos programas. As matérias-primas de cada nota são bem diferentes.

O mesmo acontece com um cantor. Pode ser que o que incomoda em uma determianada nota não seja só a desafinação, mas o timbre inseguro que ele gerou ao cantar. Por isso é extremamente importante ter cuidado na hora de captar a voz e de escolher o take final. E, ao afinar, respeite o timbre do cantor ao optar por suas afinações.

2) O Auto-Tune não é perfeitamente sincronizado com os programas até a versão 4. Logo, quando você capta a frase a ser afinada dentro do plug-in, e o mesmo te mostra em forma de linhas as notas cantadas, e então você desenha as linhas a serem afinadas e dispara o play para ouvir a afinação ocorrendo, lembre-se de que, cada vez que tocar ele vai estar milimetricamente sincronizado diferente. Ou seja, é como se você disparasse dois plays ao mesmo tempo... nunca serão iguais a cada tentativa. Isso faz com que suas linhas de afinação não caiam no exato mesmo lugar, e com isso você tem resultados de afinações diferentes a cada play. Portanto, ouça ccm atenção enquanto você faz o bounce da parte afinada. Um play sempre soará diferente de outro.

Conclusão: temos a solução pra talvez o maior problema que durante anos assombrou gravações de voz. Portanto, deve ser usado com musicalidade. Muito afinado soa robótico, porém nada justifica um take desafinado. Complicado, né? Ouça discos que você considera emocionantes de verdade (pode ser Ray Charles!) e preste atenção no que acontece nas desafinações mais afinadas que já existiram! Ouvidos à obra!


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Enrico De Paoli
é engenheiro de gravacao, mixagem e masterização. Grava in loco, e mixa e masteriza em seu Incrivel Mundo. Projetos recentes: Pequenas histórias (filme) e o novo CD de Djavan. 
cartas@enricodepaoli.com
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 SOBRE O AUTOR
Enrico De Paoli é engenheiro de gravação e mixagem ou sound designer. Agora com seu INCRIVEL MUNDO das MIXAGENS, recebe projetos de todo o país para serem mixados, de forma que o cliente fica online

Para entrar em contato, escreva para cartas@enricodepaoli.com.

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