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Edição #239
agosto de 2011
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Audio-Technica AT4080
Coincidindo com esta época em que estivemos falando a fundo dos microfones de fita, tive a felicidade de receber para análise um microfone que justamente usa esta tecnologia, só que com diversos aprimoramentos - o Audio-Technica AT4080.

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terça-feira, 24 de fevereiro de 2004
 Lugar da verdade voltar 
Cuidado com o que o cliente ouve por Enrico de Paoli
Isso mesmo, cuidado. Não se trata de enganá-lo, mas de preservar suas referências. Como sabemos, áudio e música são muito abstratos, e a maneira como nosso cérebro lida com tanta informação invisível pode ser, às vezes, mal interpretada. Abaixo, vou dar alguns exemplos "fatais", capazes de confundir a referência do seu cliente e fazer com que ele goste mais ou menos dos resultados que você dá a ele, e, com isso, goste mais ou menos de trabalhar com você.

1) Comecemos pelo principal: a monitoração. Tenho meu par de caixas há quase dez anos. O mesmo par. São caixas amplificadas que uso no meu estúdio ou em outro aonde eu vá trabalhar. Além de conhecer bem o timbre que elas geram, acho seu som lindo; ele é agradável e musical, capaz de transmitir com segurança que eu sei o que ouço e de fazer o cliente gostar do que ouve. O som delas é tão agradável que, após estreá-las nos processos de gravação e mixagem de Malásia, de Djavan, ele me pediu que as levasse para a sessão de audição para seus convidados!

2) Praticamente similar à dica acima, tenha carinho com a "levantada" de uma mixagem. Mesmo que não seja o dia da mix, mesmo que seja para levantar uma mix básica apenas para gravar um solo de sax, faça com carinho. Você pode levantar uma mix que vai acabar servindo de referência para a mix final, ou virar a própria.

3) Ainda parecida com a dica acima, tenho mais uma: nunca entregue os headphones para o seu cliente antes de você os ter experimentado. Faça a mix dos fones com esmero e lembre-se que o volume pode ajudar ou atrapalhar. Fones muito baixos não têm peso. Fones muito altos irritam e podem machucar irreversivelmente a audição. Som bom empolga e contagia. Definitivamente, é assim que você quer ver o seu cliente. Feliz, ele trabalha melhor e com mais gosto. Um único dia de gravação pode ser tão prazeroso a ponto de seu cliente resolver fazer um disco inteiro com você. Sem contar que, com o cliente trabalhando melhor, cantando melhor, tocando melhor, o material a ser mixado também será melhor. E você, então, estará envolvido num projeto de mais qualidade -  que é tudo que você deve querer.

4) Ainda falando de volume nos fones, no caso de gravação de voz, vale lembrar um pequeno truque: se a música estiver muito mais alta do que a voz, o cantor tende a cantar mais alto para se ouvir. Com isso, sua afinação pode subir. Em caso contrário a este, ou seja, se a base estiver muito baixa em relação à voz, o cantor talvez cante de forma muito contida para poder ouvir a harmonia da base, e com isso sua afinação deve cair.

5) Quando o cliente estiver ao seu lado na técnica, digamos, durante uma mixagem, cuidado com o que você sola na mesa. Às vezes, solar uma voz durante muito tempo pode fazer o cantor perder a referência, caso ele seja um pouco inseguro (quase todos são). Ele vai ouvir coisas que na base não ouviria e pode ficar ainda mais inseguro. Você definitivamente não quer seu cantor se achando feio, gordo e pobre (risos).

6) Ainda na questão dos solos na mesa: estamos num momento de mercado em que as pessoas têm gostado de sons "secos" e sem reverbs. Porém, nem todo som que parece seco está completamente seco. Para fins de posicionamento dinâmico ou timbral em uma mix, às vezes usamos um reverb curto ou um delay que não são identificáveis no processo. Mas, se o canal for solado,  reverb ou delay podem aparecer nitidamente em forma de efeito, fazendo seu cliente torcer o nariz. Ah, detalhe: quando você des-solar o canal, o cliente já vai ter "aprendido" que ali há um reverb ou um delay, e vai ouvir o efeito para sempre.

7) Aliás, saber da existência desse fenômeno, de que o cérebro "aprende" um som, talvez seja a maior arma de um "mixing engineer". Se pararmos para pensar, é bastante incrível como conseguimos ouvir ondas sonoras extremamente complexas - com vários instrumentos ao mesmo tempo, tocando coisas diferentes nas mais variadas freqüências - e somos capazes de identificar e separar cada elemento. Tente fazer isso com qualquer computador ou plug-in e você verá o quanto somos avançados! Não há tecnologia com essa capacidade. Então, saibamos usar isso a nosso favor: É muito comum um cliente virar pra você e dizer: "Não ouço a guitarra dois quando ela entra no refrão". Se você a aumenta, ela fica alta demais. Tenho um truquezinho para isso, e é ele que, em minhas mixagens, faz clientes felizes há anos. Quando a música apresentar um elemento novo, experimente fazer com que este entre mais alto e, logo depois, abaixe-o para um volume onde não "incomode" mais. Mesmo que você chegue a volumes praticamente inexistentes, você e seu cliente vão ouvir para sempre a célula daquele instrumento. Isto ocorre pelo simples fato de que você ensinou ao cérebro que ali existe aquele instrumento tocando aquela célula. Então, fica mais fácil para o cérebro reconhecê-la dali em diante.

8) Para fechar, devo falar do volume de voz em uma mix. Qual o certo? Pra variar, não existe o certo. Mas saiba que o momento mais importante em uma música pop é quando a voz do cantor aparece. Ali, nosso cérebro fará todo o julgamento da música e do cantor. Se a voz é legal, se é poderosa; se é grave, forte, aguda, doce, rasgada etc. Faça com que a voz entre em um volume impactante. Isso não quer dizer alto. Nem eu sei o que quer dizer. Simplesmente faça com que soe bem. A partir dali, independentemente do volume da voz, o cérebro vai assimilar com mais facilidade, e vai lembrar que "a voz é boa", dizendo isso a você. É, somos bem complicados. Não é fácil agradar esses tais humanos (risos). Às vezes, precisamos dar uma enganadinha, como tantos marqueteiros fazem conosco diariamente (risos).

9) Vale lembrar mais uma coisinha: o cliente também ouve o que ele vê. Se ele vir um microfone caro, tende a achar bom por antecipação; se ele vir o fader da voz subindo (na automação) durante uma palavra é capaz de perguntar se aquela palavra não ficou alta demais; se ele vir você brincando com o plug-in de reverb, provavelmente questionará se a voz não está muito molhada. Então, cuidado para não se expor.

Vou fazer aqui uma comparação que pode tornar esse assunto mais claro. Quando comecei a gostar de fotografia, aprendi que uma foto ruim será para sempre uma foto ruim. Ela nunca vai entrar em foco, ainda que guardadinha na gaveta por dez anos. Então, passei a jogar todas minhas fotos ruins no lixo. Tirava muitas fotos, e guardava apenas as incríveis. Em pouco tempo, todo mundo já falava: "Nossa, suas fotos são ótimas!". Passei a ser seletivo, e minhas fotos passaram a ser referência de qualidade. O mesmo eu adoto no estúdio. Um cliente meu jamais vai ouvir algo ruim. Se eu levanto uma mix, ela vai soar bem. Se eu gravo uma demo, vai soar bem. Se eu ponho a mão, vai ficar bom. Eu quero que seja assim. E todo mundo sabe disso. Eu tenho muito cuidado com o que meu cliente ouve. E eu sou o meu maior cliente.
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 SOBRE O AUTOR
Enrico De Paoli é engenheiro de gravação e mixagem ou sound designer. Agora com seu INCRIVEL MUNDO das MIXAGENS, recebe projetos de todo o país para serem mixados, de forma que o cliente fica online

Para entrar em contato, escreva para cartas@enricodepaoli.com.

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