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Revista Luz & Cena
Neste espaço, Enrico De Paoli fala de suas experiências e histórias em engenharia de música, estúdios e shows.
Fala também do mercado musical e fonográfico e de suas tecnologias.
Listening experience
Postado por Enrico de Paoli em 05/07/2010 - 00h00
Os americanos usam muito esse termo. Ao contrário do que parece, experience em inglês não significa "experiência", mas sim um tipo de "evento". Logo, vamos falar sobre o que faz uma gravação, ou uma mix, se tornar um "Evento Sônico".

Claro que tudo começa com uma música boa. Como tudo na vida, existem algumas regrinhas que os bons compositores conhecem, mas ninguém se guia somente por elas. Vários grandes hits inesquecíveis quebraram essas regrinhas e são sensacionais. Voltando para o lado do áudio, sempre gosto de lembrar que se não há música, não há áudio. Logo, uma música ruim nos leva a um áudio ruim. Bem, a música pode ser ruim, mas se gravada por uma ótima equipe, com poderosos equipamentos. teremos um bom áudio, entretanto um mau "Evento Sônico".

Vamos pular agora para o estúdio durante o processo de gravação e arranjo.  Da mesma forma que na música, no áudio também existe "tensão e alívio". Uma harmonia fica tensa, suspensa, agonizando para ser resolvida. e, finalmente, se resolve, ou quase! No áudio, o mesmo acontece. A mix de repente seca, esvazia, a voz fica sussurrada "na cara". A bateria fica em um plano atrás, toda mais fechada em timbre, quase feia, mas, naquele contraste, linda. E quando chega o refrão, todo mundo cresce, explode. Bem... como isso seria possível sem contar com o arranjo? Não seria.

Sem gravação, não há nada para se mixar! Portanto, durante o processo de gravação, vale valorizar o arranjo em comunhão com a engenharia de áudio. Criar elementos com um médio nervoso, outros com uma leve explosão na região subgrave. Criar espaço para quando chegar o momento do ápice, você ter para onde crescer, não só musicalmente, mas também sonicamente.

Lembre-se de que cada instrumento sacado por um percussionista de seu case pode gerar uma infinidade de timbres, padrões musicais, sons, cores e impactos. Durante a gravação, vale ir pensando em como um vai reagir com os outros. Se microfonar todos de pertinho, na hora de somá-los na mix, você não vai obter espaço e dimensão. Então, pense na posição física de cada um. Simule essas distâncias ao posicionar os microfones na gravação de seus respectivos takes, e terá muito mais facilidade de encontrar espaço para eles ao levantar os faders.

Não dá para que todos os instrumentos fiquem "na cara", ou que fiquem longe, afundados em reverbs. Também não dá para que todos sejam ricos em graves. É importante que um seja pequeno em som, para quando o outro entrar, preencher o "grave de que sentíamos falta..". Os contrastes são extremamente atraentes. Lembra da "tensão e alívio"?

O objetivo deste artigo é lembrar que, apesar das regras conhecidas, muitas vezes é difícil dizer exatamente o que é certo ou errado no quesito "prender a atenção do ouvinte". O objetivo aqui não é apenas esse, mas sim o de fazer da sua experiência auditiva um "Evento Sônico"!

Divirta-se.

Enrico De Paoli é engenheiro de música. Gravou, mixou e masterizou inúmeros discos. Além disso, já mixou mais de mil shows em todo o mundo. cartas@enricodepaoli.com.
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